Bhasin S, Apovian CM, Travison TG,
Pencina K, Moore LL, Huang G, Campbell WW, Li Z, Howland AS, Chen R, Knapp PE,
Singer MR, Shah M, Secinaro K, Eder RV, Hally K, Schram H, Bearup R, Beleva YM,
McCarthy AC, Woodbury E, McKinnon J, Fleck G, Storer TW, Basaria S
JAMA Intern Med. 2018 Apr
1;178(4):530-541
A quantidade recomendada de proteína diária na dieta (Recommended Dietary Allowance - RDA) é de 0,8 g/kg/dia para adultos, o que não diferencia sexos, quantidade de atividade física, e idade das pessoas. Uma vez que há diminuição do anabolismo muscular com a idade, sugere-se que ingerir a RDA de proteína poderia determinar perda de massa magra em idosos. O uso de esteroides anabolizantes no tratamento de sarcopenia em idosos frágeis tem sido sugerido, e ainda se questiona se o um aumento no aporte proteico estaria associado à melhor resposta anabólica a essas substâncias.
Este ECR teve como objetivo avaliar se o
aumento da ingestão de proteína para 1,3 g/kg/dia em idosos com limitação
funcional e consumo usual de proteínas melhora a massa muscular, performance muscular, função física,
fadiga e bem-estar e se aumenta a resposta da massa muscular com o uso de
anabolizantes.
Para isso foi realizado um ECR, 2×2 fatorial, duplo-cego, controlado por placebo. Foram
incluídos homens acima de 65 anos, com limitação funcional moderada (Short Physical Performance Battery) que
ingeriam 0,83 g/kg/dia ou menos de proteína. Foram excluídos pacientes com ICC,
sintomas urinários moderados, ca de próstata, DM descompensado, eritrocitose,
IAM ou AVC nos últimos 6 meses. Os pacientes foram randomizados para: 1) 0,8g/kg/dia
de proteína na dieta + placebo; 2) 1,3g/kg/dia de proteína na dieta + placebo;
3) 0,8g/kg/dia de proteína na dieta + testosterona 100mg/semana ou 4)
1,3g/kg/dia de proteína na dieta + testosterona 100mg/semana. O cálculo de
amostra foi de 76 pacientes, poder de 80% para detectar uma diferença de médias
padronizadas de 0,65kg de massa magra entre os grupos.
Foram randomizados 92 pacientes (73,0 ± 5,8 anos); os grupos não diferiram estatisticamente
nas características da linha de base. A variação da massa magra entre os grupos
de diferentes quantidades de proteína não foi diferente (ganho de massa
muscular no grupo 0,8g/kg/d vs.
1,3g/kg/d com placebo foi 0,14 vs.
0,74kg, respectivamente com P=0,43, enquanto no grupo com testosterona e
0,8g/kg/dia vs. testosterona e
1,3g/kg/dia foi 4,43 vs. 4,13kg),
apresentando diferença para o grupo que usou testosterona vs. placebo. Houve maior perda de massa gorda nos pacientes que
ingeriram mais proteína em comparação com menor quantidade de proteína na
dieta, assim como para os que receberam testosterona vs. placebo. Não houve diferenças nos demais desfechos (força e
potência muscular, caminhada de 6 minutos e 50m, potência de subir escadas,
qualidade de vida relacionada à saúde, fadiga e bem-estar). Durante o Clube de
Revista foram discutidos os pontos a seguir:
·
O desenho do estudo foi adequado, permitiu
comparar a intervenção composta e individualmente, contudo o pequeno número de
inclusões em relação aos pacientes triados compromete a validade externa do
estudo (0,6% dos pacientes triados foram randomizados);
·
Não foram descritas comparações importantes (0,8g/kg/dia
de proteína na dieta + placebo vs.
1,3g/kg/dia de proteína na dieta + testosterona 100mg/semana);
·
Não ficou claro como foi feito o cálculo
amostral (com base em que dados);
·
É possível que algumas comparações não tenham
sido estatisticamente diferentes pela pequena amostra estudada (erro beta).
Pílula do Clube: A dose recomenda de proteína de 0,8 g/kg/d pode ser suficiente para
manter massa muscular em homens idosos com limitação funcional, mesmo quando há
uso de testosterona como anabolizante, porém estudo com pequena amostra,
possivelmente pouco representativa da população que pode se beneficiar da
intervenção.
Discutido no Clube de Revista de 19/03/2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário