domingo, 13 de novembro de 2022

Association of Daily Step Count and Step Intensity With Mortality Among US Adults

 Pedro F. Saint Maurice,Richard P.Troiano, David R.BassettJr, BarryI. Graubard, Susan A.Carlson, Eric J.Shiroma, Janet E.Fulton, Charles E. Matthews


JAMA 2020, 323(12):1151-1160.

https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2763292


Ainda que haja uma recomendação amplamente difundida de se realizar cerca de 10.000 passos por dia como forma de promoção de saúde, a evidência científica para tal ainda é fraca e há evidência conflitante sobre o efeito da intensidade da atividade na redução de desfechos. Este estudo buscou responder se andar mais passos e com maior intensidade reduz mortalidade. Foi uma amostra da coorte americana National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), em que 4.840 participantes maiores que 40 anos foram convidados a usar um acelerômetro (contador de passos e de intensidade de passos) por 7 dias. Os participantes também foram classificados quanto a etnia, idade, sexo, escolaridade, hábitos de saúde (alcoolismo, tabagismo), doenças crônicas (diabetes, doença cardiovascular, insuficiência cardíaca, AVC, câncer, DPOC), peso e altura, qualidade da dieta (Healthy Eating Index), estado geral de saúde auto-reportado, dificuldade de mobilidade – todas sendo covariáveis. O desfecho primário foi mortalidade por todas as causas e o desfecho secundário foi mortalidade por doença cardiovascular ou câncer.

A análise ajustada para as covariáveis demonstrou um hazard ratio de 0,49 entre os pacientes que caminhavam mais que 8.000 passos por dia em comparação aos que caminhavam 4.000 passos por dia e um hazard ratio de 0,35% para os que caminhavam mais de 12.000 passos por dia em comparação aos que caminhavam 4.000 passos por dia, ambos com P<0,05. Também houve uma relação de proteção em relação ao desfecho secundário de morte por doença cardiovascular e de menor magnitude para câncer. A intensidade da caminhada, quando ajustada para o número de passos, não  se associou à redução dos desfechos. Foi discutido no Clube de Revista:

  • Trata-se de um estudo observacional e, portanto, não se garante relação de causa e efeito;

  • Mesmo o estudo tendo avaliado covariáveis importantes, sempre existem variáveis confundidoras não mensuradas que podem enviesar em certo grau os resultados;

  • Acelerômetro mede como “passos” atividades do dia-dia como “varrer a casa” e outras como “dançar”, mas não mede outras atividades como “nadar” ou “pedalar” o que o torna um potencial viés de aferição;

  • A causa da morte por atestado de óbito nem sempre é acurada, mas este é um problema inerente a estudos que utilizam registros desse tipo;

  • Questionou-se se o número de passos medidos em 7 dias representam o número de passos dados durante a maior parte da vida das pessoas avalias.


Pílula do Clube: andar mais passos durante o dia associou-se negativamente à mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular e mortalidade por câncer. A intensidade dos passos não se associou a estes desfechos.


Discutido no Clube de Revista de 23/05/2022. 

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