segunda-feira, 4 de julho de 2016

Liraglutide and Cardiovascular Outcomes in Type 2 Diabetes

Steven P. Marso, Gilbert H. Daniels, Kirstine Brown-Frandsen, Peter Kristensen, Johannes F.E. Mann, Michael A. Nauck, Steven E. Nissen, Stuart Pocock, Neil R. Poulter, Lasse S. Ravn, William M. Steinberg, Mette Stockner, Bernard Zinman, Richard M. Bergenstal, and John B. Buse

N Engl J Med. 2016 Jun 13. [Epub ahead of print]

Trata-se de ensaio clínico randomizado cuja hipótese operacional era avaliar se pacientes com DM2 e alto risco cardiovascular em uso de liraglutida 1,8 mg/dia ou placebo (associados ao tratamento usual) apresentavam risco de desfechos cardiovasculares combinados semelhantes. Para isso, foram randomizados em 410 centros de 32 países pacientes com DM2 e HbA1c > 7,0% com que tivessem > 50 anos com doença cardiovascular (CV) estabelecida (coronariana, cerebral, periférica, IRC estágio > 3 ou IC classe II-III) ou > 60 anos com pelo menos 1 fator de risco cardiovascular (microalbuminúria ou proteinúria, HAS e hipertrofia do VE, disfunção diastólica ou sistólica do VE, índice tornozelo-braquial < 0,9). Os critérios de exclusão eram: DM1, calcitonina ≥ 50 ng/L, uso de agonista do receptor de GLP-1, inibidores da DPP-4 ou pramlintide 3 meses antes, uso de insulina (exceto NPH, longa ação ou pré-misturada) 3 meses antes, descompensação aguda do controle glicêmico, SCA ou AVC 14 dias antes, revascularização planejada, IC classe IV, IRC em diálise, doença hepática avançada, transplantado ou aguardando transplante, neoplasia maligna, e história familiar ou pessoal de NEM2 ou carcinoma medular de tireoide. O desfecho primário era tempo para primeira ocorrência de morte CV, IAM não-fatal e AVC não-fatal. Os desfechos secundários eram tempo para primeira ocorrência de desfechos CV estendidos combinados (morte CV, IAM não-fatal,  AVC não-fatal, revascularização coronariana, hospitalização por angina instável ou insuficiência cardíaca), morte por qualquer causa e componentes individuais dos desfechos CV. Foram também avaliados eventos microvasculares renais e oculares, incidência de neoplasia e de pancreatite (não pré-especificados). O estudo foi planejado para ser de não inferioridade, sendo necessários 8.754 pacientes para observar 611 desfechos primários, assumindo taxa anual de eventos de 1,8% e poder de 95%, com seguimento mínimo de 3,5 anos e máximo de 5 anos. Após a randomização para liraglutide ou placebo, era adicionado qualquer agente antihiperglicemiante se HbA1c > 7,0 por 3 meses (exceto agonistas do receptor de GLP-1). Foram realizadas visitas de seguimento regulares (1, 2, 6 meses, e após a cada 6 meses), e medidas  da HbA1c na randomização, 6, 12 meses, e após anualmente. Pacientes e avaliadores dos desfechos eram cegados para as intervenções.
            9.340 pacientes foram randomizados para liraglutide ou placebo, a maioria deles homens com idade média de 65 anos e HbA1c média de 8,7%. 80% deles tinham doença CV prévia e 65% tinham algum grau de insuficiência renal. A maioria dos pacientes vinha em uso de metformina e sulfoniluréia ou insulina. A medicação antihiperglicemiante mais introduzida no estudo foi insulina, sendo que isso ocorreu mais no grupo placebo (2.018 pacientes vs. 1.336 pacientes no grupo liraglutide). O desfecho primário ocorreu em 13% dos pacientes em uso de liraglutide e em 15% dos pacientes no grupo placebo, com HR 0,87 (0,78-0,97), P=0,01 para superioridade e NNT=66. Também houve benefício de liraglutide na redução de desfecho CV estendido, morte por qualquer causa (NNT=98), morte CV (NNT=104) e IAM não-fatal. Houve menor incidência de eventos microvasculares no grupo liraglutide, às custas da redução de microalbuminúria, além de redução no peso e na HbA1c. No Clube de Revista foram assinalados os seguintes apontamentos:
·         A análise estatística foi intention to treat e por protocolo, como previsto por ser um estudo de não inferioridade, não havendo diferença nos resultados;
·         Na análise multivariada, houve uma tendência a maior benefício em pacientes com DCE < 60 e com doença cardiovascular estabelecida (provavelmente pela menor representatividade dos grupos sem doença cardiovascular e com função renal normal nesse estudo).
·         Como esperado, houve maior incidência de sintomas gastrointestinais com liraglutide; embora não tenha ocorrido aumento significativo na ocorrência de neoplasia de pâncreas, mais casos desta neoplasia ocorreram no grupo liraglutide;
·         O principal viés desse estudo é que ele foi patrocinado pela indústria farmacêutica (que fazia parte do comitê de aferição dos desfechos). No entanto, como os desfechos eram objetivos e cegados, esse viés parece estar controlado.

