sexta-feira, 10 de março de 2023

Liraglutide for Weight Management in Children and Adolescents with Prader-Willi Syndrome and Obesity

 Gwenaëlle Diene, Moris Angulo, Paula M Hale, Cecilie H Jepsen, Paul L Hofman, Anita Hokken-Koelega, Chethana Ramesh, Serap Turan, Maïthé Tauber


J Clin Endocrinol Metab 2022, 108(1):4-12.

https://academic.oup.com/jcem/article/108/1/4/6736895?login=false 


A síndrome de Prader-Willi (SPW) é a forma sindrômica mais comum de obesidade, caracterizando-se por hiperfagia, obesidade de início precoce, hipogonadismo, atraso no desenvolvimento e traços faciais característicos. A restrição alimentar pode ser de difícil implementação. A liraglutida é agonista de receptores de GLP-1 que aumenta a saciedade e reduz a ingestão energética por efeitos hipotalâmicos inclusive, levando à perda de peso. Em adolescentes com obesidade, a liraglutida 3mg como adjuvante de intervenções no estilo de vida é eficaz para perda de peso. Objetivo: Investigar eficácia e segurança da liraglutida em crianças e adolescentes com SPW e obesidade versus placebo em 16 semanas e versus nenhum tratamento em 52 semanas como adjuvante de uma dieta estruturada e programa de exercícios. 

Foi realizado um ensaio clínico randomizado por 52 semanas, controlado por placebo, grupos paralelos, com período duplo-cego de 16 semanas e período aberto de 36 semanas, com período de 2 semanas sem medicamentos. Pacientes e investigadores estavam cegos para tratamento do estudo designado durante as primeiras 16 semanas de tratamento. Os pacientes foram randomizados 2:1 para liraglutida 3 mg (ou dose máx tolerada) ou placebo correspondente nas 16 semanas iniciais (período duplo-cego). Das semanas 17 a 52, pacientes designados para liraglutida continuaram recebendo seu tratamento randomizado e pacientes designados para placebo não receberam nenhum tratamento além de dieta e exercício (período aberto). Foram critérios de inclusão: idade ≥12 a <18 anos +  Tanner estágio 2-5 e crianças ≥6 a <12 anos + Tanner <2 (adrenarca prematura permitida) com SPW geneticamente confirmada, obesidade (≥ percentil 95 para idade e sexo) e peso corporal estável. Foram critérios de exclusão: diabetes mellitus, insuficiência adrenal e gastroparesia. O tratamento concomitante com hormônio de crescimento foi permitido se iniciado antes da randomização e mantido até o final do período aberto. O desfecho primário avaliado foi a alteração no escore de desvio padrão do IMC desde a linha de base até 16 semanas e até 52 semanas. Os desfechos secundários foram: proporção pacientes com redução ≥5% e ≥10% no IMC basal nas semanas 16 e 52, proporção pacientes sem aumento escore desvio padrão IMC basal nas semanas 16 e 52 e alterações da linha de base até semana 16 e semana 52 no IMC, peso corporal, circunferência da cintura, proporção circunferência cintura quadril, escore hiperfagia, PCR, perfil lipidico, PAS e PAD e parâmetros do metabolismo da glicose. Foram selecionados 64 pacientes (32 adolescentes e 24 crianças). A maioria das características basais dos pacientes foram equilibradas entre os grupos. No entanto, em adolescentes randomizados para liraglutida versus placebo, 52,6% eram do sexo feminino (vs 41,7%), o IMC médio foi de 36,3 kg/m2 (vs 40,2 kg/m2) e o peso corporal foi de 90,1 kg (vs 102,0 kg). Em crianças randomizadas para liraglutida versus placebo, 64,7% eram do sexo feminino (vs 28,6%), o IMC médio foi de 32,4 kg/m2 (vs 30,3 kg/m2) e o peso corporal foi de 57,1 kg (vs 55,5 kg). Não houve superioridade da liraglutida quanto aos desfechos estudados, exceto por redução na glicemia de jejum com liraglutida em adolescentes observados na semana 16 e reduções na pontuação total de hiperfagia e pontuação de hiperfagia para liraglutida  versus não tratamento em adolescentes apenas na semana 52. 94,7% dos adolescentes e 58,8% das crianças em uso de liraglutida atingiram a dose alvo de 3 mg. No Clube foram discutidos os seguintes pontos: 

  • Foram avaliados pacientes em duas diferentes fases de desenvolvimento. Considerando os grupos em separado o número pequeno de pacientes era muito pequeno, sugerindo pouco poder para avaliar os desfechos pretendidos;

  • O patrocinador foi responsável pela concepção e condução do estudo e pela coleta e análise de dados, o que faz com que os resultados devam ser avaliados com cautela;

  • A falta de efeito da liraglutida na redução escore desvio padrão IMC nessa população não é clara, visto que a medicação tem se mostrado eficaz em alguns pacientes com obesidade hipotalâmica por dano hipotalâmico (craniofaringioma).


Pílula do Clube: a liraglutida não  mostrou superioridade em relação ao placebo para redução do IMC em pacientes com SPW e obesidade em crianças e adolescentes. Baixo poder é uma possibilidade para os resultados negativos.


Discutido no Clube de Revista de 24/10/2022.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Semaglutide and Cardiovascular Outcomes in Obesity without Diabetes

  A. Michael Lincoff, Kirstine Brown‐Frandsen, Helen M. Colhoun, John Deanfield, Scott S. Emerson, Sille Esbjerg, Søren Hardt‐Lindberg, G. K...