Philip R. Schauer, Deepak L. Bhatt, John
P. Kirwan, Kathy Wolski, Stacy A. Brethauer, Sankar D. Navaneethan, Ali Aminian,
Claire E. Pothier, Esther S.H. Kim, Steven E. Nissen, and Sangeeta R. Kashyap, for
the STAMPEDE Investigators
N Engl J Med, March 31, 2014.
http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa1401329
Trata-se de ensaio
clínico randomizado, aberto, unicêntrico, envolvendo 150 pacientes obesos (IMC
de 30 a 40 kg/m2) e com DM tipo 2 descompensado (HbA1c
> 7,0%) divididos em 3 grupos de
intervenção: manejo farmacológico intensivo e medidas de estilo de vida ou
essas mesmas medidas associadas à cirurgia bariátrica (sleeve gástrico ou bypass
gástrico em Y de roux). O desfecho primário foi a proporção de pacientes que
atingisse HbA1c ≤ 6,0%. Os dados desta publicação referem-se aos
resultados 3 anos após a cirurgia. Os resultados principais demonstraram que a
proporção de pacientes que atingiu o desfecho primário no grupo tratamento
medicamentoso foi de 5% vs. 38% no grupo que foi submetido ao bypass gástrico em Y de roux (P<0,001)
e 24% dos pacientes submetidos ao sleeve gástrico (P=0,01) sem diferença entre as técnicas
cirúrgicas (P=0,17). Os principais fatores relacionados com o resultado no
controle glicêmico pós-intervenção foram a redução do IMC (RR 1,41 para cada
redução em 1 ponto) e duração do DM menor que 8 anos (RR 2,42). O uso de
antidiabéticos orais e insulina foi menor nos pacientes submetidos à cirurgia
bariátrica. A taxa de recidiva do DM foi de 38% no grupo bypass gástrico e 46% no grupo sleeve
gástrico. A perda de peso foi mais acentuada nos grupos submetidos aos
tratamentos cirúrgicos (-26,2 ± 10,6 kg com o bypass gástrico em Y de
roux e -21,3 ± 9,7 kg com o sleeve gástrico) quando comparada à do grupo
com tratamento clínico intensivo (-4,3 ± 8,8 kg). Não ocorreram mortes
relacionadas aos tratamentos. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos
foram ressaltados:
- Os efeitos adversos dos tratamentos cirúrgicos foram muito raros (apenas 4 pacientes necessitaram reintervenções cirúrgicas);
- Houve perda de 10 pacientes (20%) no grupo tratamento clínico intensivo e 2 pacientes (4%) no grupo bypass gástrico e 1 paciente (2%) no grupo sleeve gástrico;
- Análise dos desfechos primários e secundários foi feita pela metodologia per protocol, excluindo os casos perdidos no seguimento clínico e que não foram submetidos aos tratamentos cirúrgicos;
- Foi um estudo aberto e com grupo de cirurgiões com baixíssima taxa de complicações e mortalidade pós-operatória em contraste com a realidade de seguimento vista em nosso meio, limitando a validade externa dos resultados.
Pílula do Clube: O tratamento cirúrgico
da obesidade apresenta benefício no controle glicêmico de pacientes com DM tipo
2 com IMC elevado, principalmente nos casos com menor tempo de duração da
doença. São necessários estudos com desfechos primordiais (mortalidade) e
seguimento mais longo para podermos modificar políticas de tratamento com maior
segurança.
Discutido no Clube de Revista de 07/04/2014
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