Pílula do clube: Em pacientes com DM2 e alto risco cardiovascular, o uso de liraglutide, associado ao tratamento usual com metformina, sulfoniluréias e insulina, reduz a taxa eventos CV maiores quando comparado ao placebo.


Discutido no Clube de Revista de 20/06/2016.

Intensive Diabetes Treatment and Cardiovascular Outcomes in Type 1 Diabetes: The DDCT/EDIC Study 30-years follow-up

The Diabetes Control and Complications Trial (DCCT)/Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (EDIC) Study Research Group*
*corresponding author: Rose Gubitosi-Klug

Diabetes Care 2016, 39(5):686-93.

Trata-se do seguimento de 30 anos do EDIC (Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications), coorte prospectiva que iniciou em 1994, após o final do estudo DCCT (The Diabetes Control and Complications Trial). O DCCT é um estudo clássico da endocrinologia, publicado em 1993 no NEJM, no qual se comparou tratamento intensivo do DM1 (bomba ou ≥ 3 aplicações de insulina/dia, objetivando  níveis glicêmicos próximos à normalidade) com o convencional (1-2 aplicações de insulina/dia, ausência de glicosúria e manutenção do peso). Os desfechos principais do DCCT eram incidência (braço prevenção primária) ou progressão (braço prevenção secundária) de retinopatia diabética, mas também foram avaliadas outras complicações microvasculares. Foram incluídos 1.441 pacientes com DM1 de 13 a 39 anos, que não apresentavam complicações graves do DM, HAS, dislipidemia ou doença cardiovascular no arrolamento. O estudo teve um seguimento médio de 6,5 anos e foi interrompido pelo benefício apresentado no grupo intervenção. A partir de então, foi oferecido tratamento intensivo a todos os pacientes, que voltaram para cuidados médicos usuais. Dos 1.422 pacientes que finalizaram o DCTT, 97% (1.394) foram incluídos no EDIC, cujo objetivo era analisar a incidência das complicações macrovasculares, tendo como desfecho primário o tempo até ocorrência de um primeiro evento cardiovascular (IAM não fatal, AVC, morte cardiovascular, angina, cirurgia de revascularização miocárdica, angioplastia coronariana). Esse dados já foram discutidos previamente no Clube de Reviste e a discussão pode ser acessada aqui.
O seguimento do EDIC estendeu-se até 31/12/2013, com retenção de 85% da coorte original. Para este seguimento, o desfecho primário estabelecido foi o tempo até qualquer um desses eventos: IAM ou AVC não fatais, morte cardiovascular, IAM subclínico detectado no ECG anual, angina (ergometria ou estenose clinicamente relevante na angiografia, ICC com DPN/ortopneia/redução da capacidade funcional, revascularização miocárdica (CRM ou angioplastia). O desfecho era aferido em visitas anuais e por revisão de registros médicos. Foi pré-estabelecido que os fatores relacionados a eventos cardiovasculares seriam analisados somente quando ocorressem 100 eventos no grupo controle. Após 30 anos do início do DCCT os participantes apresentavam idade média de 55 anos, IMC de 29 kg/m² e duração do DM > 30 anos, 98% com manejo intensivo. 