segunda-feira, 6 de julho de 2015

Adrenal insufficiency in corticosteroids use: systematic review and meta-analysis

Leonie H.A. Broersen, Alberto M. Pereira, Jens Otto L. Jorgensen, Olaf M. Dekkers.


Esta revisão sistemática com metanálise teve como objetivo verificar o percentual de pacientes que desenvolvem insuficiência adrenal (IA) após a suspensão do uso de corticosteroides e, secundariamente, estratificar resultados por via de administração, doença subjacente, dose e duração do tratamento.  Foram selecionados estudos originais avaliando IA em adultos usuários de corticosteroides, confirmado com pelo menos um dos seguintes testes: hipoglicemia insulínica, estimulação com ACTH, CRH ou metirapona. Não houve restrição quanto à dose, duração ou tipo de corticoterapia. Foram buscados ensaios clínicos randomizados, estudos de coorte e estudos transversais redigidos em inglês, por dois revisores diferentes nas bases PubMed, MEDLINE, EMBASE, COCHRANE, CENTRAL, Web of Science e CINAHL, publicados a partir de 1975. Foi realizada análise estratificada de IA por forma de administração, dose (baixa, moderada e alta), doença de base (asma -incluindo DPOC, rinite alérgica, distúrbios dermatológicos, doenças reumatologias, transplante renal, neoplasias hematológicas, fibrose cística e doença de Crohn) e duração (<1 mês: curto prazo, >1 mês até 1 ano: médio prazo, > 1 ano: longo prazo). Foram selecionados 74 artigos, totalizando 3.753 participantes. Destes, 1.190 (31%) foram diagnosticados com IA. Baseado na forma de administração, desenvolveram IA 4,2% dos que utilizaram administração nasal (IC95% 0,5 – 28,9), e até 52,2% dos que utilizaram administração intra-articular (IC95% 40,5 – 63,6). Baseado nas doenças, a ocorrência de IA foi de 6,8% na asma com apenas corticosteroide inalatório (IC95% 3,8 – 12,0), e até 60% nas neoplasias hematológicas (IC95% 38,0 – 78,6). O risco também variou de acordo com a dose recebida, 2,4% (IC95% 0,6 – 9,3) para doses baixas até 21,5% (IC95% 12,0 –35,5) para doses altas. Quanto à duração do tratamento, IA ocorreu em 1,4% (IC95% 0,3 – 7,4) em até 28 dias, até 27,4% (IC95% 17,7 – 39,8) nos asmáticos que usaram mais de 1 ano de terapia. Foram discutidos alguns tópicos no clube de revista:
  • Como há poucos trabalhos desenhados para análise de IA após uso de corticoide, muitos artigos com diversos vieses foram selecionados para a análise;
  •  A maioria dos estudos utilizados não tinha como objetivo avaliar a incidência de IA, o que prejudicou a obtenção de dados, como os sintomas relacionados com IA, que foram relatados separadamente em apenas 10 dos estudos selecionados;
  •  Por ser uma metanálise que incluiu estudos com característica muito diferentes (diferentes doenças, durações, vias de administração e tipo de corticoterapia utilizadas), algumas variáveis não puderam ser analisadas;
  • Como já era esperado, uso de doses maiores de corticosteroides e por períodos mais prolongados se associaram com maior risco absoluto de IA que as demais formas. Chama a atenção o alto risco de IA com o uso de corticosteroides via intramuscular devido a mecanismo de depósito e também a existência de risco de IA em utilizações inalatórias, tópicas e nasais, classicamente consideradas inofensivas do ponto de vista de supressão da suprarrenal.


Pílula do clube: Não há nenhuma forma, dose, doença ou duração de tratamento em que a IA possa ser completamente descartada. Todos os pacientes usando corticoterapia estão sob risco para IA, sendo necessário informá-los sobre os sintomas e até mesmo considerar testes para investigação de IA após suspensão de doses altas ou períodos prolongados de uso.


Discutido no Clube de Revista de 20/04/2015.

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