Marcio
L. Griebeler, Oscar L. Morey-Vargas, Juan P. Brito, Apostolos Tsapas, Zhen
Wang, Barbara G. Carranza Leon, Olivia J. Phung, Victor M. Montori, and M.
Hassan Murad.
Ann Intern Med 2014, 161:639-649.
http://annals.org/article.aspx?articleid=1920504&resultClick=3
Trata-se
de metanálise tipo guarda-chuva, estudo que analisa dados de várias metanálises
de ensaios clínicos randomizados (ECRs) de 2007 a 2014, com objetivo de avaliar
a eficácia dos múltiplos tratamentos disponíveis para neuropatia diabética
periférica (NDP) dolorosa de membros inferiores, utilizando o método de metanálise
em rede (network) para comparações
ativas entre os fármacos ou vs.
placebo. Foram selecionados 65 ECRs controlados, preferencialmente cegados,
envolvendo 12.632 pacientes e 27 intervenções farmacológicas. Aproximadamente um
terço dos estudos apresentava risco alto ou incerto de viéses. Apenas nove estudos
eram do tipo head-to-head; os demais
eram comparações com placebo.
Observou-se
uma maior redução da dor com inibidores de recaptação de serotonina-noradrenalina
(ISRS) vs. anticovulsivantes como
classe – diferença média padrão -0,34 (IC 95% -0,63 a -0,05). A classe dos
antidepressivos tricíclicos (ADT) também foi melhor que a capsaicina tópica
0,075%. A network metanálise mostrou
que os ISRS (-1,36; IC 95% -1,77 a -0,95), a capsaicina tópica (-0,91 IC95%
-1,18 a -0,08), os ADT (-0,78; IC95% -1,24 a -0,33), e os anticonvulsivantes
(-0,67; IC 95% -0,97 a -0,37) foram melhores do que placebo para o controle da
dor em curto prazo. Quando
analisadas drogas específicas, a carbamazepina (-1,57; IC de 95% -2,83 a
-0,31), a venlafaxina (-1,53; IC de 95% -2,41 a -0,65), a duloxetina (-1,33; IC
de 95% -1,82 a -0,86) e a amitriptilina (-0,72; IC de 95% -1,35 a -0,08) foram
mais eficazes que o placebo. Não foram encontradas diferenças significativas
entre as drogas em outras comparações individuais. Quanto à eficácia em longo
prazo, são melhores que placebo os inibidores da aldose redutase (-4,00; IC de 95% -4,59 a -3,41),
a duloxetina (-0,46; IC
de 95% -0,81 a -0,10) e a oxcarbazepina (-0,45; IC de 95% - 0,68 a – 0,21). Os autores concluíram que algumas classes de medicações são efetivas no manejo em
curto prazo da NDP, porém, ainda não fica claro qual droga possui a melhor eficácia
nas comparações. Durante o clube de revista, os seguintes pontos foram
discutidos:
·
A
maioria dos ECRs tinham curta duração e placebo como comparador comum;
·
Muitos
ECRs incluidos não descreviam detalhes de cegamento, o que é muito prejudicial
na avaliação de desfechos subjetivos como a dor. As escalas de dor utilizadas
eram diferentes entre os estudos; para sua equiparação foram utilizados modelos
matemáticos;
·
Devido
a heterogeneidade dos estudos, as análises comparativas da network metanálise não conseguiram mostrar diferenças, já que eram
poucos os grupos que podiam ser comparados entre si;
·
Não
foi realizada análises de custo-benefìcio para os tratamentos.
Pílula do clube: Apesar dos dados apresentados
sugerirem que os ISRS e os ADT são superiores no tratamento da NDP, ainda são
necessários ECRs comparando ativamente as medicações atualmente disponíveis.
Discutido no Clube de Revista
de 03/08/2015.
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