segunda-feira, 27 de julho de 2015

N-of-1 (Single-Patient) Trials for Statin-Related Myalgia

Tisha R. Joy, Alaa Monjed, Guang Yong Zou, Robert A. Hegele, Charlotte G. McDonald, and Jeffrey L. Mahon.

Ann Intern Med 2014, 160:301-310.

Analisamos no clube de revista a extensão do CONSORT publicado a respeito de estudos N de 1 (CENT) e analisamos o artigo acima em relação ao assunto. Ensaios clínicos N de 1 são estudos onde 1 paciente recebe terapia ativa durante um período de tempo de um “par”, e no outro período recebe placebo ou terapia alternativa. Idealmente é duplo cego e implica, pelo conceito, em ser crossover. O estudo que exemplifica o assunto avaliou estatina vs. placebo por períodos de 3 semanas em relação ao desenvolvimento de mialgia. A ordem para o recebimento de placebo ou estatina foi randomizada e os pacientes e os médicos foram cegados para a intervenção. O desfecho mialgia foi avaliado por escalas análogo visuais e questionário sobre dor. Dez pacientes foram elegíveis, sendo que 8 iniciaram o estudo. Os pacientes tinham alto risco Framingham e média de colesterol LDL de 128 mg/dL. A média de estatinas previamente tentadas foram 3, sendo rosuvastatina e atorvastatina as mais frequentemente tentadas. Cada paciente recebeu a estatina que estava utilizando mais recentemente. Para a avaliação de mialgia por escala análogo-visual, não houve diferença significativa para 7 de 8 pacientes com estatina em relação à placebo. Para o escore de severidade de dor, os pacientes sentiram mais desconforto durante a terapia com estatina, mas essa diferença não alcançou a significância clínica pré-especificada de pelo menos 1 ponto. Não houve diferenças entre níveis de CK e enzimas hepáticas entre tratamento e placebo. Após o estudo, 5 de 7 pacientes tiveram indicação de manter estatina e retomaram o seu uso com seguimento com mediana de 10 meses. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
      Os resultados suportam a prova de conceito que estudos n de 1 podem auxiliar na avaliação de mialgia associada a estatinas em pacientes selecionados;
      Os escores utilizados não foram validados para mialgia;
      Não houve cálculo de amostra para análise estatística e a análise estatística de estudos n de 1 engloba conceitos estatísticos bastante complexos, comumente não utilizados em outros trials randomizadas;
      Neste tipo de estudo, deve-se atentar para possíveis efeitos de carry-over da medicação, uma vez que ela é utilizada diversas vezes pelo mesmo paciente de forma intermitente.

Pílula do Clube: Sintomas associados ao uso de estatinas são questionáveis em muitos pacientes, sendo que este e outros estudos demonstram que muitas vezes os sintomas podem não ser relacionados à medicação. Este tipo de estudo seria também útil para avaliação de paraefeitos comuns apresentados por outras drogas na endocrinologia, como por exemplo, a metformina.


Discutido no Clube de Revista de 25/05/2015.

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