Rafael Selbach Scheffel, André B. Zanella, José Miguel Dora, and Ana
Luiza Maia.
Thyroid. September 2016, ahead of print. doi:10.1089/thy.2016.0038
Trata-se de uma coorte retrospectiva com o objetivo de
avaliar se o intervalo de tempo entre a tireoidectomia total (TT) e a
radioiodoterapia (I131) em pacientes com carcinoma diferenciado de
tireoide (CDT), atendidos consecutivamente em um centro de referência, no
período de 2000 a 2015 tem impacto nos desfechos da doença. Foram incluídos 545
pacientes que receberam I131 e possuíam dados relacionados ao status
da doença durante o seguimento. Destes, 322 (59,1%) foram considerados com
estadiamento pelo sistema TNM com estágio I, 62 (11,4%) com estágio II, 65 (11,9%)
com estágio III e 82 (15,0%) com estágio IV. Os pacientes foram divididos em
dois grupos de acordo com o tempo entre a TT e o I131: <6 meses (Grupo
A, n=295) ou >6 meses (Grupo B, n=250). Os grupos eram semelhantes para
variáveis como sexo, tipo histológico, tamanho tumoral, presença de metástases
a distância e dose do I131 (P>0,1). Pacientes no grupo B eram
mais velhos (47,1 vs. 43,1 anos, P=0,02),
tinham menos metástases cervicais (73,6 vs.
59,3%, P=0,002) e eram mais frequentemente classificados como baixo risco (48,0
vs. 36,6%, P=0,027). O intervalo
entre a TT e o recebimento da dose de I131 dependia exclusivamente
da disponibilidade no sistema de saúde. Após dose terapêutica do I131
e durante o seguimento, os pacientes eram classificados como: livres de doença,
com doença persistente ou com doença recorrente.
Os resultados demonstraram que após 1 ano da terapia inicial, 59,3% e
65,6% dos pacientes dos grupos A e B respectivamente, foram considerados livres
de doença (P=0,15). Os números foram similares mesmo quando analisados apenas
os pacientes de alto risco (n=72, 9,5 vs.
10%, P=1,0). Os achados não se modificaram ao longo de 6 anos de seguimento,
sem diferença também nas taxas de recorrência entre os grupos, 5,4% vs. 3% nos grupos A e B respectivamente
(P=0,39). Análises por modelos de regressão logística demonstraram que o maior tempo
para recebimento do I131 não esteve associado à doença persistente (RR
0,97; IC95% 0,80-1,19), mesmo após ajustes para as diferenças observadas nos
dois grupos. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
·
Foi um estudo pragmático e representativo devido sua
população ser composta de pacientes de baixo, médio e alto risco, além de
representar o fluxo habitual dentro do sistema de saúde;
·
Por ser um estudo realizado em um único centro de
referência, todos os pacientes receberam a mesma linha de cuidados, o que
contribui para uniformidade dos tratamentos e seguimento;
·
Após dados apresentados, será possível tranquilizar
pacientes e comunidade médica em geral que quando o I131 for
indicado, poderá ser seguramente administrado em qualquer período dentro de 1
ano após a TT.
Pílula do Clube: O tempo entre a TT e a
administração da dose de I131 não tem impacto em desfechos do CDT
(resposta à terapia inicial, status da doença no seguimento e taxas de
recorrência) independente de categoria de risco, podendo ser planejado de
acordo com a disponibilidade do sistema de saúde.
Discutido no Clube de Revista de 05/09/2016.
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