Aglaia Kyrilli, Bich-Ngoc-Thanh Tang, Valérie Huyge,
Didier Blocklet, Serge Goldman, Bernard Corvilain, and Rodrigo Moreno-Reyes
J
Clin Endocrinol Metab 2015, 100: 2261–2267.
Trata-se de um estudo
randomizado comparando o uso de metimazol (MTZ) versus dieta pobre em iodo (LID)
antes do tratamento com iodo radioativo (I-131) em pacientes com
hipertireoidismo subclínico por bócio multinodular (BMN). O metimazol interfere
na produção de T3 e T4, elevando o TSH e também causa depleção do estoque de
iodo, o que tornaria a tireoide mais ávida por iodo, aumentando sua captação e,
portanto, otimizando seu aproveitamento quando administrado para tratamento. Vinte e dois pacientes
portadores de hipertireoidismo subclínico devido a BMN e com captação de
radioiodo menor que 50% em 24 horas foram randomizados para receber LID ou MTZ 30mg
por dia por 42 dias antes da dose de I-131. A dose de I-131 foi calculada
através da fórmula que leva em conta o tamanho da tireoide (aferida por SPECT-TC
ou RNM de região cervical), a captação de iodo em 24h e a Required activity (90-200 mCi por grama de acordo com o tamanho da
tireoide para compensar a elevada radio-resistência de glândulas grandes). Apesar de definir-se
como estudo “caso-controle randomizado”, a randomização não foi efetiva em “equilibrar”
os grupos em relação ao tamanho do bócio - o grupo LID apresentou uma mediana maior do volume
tireoidiano: 87g (P25-75 45 a184g) vs.
55g (P25-75 29-63g) em relação ao grupo MTZ. Um dos pacientes teve o uso de
metimazol suspenso após apresentar urticária e elevação de transaminases e não
entrou na análise final.
No grupo MTZ houve aumento
da captação de I-131 em 2 vezes, possibilitando a redução da dose terapêutica
calculada de 16mCi para 11 mCi (dose pré e pós uso de metimazol,
respectivamente). O tratamento com I-131 curou hipertireoidismo em todos os
pacientes independente do grupo, sendo que o grupo MTZ recebeu doses menores.
Houve mais casos de hipotireoidismo (2/10 vs.
0/12) após 12 meses no grupo MTZ vs.LID.
Durante o Clube foram discutidos os seguintes pontos:
·
Trata-se de artigo de baixa qualidade metodológica, com randomização duvidosa,
onde se observou que bócios maiores foram alocados para o grupo controle (LID);
·
O tratamento com radioiodo foi efetivo em ambos os grupos para curar o
hipertireoidismo no final de 12 meses de tratamento. Por aumentar a captação de
iodo, houve redução da dose (de 16 para 11 mCi) calculada de radioiodo-131 no
grupo MTZ, porém esta diferença não parece ser clinicamente importante
considerando-se potencial menor risco de contaminação pessoal, profissional ou
ambiental que justifique o uso de MTZ pré-radioiodo;
·
O resultado deve ser visto com cautela, visto que o uso de metimazol
determinou 2 casos (20%) de hipotireoidismo na população e 1 caso de urticária
e elevação de enzimas hepáticas, o que não foi observado no grupo controle.
Pílula do Clube: O uso de metimazol antes da radioiodoterapia aumenta a captação de iodo
pela tireoide, determinando menores doses terapêuticas de radioiodo-131, porém leva
a mais casos de hipotireoidismo.
Discutido no Clube de
Revista de 24/08/2015.
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