sábado, 19 de novembro de 2022

Long-term efficacy and safety of moderate-intensity statin with ezetimibe combination therapy versus high-intensity statin monotherapy in patients with atherosclerotic cardiovascular disease (RACING): a randomised, open-label, non-inferiority trial

 Byeong-Keuk Kim, Sung-Jin Hong, Yong-Joon Lee, Soon Jun Hong, Kyeong Ho Yun, Bum-Kee Hong, Jung Ho Heo, Seung-Woon Rha, Yun-Hyeong Cho, Seung-Jun Lee, Chul-Min Ahn, Jung-Sun Kim, Young-Guk Ko, Donghoon Choi, Yangsoo Jang, Myeong-Ki Hong, on behalf of the RACING investigators


Lancet 2022, 400(10349):380-390.

https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(22)00916-3/fulltext 


Diretrizes atuais recomendam o uso de estatinas de alta potência para pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica (ASCVD) estabelecida para redução do LDL e desfechos cardiovasculares. Questiona-se se a associação entre estatina de moderada potência e ezetimiba poderia obter resultados semelhantes. O RACING trial é um estudo randomizado, de não inferioridade, aberto e multicêntrico (26 centros da Coreia do Sul) que foi publicado buscando este objetivo. 

Pacientes com ASCVD (IAM, SCA, história de revascularização coronariana ou outro procedimento de revascularização arterial, AVC isquêmico e doença arterial periférica) que necessitam de estatina de alta potência com vistas a LDL < 70 mg/dL foram randomizados 1:1 em terapia combinada (rosuvastatina 10 mg + ezetimiba 10 mg) vs. monoterapia (rosuvastatina 20 mg), com estratificação por concentração de LDL < 100 mg/dL e presença de DM. Foi também recomendado controle pressórico e glicêmico, cessação do tabagismo e tratamento farmacológico otimizado de insuficiência cardíaca. Os desfechos primários incluíram: morte cardiovascular, evento cardiovascular maior ou AVC não fatal em até 3 anos. Os desfechos secundários foram baseados em eficácia, e incluíram: proporção de participantes que reduziram LDL para < 70 mg/dL em 1, 2 e 3 anos; composto de todas as causas de morte, evento cardiovascular maior e AVC não fatal; queda nos níveis de LDL (redução do LDL do baseline até o seguimento); qualquer componente individual de desfecho primário. Os desfechos relacionados à  segurança incluíram descontinuação ou redução da dose devido à intolerância e ocorrência de eventos adversos clínicos, incluindo diabetes de início recente, associados ao músculo ou fígado ou eventos adversos relacionados à vesícula biliar ou diagnóstico de câncer. A margem de não inferioridade foi definida em 2,0% e, com isso, seriam necessários 1605 pacientes em cada grupo (5% erro α e poder 80%). Incluindo estimativa de 15% perda de seguimento, um total 3780 pacientes seriam necessários. Caso a não inferioridade fosse demonstrada, seria testado se o grupo da terapia combinada seria superior ao grupo da monoterapia em redução LDL < 70 mg/dL. 

As características dos participantes foram semelhantes entre os dois grupos: tinham em média 64 anos, 75% eram homens e 37% tinham DM. O desfecho primário esteve presente em 9,1% no grupo da terapia combinada e 9,9% no grupo com monoterapia (HR 0,92; IC95% 0,75 a 1,13), demonstrando  a não inferioridade do tratamento em investigação. Tal achado também foi observado quando se fez análise por protocolo. O número de pacientes com LDL <7 0mg/dL em 1, 2 e 3 anos foi proporcionalmente maior no grupo da terapia combinada. A taxa de descontinuação ou redução da dose da medicação do estudo por intolerância esteve presente em 4,8% na terapia combinada e 8,2% na monoterapia, sendo que principal evento adverso relatado foi mialgia. No Clube de Revista foram discutidos os seguintes pontos:

  • As limitações do estudo incluem o fato de ser um estudo aberto (risco de viés de relato e efeito nocebo), além de que as taxas de eventos foram mais baixas do que o previsto, podendo indicar que a margem de não inferioridade de 2,0% permitiu um IC mais generoso;

  • Os dados e ferramentas utilizadas para definição da margem de não-inferioridade;

  • Importância clínica e aplicação dos estudos de não inferioridade.


Pílula do Clube: entre pacientes com ASCVD a terapia combinada estatina + ezetimiba foi não inferior à monoterapia com estatina de alta intensidade para desfechos de morte cardiovascular, evento cardiovascular maior ou acidente vascular cerebral não fatal em 3 anos de acompanhamento. Além disso, a não inferioridade dos resultados clínicos foi alcançada com proporção mais elevada de atingimento de LDL <70 mg/dL e menor prevalência de descontinuação ou redução da dose por intolerância. 


Discutido no Clube de Revista de 22/08/2022.

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