Rados
DV, Pinto LC, Remonti LR, Leitão CB, Gross JL.
PLoS Med. 2016
Apr 2;13(4):e1001992.
Trata-se
de uma revisão sistemática com metanálise de ECRs em pacientes com DM2 que utilizaram
sulfoniluréia de 2° ou 3° geração, com duração de pelo menos 52 semanas, que
reportaram morte por todas as causas, morte por causa cardiovascular, IAM ou
AVC. Além da análise dos desfechos comparando usuários de sulfoniluréias e os
grupos controle, foi realizado metanálise de cada grupo controle (placebo,
dieta e comparadores ativos). Também foi avaliada utilização como monoterapia,
terapia combinada ou inespecífica (sem descrição), e análise de cada fármaco da
classe. Foi realizada TSA (trial sequential
analysis) para os desfechos principais, objetivando avaliar se a amostra
foi suficiente para firmar conclusões sobre os efeitos das intervenções,
utilizando uma diferença esperada entre os grupos de 0,5% para estimar o
tamanho ideal da amostra. Análises foram realizadas utilizando o método de
Peto, pois este se ajusta melhor para estudos com eventos raros do que o Mantel-Haenszel.
Para avaliar vieses de estudos pequenos, foi utilizado um contour-enhanced funnel plot e teste de Begg e Egger para
assimetria. O método de trim-and-fill
foi utilizado para estimar os efeitos dos estudos não incluídos.
Na
análise final foram incluídos 47 estudos, com um total de 37.650 pacientes, com
idade média de 57,3 anos e HbA1c média no baseline de 7,2%. Não houve aumento de mortalidade por
todas as causas ou cardiovascular associado ao uso de sulfoniluréia quando
comparado a placebo, dieta ou comparadores ativos. Essa ausência de efeito se
manteve quando analisados apenas estudos com seguimento maior do que 2 anos e
após análises de vieses de publicação. Também não foi demonstrado aumento do
risco de IAM ou AVC, mesmo após subanálises. Os resultados não modificaram
quando foram avaliadas separadamente as intervenções do grupo controle ou a
linha do tratamento (monoterapia, combinada ou 2° droga junto a metformina). Quando
avaliado cada fármaco isoladamente, o uso da glipizida foi associado ao aumento
do risco de mortalidade por causa cardiovascular e por todas as causas,
baseados em pequeno número de pacientes e estudos. Utilizando o TSA, foi
descartado uma diferença entre os grupos de 0,5% (NNH 200) em relação à morte
por causa cardiovascular e por todas as causas. Para os pacientes que
utilizaram tratamento combinado (MTF + Sulfa), com o TSA foi descartada diferença
para morte por todas as causas, mas não por causa cardiovascular. Durante o
Clube foram discutidos os seguintes aspectos
·
O aumento do risco de eventos relacionados com
sulfoniluréias descrito em estudos anteriores parece estar relacionado com a inclusão
das sulfoniluréias de 1° geração;
·
A análise com o TSA demonstrou que não são
necessários mais estudos para comprovar estes achados.
Pílula
do Clube: O uso de sulfoniluréias de segunda e terceira
geração no tratamento de pacientes com DM2 não está relacionado ao aumento do
risco de IAM, AVC, morte por causa cardiovascular ou por todas as causas.
Discutido
no Clube de 22/08/2016.
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