Sandeep Vijan, Jeremy B. Sussman, John S. Yudkin, Rodney A. Hayward.
JAMA Intern Med 2014 Jun
30; 174(8):1227-1234.
Este estudo teve por objetivo avaliar
o impacto do tratamento do diabetes tipo 2 (DM2) na qualidade de vida de
pacientes diabéticos utilizando simulação baseada em parâmetros de estudos
clássico prévios. Foi utilizado modelo de Markov modificado para avaliar o
benefício do controle glicêmico, considerando complicações micro e
macrovasculares, assumindo efeitos otimistas. A estimativa de taxas de
complicações foi baseada em estudos randomizados e observacionais, em especial
o estudo UKPDS, e o risco cardiovascular foi estimado pelo escore Framingham. A
quantificação e comparação do impacto do tratamento em relação à qualidade de
vida do paciente foi realizada utilizando-se o conceito de utilidade e
desutilidade (qualidade de vida perdida em 1 ano), através do QALY. Foi
examinado o efeito que se obtém ao reduzir 1% na HbA1C em paciente diabético
tipo 2 e também o efeito sobre dois cenários específicos, o primeiro de um
paciente com DM2 de 45 anos que iniciaria metformina e o segundo de um paciente
com DM2 que adicionaria insulina a seu tratamento com antidiabéticos orais. As
predições dos modelos realizados se correlacionaram intimamente com os
resultados observados no UKPDS. Foi demonstrado benefício significativo em
reduzir a Hb1Ac em pacientes jovens, com benefício menor em pacientes mais
idosos. O peso do tratamento que reduziu a HbA1c em 1 ponto resulta em prejuízo
entre 0,01 e 0,05 QALYs, dependendo de fatores como idade e HbA1c
pré-tratamento. Como resultado do primeiro cenário, o inicio do uso de
metformina produz benefícios em torno de 0,14 QALYs (idosos) a 1,2 QALYs (mais
jovens). Como resultado do segundo cenário, a adição de insulina trouxe
prejuízo em qualidade de vida independente da idade do paciente analisado (-0,1
a -0,49 QALYs). Os resultados sugerem que os benefícios do tratamento do DM2 variam de acordo com idade ao
diagnostico, HbA1c inicial e principalmente, ponto de vista do paciente sobre o
peso/sobregarga do tratamento. Durante o Clube de Revista, os seguintes
pontos foram discutidos:
- Neste estudo foram utilizados como
desfecho de interesse QALYs e não redução de eventos (IAM, DRC terminal);
- Novas medicações para DM devem ser
avaliadas não somente em relação à redução de HbA1c, mas também quanto à
qualidade de vida proporcionada ao paciente;
- Controle da pressão arterial e
dislipidemia em pacientes diabéticos se mostrou, em outras análises, muito
mais efetivo que o controle glicêmico (30 QALYs ganhos/100 anos de
tratamento);
- Os médicos normalmente superestimam os benefícios
do tratamento que propõem e poucos consideram a sobrecarga do tratamento
ao paciente. Dada à variabilidade de preferências individuais, é pouco
provável que haja unanimidade para decisões sobre controle glicêmico.
Pílula
do Clube: Não devemos usar unicamente a HbA1c como alvo no tratamento do paciente
com DM2; sua idade e complicações estabelecidas devem ser levadas em
consideração, e as decisões devem ser individualizadas. As preferências e ponto
de vista do paciente sobre o impacto do tratamento são fatores importantes para
ajudá-lo a realizar o tratamento que é melhor para ele mesmo.
Discutido no Clube de Revista de 20/10/2014.
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