Manuel R. Blum, Douglas C. Bauer,
Thin-Hai Collet, Howard A Fink, Anne R Cappola, Bruno R da Costa, Christina D
Wirth, Robin P Peeters, Bjern O Asvold, Wendy P J den Elzen, Robert N Luben, Misa
Imaizumi.
JAMA
2015, 313: 2055-2065.
Trata-se de
metanálise de dados individuais de estudos de coorte prospectivos realizados
até março de 2015. O objetivo principal era avaliar a associação entre disfunção
tireoidiana subclínica e risco de fraturas, além de estabelecer a relação com a
idade, sexo e TSH dos participantes. Foram incluídos todos os estudos que
apresentassem medidas de TSH e T4 livre e tivessem seguimento com avaliação de
fraturas como desfecho. Os estudos com pacientes com disfunção tireoidiana
estabelecida ou uso de medicações que interferissem no funcionamento da
tireóide foram excluídos. Os estudos incluídos forneciam os dados individuais dos
participantes (características, função tireoidiana, dados do metabolismo ósseo
e fraturas). O desfecho primário era a ocorrência de fratura de quadril
(excluindo pacientes com prótese ou fratura patológica). Os desfechos
secundários eram a ocorrência de fraturas de qualquer origem, excluindo áreas
não afetadas pela fragilidade óssea (ex. face e dedos) e fraturas identificadas
apenas em radiografias. Após a análise inicial, foi feita uma análise de
sensibilidade, ajustando os resultados para as seguintes variáveis: diabetes,
medicações que interferissem no eixo tireoidiano, exclusão de estudos com
perdas acima de 5%, exclusão de estudos sem avaliação de T3/T4 livre. Entre os
1.371 estudos identificados inicialmente, 13 foram selecionados (n=70.298). Os
estudos tinham uma média de 12 anos de seguimento, com participantes com média
de 64 anos de idade, 63% mulheres. Após os ajustes realizados, o
hipertireoidismo subclínico foi associado a maior risco para fraturas de
quadril (HR 1,36; IC95% 1,13-1,64), qualquer fratura (HR1,28; IC95% 1,06-1,53)
e fraturas de coluna (HR 1,51; IC95% 0,93-2,45). Apenas dois estudos
individualmente mostraram associação entre hipertireoidismo subclínico e
fratura de quadril e nenhum estudo mostrou associação com desfechos secundários.
Quando realizadas as subanálises, verificou-se tendência a fraturas de coluna
entre os homens com hipertireoidismo subclínico (HR 3,61; IC95% 1,76-7,41)
quando comparados a mulheres (HR 1,17; IC 95% 0,63-2,19). De acordo com as
categorias de TSH, o risco de fraturas de quadril, coluna e qualquer fratura
eram maiores em pacientes com TSH mais baixo (HR 3,57; IC95% 1,88-6,78). Não
houve associação entre hipotireoidismo subclínico e risco de fraturas (HR 0,96;
IC95% 0,83-1,10). Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram
discutidos:
·
Observou-se associação positiva entre
hipertireoidismo subclínico e risco de fraturas, mesmo após ajustes. A
informação de que este risco é maior entre aqueles com menor TSH é relevante na
prática clínica;
·
Corroborando a ausência de base
fisiopatológica para esta hipótese, o hipotireoidismo subclínico não teve
associação com aumento de risco de fraturas;
·
A maior parte dos estudos só apresentava
função tireoidiana no baseline e não
apresentava as medidas de T4 e T4 livre, fundamentais para a definição de
hipertireoidismo subclínico;
·
Pela ausência de ensaios clínicos
controlados, não é possível afirmar que o tratamento do hipertireoidismo
subclinico tenha algum papel na prevenção de fraturas.
Pílula
do Clube: O
hipertireoidismo subclínico está associado a aumento no risco de fraturas,
principalmente entre indivíduos com TSH ≤ 0,1 mU/L, mas ainda não há evidências
para afirmar que o tratamento desta condição possa prevenir a ocorrência de
fraturas.
Discutido no Clube de Revista de 01/06/2015.
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