JAMA
2015, 313:45-53.
Trata-se
de estudo de avaliação da mortalidade no EDIC, coorte de seguimento dos
pacientes que participaram do DCCT. O DCCT foi um ECR publicado no NEJM em 1993
onde 1.441 pacientes com DM1 foram recrutados entre 1983-89, com seguimento
médio de 6,5 anos, que demonstrou que o tratamento intensivo versus tratamento
conservador reduz o aparecimento e progressão de complicações microvasculares no
DM tipo 1. Em 2005 foi publicado no NEJM um estudo com os pacientes do EDIC,
que avaliou eventos cardiovasculares após 11 anos do final do ECR, demonstrando
redução de eventos cardiovasculares, principalmente IAM não fatal, AVC e morte
por evento cardiovascular nos pacientes provenientes do grupo de tratamento intensivo.
Levando em consideração que após o encerramento do DCCT o tratamento intensivo
foi oferecido a todos os pacientes, após 11 anos não havia diferença de HbA1c
entre os pacientes provenientes dos dois grupos, sendo o efeito observado
relacionado à redução glicêmica no período inicial do tratamento. O presente
estudo foi realizado objetivando avaliar mortalidade nos pacientes do EDIC após
19 anos do encerramento do DCCT. A análise foi feita após registro de 50 óbitos
nos pacientes submetidos ao tratamento conservador, com poder de 85% para
avaliar hazard ratio de 0,5. A
mortalidade geral registrada foi de 0,29%, com redução de risco de 33% nos
pacientes inicialmente submetidos ao tratamento intensivo, principalmente às
custas de diminuição de morte por doenças renais, cardiovasculares e câncer. Não
houve aumento significativo de mortalidade nos pacientes com episódios graves
de hipoglicemia, exceto naqueles que apresentaram hipoglicemias acompanhadas de
convulsões e/ou coma, no qual houve aumento de risco de 66%. Houve maior número
de mortes por suicídio ou acidentes no grupo do tratamento intensivo, sem
relação bem estabelecida entre os acidentes e episódios de hipoglicemia. Houve
maior risco de mortalidade nos pacientes com HbA1c mais altas, com aumento de
56% do risco para cada 10% de aumento de HbA1c. Durante o Clube de Revista, os
seguintes pontos forma discutidos:
·
O estudo apresentou número muito pequeno de
perdas durante todo o seguimento, aumentando sua validade externa;
·
O achado inicial de redução das complicações
microvasculares no DCCT se manteve no EDIC em relação às macrovasculares e à
mortalidade;
·
Após o encerramento do DDCT, quase todos os
pacientes foram submetidos a tratamento intensivo, sem diferença na HbA1c entre
os grupos após 11 anos, sugerindo que o controle estrito desde o diagnóstico e em
longo prazo tem impacto em desfechos de interesse;
·
A intensificação do tratamento das doenças
macrovasculares, com a introdução de estatinas, AAS, IECA e beta bloqueadores
reduziu o impacto do controle do DM nos desfechos em relação à época do estudo
original;
·
O maior número de mortes por suicídio e/ou
acidentes nos pacientes do grupo do tratamento intensivo não tem relação causal
bem estabelecida;
Pílula
do Clube: Em pacientes com DM tipo 1, o controle
glicêmico estrito desde o inicio do tratamento, além de diminuir as
complicações microvasculares e macrovasculares se associa com diminuição de
mortalidade em longo prazo.
Discutido
no Clube de 18/05/2015.
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