70% eram hipertensos e dislipidêmicos, sem diferenças quanto a uso de anti-hipertensivos, antiplaquetários e estatinas. Microalbuminúria sustentada e a macroalbuminúria foram mais frequentes no grupo controle (13 vs. 20%, P < 0,01 e 5 vs. 9%, P < 0,05). A ocorrência de doença renal em estágio final não foi diferente entre os grupos. A HbA1c média em ambos os grupos era 8%, porém a HbA1c ponderada (pelos valores na época do DCCT e EDIC) foi menor no grupo intervenção (7,8 vs 8,2%, P < 0,01).
No seguimento ocorreram 149 eventos em 82 pacientes do grupo intervenção e 217 eventos em 102 do grupo controle, correspondendo a uma redução de risco de eventos cardiovasculares de 30% (HR 0,70; IC95% 0,52-0,93, P = 0,015). Porém, quando se observam os eventos cardiovasculares maiores – MACE (IAM não fatal + AVC não fatal + morte cardiovascular), a redução do risco não era estatisticamente significativa (P = 0,07). Através de regressão de Cox foi possível observar que a diferença de incidência de eventos cardiovasculares entre os grupos deu-se pelo efeito da menor HbA1c durante o DCCT/EDIC (HR 1,00; IC95% 0,72-1,39). No Clube de Revista foram assinalados os seguintes apontamentos:
     Após 30 anos, permanece propensão à menor incidência de eventos cardiovasculares no grupo intensivo do DCCT, porém com uma magnitude menor de redução de risco quando comparado aos resultados de 10 anos do EDIC (RRR 47%);
      Pondera-se se o benefício do tratamento intensivo precoce adviria de uma atenuação do processo aterosclerótico em jovens recém-diagnosticados com DM1, sendo que esses resultados não devem ser extrapolados para pacientes mais velhos e/ou com DM2;
   O estudo não foi originalmente desenhado para medir eventos cardiovasculares, e sim, microvasculares;
      A população do estudo pode não ser representativa dos DM1 em geral, já que 98% dela está sob tratamento intensivo e na linha de base foram excluídos os hipertensos, dislipidêmicos e com complicações graves.

Pílula do Clube: o tratamento intensivo precoce do DM1 parece ter benefícios em longo prazo quanto à redução da incidência de eventos cardiovasculares.


Discutido no Clube de Revista de 13/06/2016.

Prophylactic Central Compartment Lymph Node Dissection in Papillary Thyroid Carcinoma: Clinical Implications Derived From the First Prospective Randomized Controlled Single Institution Study

D. Viola, G. Materazzi, L. Valerio, E. Molinaro, L. Agate, P. Faviana, V. Seccia, E. Sensi, C. Romei, P. Piaggi, L. Torregrossa, S. Sellari-Franceschini, F. Basolo,P. Vitti, R. Elisei, and P. Miccoli

J Clin Endocrinol Metab 2015, 100(4):1316-24.

