segunda-feira, 21 de julho de 2014

Acarbose reduces the risk for myocardial infarction in type 2 diabetic patients: meta-analysis of seven long-term studies

M. Hanefeld, M. Cagatay, T. Petrowitdch , D. Neuser, D. Petzinna, M Rupp

European Heart Journal 2004, 25(1):10-16
http://eurheartj.oxfordjournals.org/content/25/1/10.abstract
           
            Trata-se de uma metanálise de dados individuais que reuniu sete ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo. Os estudos analisados foram publicados entre 1987  e 1999, total de 2.180 pacientes (1.248 receberam acarbose e 932, placebo). O objetivo era investigar se a terapia com acarbose poderia reduzir os eventos cardiovasculares em pacientes com DM tipo 2. Foram critérios de inclusão: pacientes com DM tipo 2, duração mínima de tratamento de 52 semanas e estudos com pelo menos 50 pacientes na amostra. O desfecho primário era o tempo para desenvolver um evento cardiovascular. Eram considerados eventos cardiovasculares: morte de causa cardíaca, eventos cerebrovasculares, doença obstrutiva periférica, angina, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e procedimentos  de revascularização. Os principais resultados encontrados demonstraram uma redução de risco relativo de 35% em desenvolver qualquer evento cardiovascular a favor dos usuários de acarbose. Entre os pacientes que usaram placebo, 9,4% desenvolveram algum evento cardiovascular, enquanto no grupo acarbose, 6,1% apresentaram o desfecho (P=0,0057). A principal diferença foi encontrada quando o estudo comparava ocorrência de infarto agudo do miocárdio. A redução de risco relativo encontrada foi de 64% a favor do grupo que recebeu acarbose (P=0,0120). A acarbose também foi superior ao placebo na melhora do controle glicêmico, redução de triglicerídeos, perda de peso e redução de níveis pressóricos. Quanto aos eventos adversos relatados, não foi encontrado nenhum evento grave, sendo os mais prevalentes: flatulência, diarréia e dor abdominal, com proporções variadas em cada estudo. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram ressaltados:
  • Não foi descrita como foi feita e se foi feita revisão sistemática da literatura (ferramentas de busca utilizadas, bem como os estudos incluídos e excluídos na análise), limitando a confiabilidade da seleção dos estudos;
  • Entre os sete estudos selecionados, um deles foi patrocinado pela indústria farmacêutica (Bayer AG), sendo um possível conflito de interesse não relatado pelo autor;
  • Apesar de utilizar os dados individuais de cada estudo, não houve uma descrição adequada da população de pacientes, principalmente quanto ao tratamento utilizado para o DM, não sendo possível afirmar que o desfecho seria devido de fato ao uso de acarbose;
  • Ao descrever os resultados utilizando a curva de Kaplan-Meier, os valores apresentados na ordenada vertical mostram uma diferença entre os grupos menor do que a curva aparenta;
  • Entre os desfechos analisados individualmente, apenas a ocorrência de infarto agudo do miocárdio teve significância estatística;
  • Não há descrição adequada das taxas de descontinuação do tratamento nem dos eventos adversos ocorridos, sendo esta uma limitação importante da aplicabilidade prática dos resultados do estudo.


     Pílula do Clube: O uso de acarbose em pacientes com DM tipo 2 já apresenta benefícios comprovados principalmente quanto ao controle glicêmico e metabólico. No entanto, pelas evidências disponíveis até o momento, não é possível afirmar que exista um benefício cardiovascular neste grupo de pacientes. 


Discutido no Clube de Revista de 05/05/2014.

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