Terry J. Smith, George J. Kahaly, Daniel
G. Ezra, James C. Fleming, Roger A. Dailey, Rosa A. Tang, Gerald J. Harris,
Alessandro Antonelli, Mario Salvi, Robert A. Goldberg, James W. Gigantelli,
Steven M. Couch, Erin M. Shriver, Brent R. Hayek, Eric M. Hink, Richard M.
Woodward, Kathleen Gabriel, Guido Magni, and Raymond S. Douglas.
N
Engl J Med 2017; 376:1748-61.
A
oftalmopatia
associada à tireoidopatia, condição comumente associada à doença de Graves,
permanece um desafio terapêutico em muitos pacientes. O tratamento de primeira
linha inclui glicocorticoides, porém tem eficácia limitada e efeitos adversos
consideráveis. Uma nova proposta terapêutica é o inibidor do receptor de IGF-1 (teprotumumab),
fármaco testado neste estudo de fase II,
que consistiu em um ensaio clínico randomizado, multicêntrico, duplo-cego,
controlado por placebo, feito para determinar a eficácia e a segurança desta intervenção.
Foram incluidos 88 pacientes, de 18 a 75 anos, com diagnóstico de orbitopatia
em até 9 meses do início do quadro, CAS (clinical
activity score) ≥ 4 (no olho mais afetado), sem tratamento prévio – exceção
ao glicocorticoide oral até 6 semanas antes da entrada no estudo. O desfecho
primário foi definido como a resposta no olho estudado com redução de 2 pontos
ou mais no CAS e uma redução de 2 mm ou mais na proptose na semana 24.
A análise por intenção de tratar mostrou que 9
de 45 pacientes que receberam placebo (20%) e 29 de 42 pacientes que receberam
teprotumumab (69%) tiveram resposta na semana 24 (OR ajustado 8,86 IC95%
3,29-23,8; P <0,001). Da mesma forma, na análise por protocolo, 8 dos 36
pacientes que receberam placebo (22%) e 26 dos 33 pacientes que receberam
teprotumumab (79%) tiveram resposta na semana 24 (OR ajustado 12,73 IC95% 1,04-40,4);
P <0,001). Além disso, pacientes em uso de teprotumumab tiveram melhora em
qualidade de vida e na diplopia subjetiva. Quanto à avaliação da segurança, a
maior parte dos eventos adversos foram leves, sem necessidade de tratamento, e
se resolveram ainda durante a intervenção. O único evento adverso claramente relacionado
ao teprotumumab foi hiperglicemia, a qual foi manejada nos pacientes com
diabetes com aumento de medicações, ocorrendo retorno da glicemia aos valores
anteriores após o término da intervenção. Os seguintes pontos foram discutidos
no Clube de Revista:
·
O estudo poderia ter sido feito em comparação com glicocorticóides,
atual medicação de primeira linha para tratamento de orbitopatia, e não placebo;
·
O potencial do teprotumumab em beneficiar pacientes com doença
mais leve, menos ativa ou estável não foi avaliado;
·
A observação de longo prazo na fase de acompanhamento de um ano é
necessária para avaliar a durabilidade da resposta;
·
Nenhuma imagem orbital foi realizada; assim, permanece incerto
quais tecidos orbitais foram principalmente atingidos pela terapia com
teprotumumab.
Pílula do Clube: Neste estudo de fase II, teprotumumab mostrou benefício em
pacientes com orbitopatia de Graves ativa, de moderada a grave, após 24
semanas, quando comparado com placebo, ao reduzir a proptose e o CAS, e
melhorar a qualidade de vida. No entanto, aguardam-se demais estudos (estudo
fase III em andamento) para implementar o uso deste fármaco na prática clínica.
Discutido
no Clube de Revista de 13/08/2018.
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