You R, Mori T, Ke L, Wan Y, Zhang Y, Luo F, Feng D, Yu G, Liu J.
Menopause 2021, 29(2):210-218
A osteoporose é uma doença caracterizada pelo aumento de risco de fraturas, que geram perda importante de qualidade de vida e cujo cuidado tem um alto impacto orçamentário, comparável com o de diversas neoplasias. Existem diversas opções de tratamento, com variabilidade importante de custos.
Este estudo se dispõe a responder a pergunta de qual tratamento injetável seria mais custo-efetivo na população chinesa sem história prévia de fraturas, sob a perspectiva de um sistema de saúde universal. Para isso, os autores utilizaram o software TreeAge para a elaboração de um modelo de Markov, com os estados de saúde “sem fratura”, “pós fratura de quadril”, “pós fratura vertebral” e “morte”, em um horizonte de vida inteira, com limiar de disposição a pagar (willingness to pay, WTP) de U$ 31,512 e desconto anual de 3%. Riscos de fratura foram estimados utilizando dados da população geral da China, corrigidos pela presença de osteoporose, e a redução de risco relativo de fratura pelos medicamentos (denosumabe, zolendronato, ibandronato e teriparatide) foi obtida a partir de meta-análises em rede previamente publicadas. A medida de custo efetividade utilizada foi ICER (Incremental Cost Effectiveness ratio) por QALY (Quality-Adjusted Life Years). Destaca-se a suposição do modelo que o tempo de atividade residual das medicações é igual ao tempo de uso.
Os resultados obtidos na análise inicial indicam que denosumabe seria mais barato e adicionaria mais anos de vida do que todas as outras terapias, com zolendronato e ibandronato abaixo do limiar de custo-efetividade e teriparatide acima do limiar de custo-efetividade. Análise de sensibilidade determinística demonstrou que os principais parâmetros estocásticos na comparação do denosumabe com o grupo sem tratamento são o custo da droga e o custo do tratamento pós fratura de quadril, enquanto a análise de sensibilidade probabilística demonstrou 100% de chance de custo-efetividade do denosumabe em relação às outras drogas com a WTP utilizada.
Entretanto, o estudo considera que todas as drogas possuem um efeito residual igual ao tempo de tratamento, o que não necessariamente se aplica ao denosumabe, visto que a suspensão deste aumenta de maneira importante o risco de fraturas. Analisando o cenário em que denosumabe não possui efeito residual nenhum, o zolendroanto passa a ser a opção mais custo-efetiva, com um ICER de U$ 1967,33 por QALY, com os principais parâmetros de incerteza estocástica sendo o custo do denosumabe e a perda de qualidade de vida após o primeiro ano de fratura vertebral. Em análise de limiar, foi encontrado que para teriparatide ser custo-efetivo, seu preço anual teria que ser menor que U$ 1,644.87. Pontos discutidos no Clube incluíram:
A adequada correção do risco de fratura da população geral com o risco relativo adicionado pela osteoporose;
Incerteza quanto à precisão das estimativas de risco relativo de fratura com cada mediamento;
Possibilidade de pior desempenho do teriparatide pelo menor tempo de tratamento (2 vs 3 anos);
Consideração de modelo comparando o uso de denosumabe pela vida toda com o uso de bisfosfonados intercalados com drug holiday;
Aplicabilidade do meme “Swole Doge vs Cheems” na comparação da análise deste artigo com análises brasileiras.
Pílula do Clube: Este estudo encontrou uma dominância do denosumabe sobre outras alternativas de medicamentos injetáveis no cenário de base, mas é necessário um modelo mais robusto comparando cursos de tratamento e dados de população brasileira para adequada validade externa.
Discutido no Clube de Revista de 12/09/2022.
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