Trata-se de estudo prospectivo controlado com objetivo de analisar as vantagens e desvantagens da ressecção profilática do compartimento central (pCCND) nos pacientes portadores de carcinomas papilares de tireoide (CPT) sem evidência de acometimento metastático linfonodal do compartimento central na avaliação pré-operatória (clínica e por ultrassonografia, US). Foram avaliados 181 pacientes com CPT evidenciado em citologia de PAAF (janeiro de 2008 a abril de 2010). Eram excluídos paciente com citologias diferentes de CPT e com evidência de acometimento linfonodal durante a cirurgia, mesmo que a US não tivesse diagnosticado previamente. Os desfechos primários avaliados eram o sucesso nas taxas de ablação e persistência ou recorrência da doença após 5 anos de seguimento. Os desfechos secundários eram as taxas de complicações (realizada busca ativa com laringoscopias pré e pós-operatórias, além de dosagens de cálcio e PTH) e a avaliação do efeito da ressecção profilática no estadiamento da doença. Os pacientes foram randomizados para tratamento com tireoidectomia total apenas (TT – grupo A, n=88) ou para TT + pCCND (grupo B, n=93). Endocrinologistas e médicos nucleares eram cegados e todos os pacientes recebiam pelo menos 30 mCi de 131I quando indicado.
Nenhuma diferença foi observada nos desfechos avaliados para os dois grupos após 5 anos; persistência de doença ocorreu em 8% vs 7,5% nos grupos A e B, respectivamente (P=0,9), apesar de que os pacientes do grupo A receberam número maior de doses de 131I (17,4% vs 3,4% nos pacientes do grupo B, P=0,002). Maior prevalência de hipoparatireoidismo foi observada no grupo B (P=0,02). A tireoglobulina no pós-operatório era um pouco mais elevada naqueles pacientes do grupo A, sem significancia estatística; tal fato pode ter contribuido para que os pacientes deste grupo tenham recebido doses maiores de iodoterapia. Seis pacientes do grupo A tiveram linfonodos peritireoideanos ressecados acidentalmente. Cerca de 50% dos pacientes tinham micrometástases para o compartimento central, porém, nenhum achado pré-operatório foi identificado como preditor para metástases nestes linfonodos (N1a), inclusive a mutação do BRAF. Apenas três pacientes mudaram o estadiamento durante o acompanhamento; a conduta foi modificada em apenas um caso. Durante o clube, foram discutidos os seguintes aspectos:
  • Deve-se separar pacientes que possuem metástases clínicas vs metástases microscópicas, visto que as últimas aparentemente não alteram o prognóstico, apesar de aumentar o estadiamento do paciente com possível modificação de condutas;
  • Não sabemos se todos os pacientes com citologia da PAAF registrando CPT foram realmente confirmados após análise histopatológica;
  • Não ficou claro como foi realizada a randomização dos pacientes e sobre quais os dados que foram cegados para os médicos endocrinologista e nuclear;
  • As doses e indicações de 131I da época do estudo eram diferentes das preconizadas atualmente;
  • O estudo teve perda de poder estatístico após perda do seguimento de alguns pacientes, sem alcançar amostra calculada.

Pílula do clube: Em pacientes com CPT sem metástases clinicamente identificadas no pré-operatório parece não haver benefício de associar pCCND à TT, já que os desfechos de progressão da doenca não mudam e agrega-se risco de maior número de casos de hipoparatireoidismo definitivo.


Discutido no Clube de Revista de 06/06/2016.

Denosumab and teriparatide transitions in postmenopausal osteoporosis (the DATA-Switch study): extension of a randomised controlled trial

Leder BZ, Tsai JN, Uihlein AV, Wallace PM, Lee H, Neer RM, Burnett-Bowie SA.

Lancet 2015, 19;386:1147-55.

