Bernard Zinman, Christoph Wanner, John M. Lachin, David
Fitchett, Erich Bluhmki, Stefan Hantel, Michaela Mattheus, Theresa Devins, Odd
Erik Johansen, Hans J. Woerle, Uli C. Broedl, and Silvio E. Inzucchi, for the
EMPA-REG OUTCOME Investigators
N Engl J Med. 2015 Nov
26;373(22):2117-28
Trata-se
de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo
controlado e multicêntrico com objetivo de verificar efeito do uso de empaglifozina
(10 ou 25 mg uma vez ao dia) vs.
placebo com relação ao desenvolvimento de eventos cardiovasculares (CV) em
pacientes com diabetes tipo 2 (DM2) e alto risco CV que já recebiam terapia
padrão. Foram incluídos pacientes com IMC ≤ 45 kg/m², TFG
> 30 ml/m² com DCV prévia sem receber anti-hiperglicemiantes 12 semanas
antes da randomização que tivessem HbA1c entre 7 e 9% ou que estivessem com a terapia
anti-hiperglicemiante estável nas últimas 12 semanas antes da randomização com
HbA1c entre 7 e 10%. O estudo foi projetado e supervisionado por investigadores
da Boehringer Ingelheim e financiado pela Eli Lilly. Os pacientes foram submetidos a run-in
de 2 semanas com placebo, open-label,
em que as terapias para DM basais não foram modificadas, sendo randomizados em
três grupos (empaglifozina 10 mg, 25 mg e placebo). Após as primeiras
12 semanas era permitido intensificação de esquema anti-hiperglicemiante para
atingir controle glicêmico adequado além de tratar outros fatores de risco CV. O
desfecho primário era composto de morte por causas CV, IAM não fatal (excluindo
IAM silencioso) ou AVC não fatal e o secundário era o desfecho primário e
hospitalização por angina instável. Também foi analisada a segurança com base
nos eventos adversos que ocorreram durante o tratamento até 7 dias após a última
dose.
Inicialmente
foi testada a não inferioridade para a empaglifozina e, sequencialmente, foi
realizado teste para superioridade. Foram incluídos 7.020 pacientes na análise
primária entre setembro de 2010 e abril de 2013,
com tempo médio de observação de 3,1 anos. O desfecho primário ocorreu em 490
dos 4.687 pacientes (10,5%) na soma dos grupos de empaglifozina e em 282 dos 2.333
pacientes (12,1%) no grupo placebo (HR 0,86 e IC95% 0,74 a 0,99; P=0,04 para
superioridade) porém, sem diferenças entre ocorrência de infartos ou AVCs,
sendo que no grupo da empaglifozina ocorreram menos mortes por causas CV (3,7%,
vs. 5,9% no placebo; 38% redução de
risco relativo [RRR]), hospitalização por insuficiência cardíaca (2,7% e 4,1%,
respectivamente; 35% de RRR) e morte por qualquer causa (5,7% e 8,3%,
respectivamente com 32% de RRR). Não houve diferença significativa para o
desfecho secundário (P=0,08 para superioridade). Além disso, a empaglifozina se
associou a redução de peso, circunferência abdominal, ácido úrico, pressão
arterial e discreta elevação em LDL e HDL. Maior porcentagem de pacientes no
grupo placebo necessitaram utilizar doses maiores de anti-hiperglicemiantes
como insulina e sulfoniluréias, anti-hipertensivos e anticoagulantes. Os
pacientes que receberam empaglifozina tiveram aumento das taxas de infecções
urogenitais, porém sem aumentos de outros eventos adversos. Durante o Clube de
Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
• Pacientes que receberam empaglifozina
apresentaram menores taxas de desfecho primário composto por mortes de causas
cardiovasculares do que o grupo placebo, provavelmente pela redução de pressão
arterial e peso que ocorreu neste grupo, sendo pouco provável que o melhor
controle glicêmico tenha sido o responsável por tal efeito, já que a diferença
de HbA1c entre os grupos era mínima;
• A
população avaliada foi composta por cardiopatas graves, logo, serão necessários
mais ensaios avaliando a redução de desfechos também em diabéticos sem doença
CV estabelecida para ampliar a indicação da droga;
• Deve
ser observada a alta taxa de eventos em ambos os grupos do estudo, em especial
no placebo 12,1% de desfecho primário e 5,9% de morte CV em 3,1 anos de
acompanhamento (cerca de 39% e 19% em 10 anos, assumindo lineriaridade);
• Devemos
ponderar que os inibidores da SGLT-2 são a classe de drogas mais recentemente
disponível para o tratamento do DM2, ainda não estando disponível estudos em longo prazo sobre segurança e
outros efeitos adversos.
Pílula do Clube:
Pacientes com DM e doença CV prévia que receberam empaglifozina tiveram redução
na mortalidade por causas CV provavelmente baseados na redução de pressão
arterial e de peso induzidos pela medicação em estudo.
Discutido no Clube de Revista de 21/09/2015.
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