Luciana Reck Remonti, Caroline Kaercher Kramer, Cristiane Bauermann
Leitão, Lana Catani F. Pinto, Jorge Luiz Gross.
Thyroid 2015; 25(5):538-50.
Trata-se de revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais
que avaliaram, até julho de 2012, o desempenho diagnóstico dos achados
ecográficos classicamente associados com malignidade em nódulos tireoidianos. Foram
considerados elegíveis estudos observacionais que incluíram pacientes com
doença nodular tireoidiana avaliada por ultrassonografia (US) e que foi submetida
à tireoidectomia. O padrão-ouro para distinção entre nódulo benigno ou maligno
foi o exame histopatológico. Os seguintes achados ecográficos foram buscados:
conteúdo sólido, hipoecogenicidade, margens irregulares, ausência de halo,
microcalcificações, vascularização central, nódulo único, heterogeneidade,
formato oval e ausência de elasticidade, além do diagnóstico histopatológico
final. A qualidade dos estudos foi
avaliada pela ferramenta QUADAS-2 e os vieses de publicação medidos através de funnel plot, testes de Egger e Begg e
ajuste por análise trim-and-fill. Foi
calculado o odds ratio para estimar o
valor preditivo de malignidade de cada achado da US, além de sensibilidade (S),
especificidade (E), razão de verossimilhança (RV) e probabilidade pós-teste, considerando-se
a probabilidade pré-teste de malignidade de 10%.
Foram incluídos 52 estudos, conduzidos de 1985 até 2012, englobando
12.786 nódulos tireoidianos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino e
apresentava idade média de 45 anos. Nove estudos incluíram 1.851 nódulos com citologia
(por PAAF) indeterminada para malignidade. De maneira geral, os estudos foram considerados de boa qualidade com
baixo risco de vieses, sendo os principais o de seleção dos pacientes e a
ausência de cegamento pelo ecografista. Considerando-se os achados para nódulos
em geral, todos eles foram significativamente associados com malignidade (OR
1,78 a 35,7). O melhor desempenho diagnóstico foi o achado de ausência de
elasticidade (S 87,9%, E 86,2%, RV positiva 6,39) e a presença de microcalcificações,
margens irregulares e formato mais alto do que largo apresentaram as mais altas
especificidade (87,8%, 83,1% e 96,6%) e RV positiva (3,26, 2,99 e 8,07),
respectivamente. Para aqueles nódulos com citologia indeterminada, apenas a
presença de microcalcificações foi significativamente associada à malignidade
(OR 3,51), porém, nesse grupo, nenhum achado foi capaz de determinar o risco de
malignidade com sensibilidade aceitável. Para grande maioria das estimativas, a
heterogeneidade entre os estudos foi moderada a alta. No Clube de Revista foram
destacados os seguintes pontos:
·
Os pontos positivos do estudo são o grande
número de nódulos avaliados com diagnóstico final confirmado por exame
histopatológico;
·
Nesse estudo, os achados ecográficos
com maior risco para
malignidade em nódulos
tireoidianos foram:
formato mais alto do que largo,
ausência de elasticidade, presença de microcalcificações e margens irregulares;
·
Nenhum dos achados ecográficos obteve valores
de razão de verossimilhança positiva e de probabilidade pós-teste clinicamente
relevantes para individualmente sugerir malignidade.
Pílula
do Clube: as
características de um nódulo tireoidiano à ecografia isoladamente não possuem
evidência forte para confirmar ou refutar uma hipótese de malignidade. A
combinação dos achados aumenta a acurácia da predição diagnóstica, ainda que
não exista um escore validado para realizar essa estimativa.
Discutido no Clube de Revista de 27/07/2015.
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