Trata-se de um ensaio clínico realizado utilizando os pacientes randomizados para o DATA trial, no qual foram selecionados mulheres pós menopausa com osteoporose ou com osteopenia e risco aumentado de fratura para receber Teriparatide, Denosumabe ou ambos por 24 meses. Foram excluídos pacientes com uso prévio de Teriparatide, bisbosfonatos parenterais ou ranelato de estrôncio em qualquer momento; uso de corticoide ou bisfosfonatos orais nos últimos 6 meses; uso de estrógeno, calcitonina ou SERMs nos últimos 3 meses. Também foram excluídos pacientes com deficiência de vitamina D, história de malignidade, doenças ósseas ou outras doenças debilitantes. No DATA trial, os pacientes que receberam a terapia combinada tiveram um aumento significativo no percentual de massa óssea na coluna. No estudo DATA-Switch as pacientes que participaram do DATA trial e que apresentassem DMO com T-score menor que -1,5 na coluna ou fêmur, T-score menor que -1,0 e pelo menos um fator de risco para fraturas ou com história de fratura de baixo impacto na vida adulta foram convidadas a participar para receberem Denosumabe nas que fizeram uso de Teriparatide ou terapia combinada ou Teriparatideo nas que receberam Denosumab previamente durante mais 2 anos, completando 48 meses de tratamento. O desfecho primário foi a mudança percentual na DMO da coluna durante os 4 anos do estudo. Os secundários foram as mudanças percentuais da DMO do colo do fêmur e fêmur total e dos marcadores de turnover ósseo (Osteocalcina e Telopeptídeo-C). Pacientes tiveram visitas após 1 mês da troca de terapia e após semestralmente até o fim do estudo, tendo sido realizado coleta laboratorial em todas as visitas e densitometria óssea nas semestrais. Foi analisada a população que completou pelo menos a visita do mês 30 (intention-to-treat modificado). Não houve cálculo amostral, visto que foram utilizadas pacientes randomizadas do estudo anterior.
Das 83 pacientes que completaram o DATA Trial 6 não participaram do DATA-SWITCH, sendo que 4 das que usaram Denosumab se recusaram e uma do grupo Teriparatide e uma do combinado não preencheram critérios para participar. Das 77 que foram incluídas, 69 completaram os 48 meses de seguimento, sendo que 6 desistiram e 2 por efeito adverso (terapia combinada/Denosumabe). O FRAX médio calculado das pacientes que participaram deste estudo foi de 14,4% para fraturas maiores e 2,6% para fraturas de quadril. Em relação ao desfecho primário, todos os tratamentos aumentaram a massa óssea da coluna significativamente, sem diferenças estatisticamente significativa entre os grupos. Para os desfechos secundários, houve um aumento significativamente menor da massa óssea do colo do fêmur naquelas que usaram Denosumabe/Teriparatide em relação aos demais grupos. Em relação à massa óssea do quadril houve aumento significativamente maior das que usaram terapia combinada/Denosumabe em relação as que usaram Teriparatide/Denosumabe, além de aumento maior de ambas em relação as que usaram Denosumabe/Teriparatide. Durante o clube foram discutidos os seguintes pontos:
  • Devido aos critérios de inclusão do estudo, o risco das pacientes é relativamente baixo, sendo esta terapia sequencial pouco recomendada na prática clínica, limitando a validade externa. Outra limitação é o percentual pequeno de pacientes que haviam feito uso prévio de bisfosfonato oral (~39%);
  • Os casos de fratura durante o estudo não foram claramente descritos. Além disso, a amostra é pequena e o seguimento relativamente curto para demonstrar redução em relação a fraturas;
  • Os medicamentos utilizados no estudo são de alto custo (tratamento total pode custar R$70.000 pelos 4 anos de tratamento) e apresentaram benefícios somente em desfechos substitutos (aumento percentual de massa óssea);
  • Este estudo gera a hipótese de que o uso de Teriparatide precedido de uma droga antirreabsortiva sem período de washout pode limitar seu benefício clínico.

Pílula do Clube: Devido ao alto custo e ao pequeno benefício demonstrado, o Teriparatide tem pouca utilidade no tratamento da osteoporose pós-menopausa, principalmente quando precedido de antirreabsortivo sem período de washout, que parece reduzir o potencial benéfico desta droga.


Discutido no Clube de Revista de 30/05/2016.

