Yu EW,
Kim SC, Sturgeon DJ, Lindeman KG, Weissman JS
JAMA Surg 2019, May 15
Trata-se de estudo de coorte retrospectivo para comparar o risco de fratura após o bypass gástrico em Y de Roux (BPGYR)
em comparação à banda gástrica ajustável (BGA). O estudo utilizou informações dos pacientes beneficiários do
Medicare, maiores de 21 anos, que
apresentavam o CID-9 de obesidade grave (IMC ≥ 40) e foram submetidos a
tratamento cirúrgico (BPGYR ou BGA) entre 2006 e 2014. Foram excluídos os
pacientes com menos de 365 dias de carência do seguro antes da data da
cirurgia, histórico de neoplasia ou quimioterapia, doença renal ou transplante,
outras cirurgias gastro-intestinais ou residentes de instituição de longa
permanência. O desfecho primário foi incidência de fratura
não-vertebral e o secundário incidência de
fratura por sítio específico. Os pacientes foram seguidos da data da
cirurgia até o desfecho primário ou admissão em instituição de cuidados de
longa permanência ou segunda cirurgia bariátrica após 90 dias da data do índice
ou morte. Foram avaliadas as comorbidades potencialmente confundidoras
associadas com o tipo de cirurgia e risco de fratura, entre elas, idade, sexo,
ano de cirurgia, região geográfica, raça, diabetes, comorbidades, medicamentos
modificadores de massa óssea, diagnóstico de osteoporose ou uso de medicação anti-osteoporótica,
histórico de queda, densidade mineral óssea e marcadores da frequência de
utilização de cuidados de saúde.
Foram incluídos na análise 42345 participantes,
dos quais 33254 (78,5%) eram mulheres, apresentando idade de 51 ± 12 anos. Os
pacientes foram seguidos por um tempo de 5 ± 2,1 anos, sendo documentadas 658
fraturas não vertebrais. A taxa de incidência de fraturas foi de 6,6 (IC95% 6,0-7,2)
após BPGYR e 4,6 (IC95% 3,9-5,3) após BGA, com uma razão de risco de 1,73 (IC95%
1,45-2,08) após ajuste multivariado. Análises por sítio específico demonstraram
um aumento do risco de fratura de quadril (RR 2,81; IC95% 1,82-4,49), punho (RR
1,70; IC95% 1,33-2,14) e pelve (RR 1,48; IC95% 1,08-2,07) nos pacientes que
realizaram BPGYR. Nenhuma interação significativa do risco de fratura com idade,
sexo, status de diabetes ou raça foi
encontrada. Adultos com 65 anos ou mais apresentaram padrão semelhante de risco
de fratura ao de adultos jovens. Análise de sensibilidade usando escore de
propensão mostrou resultados semelhantes (fratura não vertebral: RR 1,75; IC95%
1,22-2,52). Foi discutido no clube:
·
O
estudo foi metodologicamente bem desenhado e desenvolvido, embora
retrospectivo, seguindo as orientações do STROBE, apresentando como diferencial
a maior coorte composta por número expressivo de idosos, permitindo análise
estratificada;
·
O
grupo controle também era composto de pacientes submetidos à cirurgia
bariátrica, reduzindo os vieses que podem ocorrer por indicação para cirurgia;
·
A
idade média no grupo BGA foi 4 anos maior do que no BPGYR, o que mostra que a
BGA deve ter sido indicada mais na população idosa por ser procedimento de menor risco. O grupo BPGYR apresentava
prevalência maior de esteatose hepática. Contudo, a análise dos dados não foi
comprometida por essas diferenças, pois quando realizada a análise de
sensibilidade por pareamento usando o escore de propensão foi mantido o maior
risco de fratura nos pacientes submetidos ao BPGYR.
Pílula do Clube: O risco
de fratura após BPGYR é consistentemente maior em comparação a BGA e em grau
semelhante entre adultos e idosos.
Discutido no Clube de Revista de 17/06/2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário