segunda-feira, 21 de julho de 2014

Effects of low-dose estrogen replacement during childhood on pubertal development and gonadotropin concentrations in patients with Turner Syndrome: results of a randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial

Charmian A. Quigley, Xiaohai Wan, Sipi Garg, Karen Kowal, Gordon B. Cutler Jr, Judith L. Ross

J Clin Endocrinol Metab. 2014 [Epub ahead of print]
           
Trata-se de uma subanálise de ensaio clínico randomizado controlado por placebo conduzido de 1987 a 2003, que avaliou o efeito da reposição de baixas doses de estrogênio associada ou não à reposição de hormônio do crescimento em 149 meninas com síndrome de Turner, cujo desfecho primário foi estatura na idade adulta. No presente estudo, o objetivo foi avaliar se a reposição de doses baixas e escalonadas de estrogênio (formulação líquida de etinilestradiol 1mcg/mL), a partir dos 5 até os 12 anos, alterava a idade média de ocorrência da telarca e da menarca e a duração da puberdade, bem como avaliar o impacto da reposição estrogênica pré-puberal nos níveis de gonadotrofinas. Para tanto, foram incluídas 123 meninas pré-puberes e menores de 12 anos, distribuídas em grupo intervenção (etinilestradiol 25 ng/kg/dia dos 5 aos 8 anos incompletos ou 50 ng/kg/dia dos 8 aos 12 anos incompletos) e placebo. Em ambos os grupos as pacientes poderiam receber reposição de GH e, após os 12 anos completos, era iniciada reposição estrogênica para indução da puberdade em todas pacientes. A análise foi feita por intention-to-treat e per protocol. A reposição de baixas doses de estrógeno no período pré-puberal resultou em ocorrência de telarca mais cedo que no grupo controle (idade média 11,6 vs. 12,6 anos, P<0,001), aproximando-se da idade média de surgimento do broto mamário na população de meninas sem Síndrome de Turner, sem avanço da idade óssea. Como não houve diferença na idade média da menarca (15 anos, P=0,986), a duração da puberdade foi maior no grupo intervenção (2,26 vs. 3,33 anos, P<0,003). Não houve diferença significativa em relação aos níveis de gonadotrofinas. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
  • A introdução do artigo cita como potenciais benefícios da reposição estrogênica pré-puberal melhora do desempenho cognitivo e da memória encontrados em estudo prévio do mesmo grupo, porém não avalia a manutenção desse benefício no período puberal ou em longo prazo;
  • O benefício em relação ao comportamento e à qualidade de vida pela normalização do momento de ocorrência da puberdade não foi avaliado no estudo;
  • Houve um grande número de perdas que não foram adequadamente descritas, comprometendo a valorização dos resultados pelo baixo poder estatístico;
  •  O estudo foi financiado pela indústria farmacêutica, que pode induzir ao viés de publicação. 

Pílula do clube: A reposição de doses muito baixas de etinilestradiol em meninas pré-púberes com Síndrome de Turner promoveu a ocorrência de telarca em época mais próxima ao início da puberdade fisiológica, sem causar avanço da idade óssea ou efeitos adversos maiores, porém não se sabe se esta intervenção impactaria na qualidade de vida e na autoestima das pacientes. Estes resultados não suportam o uso rotineiro desta terapia, que poderia ser considerada, no entanto, em nível individual nas pacientes em que o atraso puberal for uma queixa proeminente

Discutido no Clube de Revista de 26/05/2014.

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