Effect of Growth Hormone Treatment on Factures and Quality of Life in Postmenopausal Osteoporosis: A 10 Years Follow-Up Study

Emily Krantz, Penelope Trimpou, and Kerstin Landin-Wilhemlsen
Clinic foi Internal Medicine, Sodra Alvsborg Hospital, Sweden; and Section for Endocrinology, Sahlgrenska University Hospital at Sahlgrenska Academy, university of Gothemburg, Sweden

J Clin Endocrinol Metab 2015, 100:3251-9.

O IGF-1 diminui com a idade e mulheres na pós-menopausa com osteoporose têm menor IGF-1 do que controles da mesma idade. Uma vez que o GH pode estimular a atividade osteoblástica, os autores hipotetizaram que a reposição deste hormônio na somatopausa poderia ser benéfica. O estudo visou reportar fraturas e qualidade de vida entre mulheres com osteoporose e em TRH que utilizaram GH 1 UI/d ou 2,5 UI/d por três anos comparado com placebo em seguimento de 10 anos. O delineamento do estudo inicialmente foi de um ensaio clínico randomizado controlado por placebo. Na sequência, foi incluída uma população controle composta por 122 mulheres de idade semelhante às pacientes do estudo selecionadas aleatoriamente para avaliar incidência de fraturas comparativamente. Critério de inclusão: mulheres com osteoporose (T score < -2,5) em uso de TRH. Critérios de exclusão: diabetes, insuficiência cardíaca, DRC, história de doença isquêmica, uso crônico de corticoide, doenças ósseas e uso de inibidores de osteoclastos. Desfechos primários: ocorrência de fraturas e qualidade de vida. Foram incluídas 80 pacientes, que foram randomizadas em blocos e alocadas por computador. Todas pacientes receberam 750 mg de cálcio + 400UI de vitamina D. Das 80 mulheres, 28 receberam GH 1 UI/d, 27  2,5 UI/d e 25 mulheres receberam placebo. A fase de ECR duplo-cego teve 18 meses de duração; as pacientes em uso de placebo tiveram o cegamento quebrado aos 18 meses por decisão do comitê de ética da universidade. As demais pacientes mantiveram o uso de GH por 3 anos. Foram realizados avaliação hormonal, densidade mineral óssea (DMO) e fratura no início do estudo e 10 anos após. Qualidade de vida foi avaliada pelo questionário SF-36. Foram realizadas DXA bianuais até 48 meses e após aos 60, 72, 96, 120 meses de seguimento. Fraturas eram avaliadas em exames posteriores, e definidas pelo decréscimo de 20 % da altura vertebral e registros no Hospital fr Gothemburg e comissão de saúde e bem-estar.
Os resultados mostraram que a DMO aumentou proporcionalmente à dose de GH utilizada e que este efeito permanecia por até dois anos do uso de GH. Ao final de 10 anos de seguimento todos os grupos tiveram menor densidade mineral óssea comparativamente ao início do estudo. O estudo também comparou a incidência de novas fraturas entre os grupos.  Após 10 anos do início do tratamento ocorreram 28 fraturas no total, 9 no grupo placebo, 8 no GH 1UI/D e 9 no grupo 2,5 UI/D não havendo diferença entre os grupos. Qualidade de vida foi semelhante entre os grupos (uso de GH, placebo e população controle) e piorou igualmente conforme a progressão da idade. Durante o clube foram discutidos alguns aspectos do estudo:
·        Estudo foi confuso no seu delineamento, pois comparava pacientes de um ECR, incluindo pacientes em uso de GH e controles em uso de placebo, com uma população aleatória de mulheres;
·        A amostra foi muito pequena para avaliar os desfechos propostos;
·        A avaliação de fraturas foi pobre, sendo comparada com a incidência prévia e com a incidência em uma população controle. Quando comparavam grupo em uso de GH com placebo não houve diferença;
·        O estudo que deu origem a este estudo demonstrava aumento de DMO em pacientes em uso de GH, contudo esse efeito não se traduziu em diminuição das fraturas;
·        O delineamento do estudo e o excesso de itens avaliados também não ajudou a compreensão do estudo.
Pílula do clube: O uso de GH em mulheres na pós-menopausa parece ser útil em aumentar a DMO durante seu uso, contudo isso não se refletiu em diminuição de fraturas ou melhora da qualidade de vida.


