segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Timing of radioactive iodine administration does not influence outcomes in patients with differentiated thyroid carcinoma

Rafael Selbach Scheffel, André B. Zanella, José Miguel Dora, and Ana Luiza Maia.

Thyroid. September 2016, ahead of print. doi:10.1089/thy.2016.0038

            Trata-se de uma coorte retrospectiva com o objetivo de avaliar se o intervalo de tempo entre a tireoidectomia total (TT) e a radioiodoterapia (I131) em pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide (CDT), atendidos consecutivamente em um centro de referência, no período de 2000 a 2015 tem impacto nos desfechos da doença. Foram incluídos 545 pacientes que receberam I131 e possuíam dados relacionados ao status da doença durante o seguimento. Destes, 322 (59,1%) foram considerados com estadiamento pelo sistema TNM com estágio I, 62 (11,4%) com estágio II, 65 (11,9%) com estágio III e 82 (15,0%) com estágio IV. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o tempo entre a TT e o I131: <6 meses (Grupo A, n=295) ou >6 meses (Grupo B, n=250). Os grupos eram semelhantes para variáveis como sexo, tipo histológico, tamanho tumoral, presença de metástases a distância e dose do I131 (P>0,1). Pacientes no grupo B eram mais velhos (47,1 vs. 43,1 anos, P=0,02), tinham menos metástases cervicais (73,6 vs. 59,3%, P=0,002) e eram mais frequentemente classificados como baixo risco (48,0 vs. 36,6%, P=0,027). O intervalo entre a TT e o recebimento da dose de I131 dependia exclusivamente da disponibilidade no sistema de saúde. Após dose terapêutica do I131 e durante o seguimento, os pacientes eram classificados como: livres de doença, com doença persistente ou com doença recorrente.
Os resultados demonstraram que após 1 ano da terapia inicial, 59,3% e 65,6% dos pacientes dos grupos A e B respectivamente, foram considerados livres de doença (P=0,15). Os números foram similares mesmo quando analisados apenas os pacientes de alto risco (n=72, 9,5 vs. 10%, P=1,0). Os achados não se modificaram ao longo de 6 anos de seguimento, sem diferença também nas taxas de recorrência entre os grupos, 5,4% vs. 3% nos grupos A e B respectivamente (P=0,39). Análises por modelos de regressão logística demonstraram que o maior tempo para recebimento do I131 não esteve associado à doença persistente (RR 0,97; IC95% 0,80-1,19), mesmo após ajustes para as diferenças observadas nos dois grupos. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
·         Foi um estudo pragmático e representativo devido sua população ser composta de pacientes de baixo, médio e alto risco, além de representar o fluxo habitual dentro do sistema de saúde;
·         Por ser um estudo realizado em um único centro de referência, todos os pacientes receberam a mesma linha de cuidados, o que contribui para uniformidade dos tratamentos e seguimento;
·         Após dados apresentados, será possível tranquilizar pacientes e comunidade médica em geral que quando o I131 for indicado, poderá ser seguramente administrado em qualquer período dentro de 1 ano após a TT.

Pílula do Clube: O tempo entre a TT e a administração da dose de I131 não tem impacto em desfechos do CDT (resposta à terapia inicial, status da doença no seguimento e taxas de recorrência) independente de categoria de risco, podendo ser planejado de acordo com a disponibilidade do sistema de saúde.


Discutido no Clube de Revista de 05/09/2016.

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