Ioannis I. Androulakis, Gregory A. Kaltsas, Georgios
E. Kollias, Athina C. Markou, Aggeliki K. Gouli, Dimitrios A. Thomas,
Krystallenia I. Alexandraki, Christos M. Papamichael, Dimitrios J. Hadjidakis,
and George P. Piaditis
J Clin Endocrinol Metab, August 2014, 99(8): 2754
–2762
Trata-se
de um estudo de caso-controle realizado em um único centro na Grécia. O
objetivo principal era avaliar o risco cardiovascular em pacientes com
incidentaloma adrenal (IA) não funcionante. Foram selecionados 60 pacientes
consecutivos com IA, euglicêmicos, normotensos e sem dislipidemia. O grupo
controle era composto por 32 indivíduos saudáveis com imagem adrenal normal
(realizada por outro motivo), sem manifestações clínicas de síndrome de
Cushing, com ACTH e cortisol basais normais, euglicêmicos, normotensos e sem
dislipidemia. O recrutamento ocorreu entre 2008 e 2011. Eram excluídos pacientes
com malignidade conhecida, em uso de medicações que afetassem os parâmetros
medidos ou com feocromocitoma. A avaliação do risco cardiovascular foi
realizada por meio da aferição de marcadores bioquímicos e de medidas de
desfechos substitutos não invasivos, como IMT (intima-media thickness)
e FMD (flow-mediated vasodilatation). Eram avaliados ainda o perfil
hormonal e calculados os índices de resistência insulínica. Durante a análise
de resultados, houve uma separação dentro do grupo IA entre aqueles com
secreção de cortisol (26 dos 60) e aqueles não funcionantes. Os resultados
principais demonstram que pacientes com IA não secretor apresentaram maior IMT
e menor FMD comparados com os controles; também aqueles com IA secretor de
cortisol apresentaram IMT maior e FMD menor quando comparados aos controles e
aos não secretores. Dentre os marcadores laboratoriais, houve diferença apenas
na lipoproteína A entre o grupo de IA não funcionante e o grupo controle, sendo
maior no primeiro grupo. A proteína C reativa, homocisteína e fibrinogênio tiveram
diferença entre o grupo IA (incluindo aqueles secretores de cortisol) e o grupo
controle, sendo maior naqueles com lesão adrenal. Os índices de resistência
insulínica evidenciaram uma maior resistência naqueles com IA não funcionantes
e naqueles com IA secretor de cortisol quando comparados com aqueles do grupo
controle. Durante o clube de revista os seguintes pontos foram ressaltados:
- A proposta
inicial do estudo era avaliar pacientes com IA não funcionante, mas outras
análises foram desenvolvidas envolvendo IA secretor de cortisol;
- Os desfechos
utilizados para avaliar risco cardiovascular são substitutos, e merecem,
portanto, muita cautela nas conclusões;
- O delineamento
do estudo impede determinar causalidade entre as variáveis avaliadas.
Pílula do Clube: Esse é um estudo
gerador de hipótese, sendo necessários estudos prospectivos, bem desenhados e
bem conduzidos para confirmação dessas relações e para buscar respostas quanto
à melhor conduta frente a esses pacientes com IA não secretores.
Discutido no Clube de Revista de 18/08/2014.
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