Discutido no Clube de Revista de 23/05/2016.

Effects of Moderate and Subsequent Progressive Weight Loss on Metabolic Function and Adipose Tissue Biology in Humans with Obesity

Faidon Magkos, Gemma Fraterrigo, Jun Yoshino, Courtney Luecking, Kyleigh Kirbach, Shannon C. Kelly, Lisa de las Fuentes, Songbing He, Adewole L. Okunade, Bruce W. Patterson, and Samuel Klein

Cell Metabolism 2016, 23:1–11

            Trata-se de ensaio clinico randomizado em pacientes com obesidade e evidência de resistência insulínica documentados, com o objetivo de determinar os efeitos terapêuticos de perda 5% de peso e desfechos cardiometabólicos, determinar se esses benefícios cardiometabólicos estão associados à redução de marcadores de inflamação e por fim avaliar efeito progressivo de 5%, 10% e 15% de perda de peso nestes parâmetros. Para isso foram selecionados 40 indivíduos, que foram randomizados para perda de 5% do peso ou manutenção do peso. Do grupo com perda de peso 5%, foram selecionados 10 indivíduos para perda de peso progressiva e adicional de 10% e 15%. Os pacientes foram avaliados quanto à composição corporal (DEXA, RNM para avaliar gordura intra-abdominal, espectroscopia por RNM para avaliar triglicerídeos intra-hepáticos), clamp hiperinsulinêmico-euglicêmico com isótopos estáveis e biópsia de tecido adiposo (periumbilical). Os desfechos primários avaliados foram sensibilidade à insulina e conteúdo intrahepático de triglicerídeos. Uma perda de peso de 5% resultou em diminuição de massa de gordura em média de 8%, 12% de redução de tecido adiposo intra-abdominal (TAIA) e 40% de redução no conteúdo de triglicerídeos intrahepático (IHTG). Além disso, houve melhora na sensibilidade insulínica em tecido adiposo, fígado e musculo esquelético. Entretanto, a perda de 5% de peso não alterou a concentração de marcadores inflamatórios séricos avaliados, como IL-6, MCP1 e PCR. A redução progressiva de 10% e 15% de peso reduziu adicionalmente os parâmetros de TAIA, IHTG e sensibilidade insulínica, causando também diminuição da expressão de genes envolvidos em síntese lipídica e estresse oxidativo. Durante o clube de revista foram discutidos os seguintes pontos:
  • O estudo demonstrou o efeito da perda de peso sobre função metabólica e fatores de risco cardiovascular e mesmo uma perda modesta de 5% do peso já apresenta efeitos favoráveis em parâmetros metabólicos;
  • Uma perda de peso > 5% promove melhora adicional de parâmetros cardiometabólicos e efeito em síntese lipídica, estresse oxidativo e marcadores inflamatórios;
  • Não foram avaliados marcadores inflamatórios em outros locais além de gordura subcutânea;
  • Não foram avaliados desfechos clínicos.

Pílula do Clube: Embora perda de peso de 5-10% seja um alvo frequentemente recomendado, há benefício metabólico adicional (síntese lipídica, estresse oxidativo e marcadores inflamatórios) se houver perda de 10% ou mais de peso. Estudos adicionais são necessários para determinar o impacto desses resultados sobre desfechos duros como eventos cardiovasculares e mortalidade.


Discutido no Clube de Revista de 16/05/2016.

Semaglutide and Cardiovascular Outcomes in Obesity without Diabetes

  A. Michael Lincoff, Kirstine Brown‐Frandsen, Helen M. Colhoun, John Deanfield, Scott S. Emerson, Sille Esbjerg, Søren Hardt‐Lindberg, G. K...