A. Colao, M. D. Bronstein, P. Freda, F. Gu, C.-C. Shen, M. Gadelha, M.
Fleseriu, A. J. van der Lely, A. J. Farrall, K. Hermosillo Reséndiz, M. Ruffin,
Y. Chen, and M. Sheppard on behalf of the Pasireotide C2305 Study Group
J Clin Endocrinol Metab, March 2014, 99(3):791–799.
Este ensaio clínico
randomizado multicêntrico teve como objetivo principal comparar a proporção de
pacientes com acromegalia sem tratamento medicamentoso prévio que atingiram o
controle bioquímico em uso de pasireotide LAR ou octreotide LAR, em 12 meses. Foram
rastreados 546 pacientes, dos quais 358 foram randomizados para receber
octreotide LAR (n=182) ou pasireotide LAR (n=176). A confirmação de acromegalia
era feita pela média de 5 medidas em 2 horas de GH > 5 µg/L ou falha na
supressão de GH após teste oral de tolerância à glicose para < 1 µg/L e da
medida de IGF-1 elevada para idade e sexo. Eram excluídos aqueles com tratamento
medicamentoso prévio, compressão do quiasma óptico com redução de campo visual,
necessidade de intervenção cirúrgica por sinais/sintomas de compressão,
irradiação de hipófise nos 10 anos anteriores, morbidade cardiovascular e/ou
doença hepática importantes, colelitíase sintomática ou HbA1c > 8%. A
análise dos resultados foi por intention-to-treat, com exceção da avaliação dos efeitos
adversos. Todos os envolvidos eram cegados. O controle bioquímico (definido
como GH < 2,5 µg/L e IGF-1 normal para idade e sexo) em 12 meses foi atingido em 31,3% dos pacientes no grupo pasireotide
LAR e em 19,2% daqueles no grupo octreotide LAR (OR 1,94; IC 95% 1,19-3,17;
P=0,007). Esse resultado foi mais expressivo nos pacientes que já haviam sido
submetidos à cirurgia prévia (39,8 vs.
21,8; OR 2,34; IC 95% 1,14-4,79) quando comparados àqueles recém diagnosticados,
sem intervenção anterior (25,7 vs.
17,3; OR 1,65; IC 95% 0,85-3,23). Ao final de 12 meses, nos grupos pasierotide
LAR e octreotide LAR, respectivamente, o IGF-1 foi normalizado em 38,6% e 23,6%
dos pacientes (P=0,002) e o GH < 2,5 µg/L foi atingido em 48,3% e 51,6% dos
pacientes (P=0,54). Houve redução do volume do tumor (≥ 20%) em 80,8% no grupo pasireotide
LAR e em 77,4% no grupo octreotide LAR. Ambos os tratamentos foram efetivos em
melhorar os sintomas e o escore do questionário AcroQoL. Dentre os efeitos
adversos relatados o que mais chama a atenção é a maior prevalência de
hiperglicemia (28,7% vs. 8,3%) e de
DM (19,1% vs. 3,9%) no grupo pasireotide
LAR. Durante o clube de revista os seguintes pontos foram ressaltados:
• Não há relato dos 188 pacientes que foram rastreados e que não foram
incluídos na randomização; o tratamento de escolha para acromegalia ainda é a
cirurgia, entretanto, apenas 40-44% dos pacientes haviam sido submetidos à cirurgia
prévia. Estes problemas limitam a validade externa do estudo;
• Os autores utilizaram critérios bioquímicos diferentes dos atuais como
indicação de remissão. Análise com o atual ponto de corte não foi realizada;
• Pasireotide foi mais efetivo em reduzir IGF-1, mas foi similar ao
octreotide na redução do GH;
• Muitos pacientes que não atingiram o controle (31,0% no grupo
pasireotide e 22,2% no grupo octreotide) não receberam otimização da dose
apesar de indicada, e o motivo não foi relatado.
Pílula do Clube: O pasireotide LAR pode ser uma alternativa ao octreotide LAR para
pacientes com acromegalia sem uso de tratamento medicamentoso prévio, embora
determine maior risco de hiperglicemia e DM.
Discutido no Clube de Revista de 09/06/2014.
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