Krishnan Bhaskaran, Ian Douglas, Harriet Forbes, Isabel
dos-Santos-Silva, David A Leon, Liam Smeeth.
Lancet.
2014, 30;384(9945):755-65.
Trata-se de um estudo de coorte realizado
no Reino Unido com o intuito de avaliar a relação entre índice de massa corporal
(IMC) e risco para diversas neoplasias malignas. Os investigadores utilizaram o
banco de dados “Clinical Practice Research Datalink” para obter informações de
pacientes em atendimento primário, incluindo IMC. Para avaliar a associação do
IMC e 22 tipos de neoplasias malignas mais comuns foi utilizado o modelo de Cox
e ajustado para potenciais confundidores. Foram incluídos 5,24 milhões de
indivíduos e destes, 166.955 desenvolveram algum dos tipos de neoplasia maligna
de interesse. O IMC foi associado com 17 das 22 neoplasias, variando seu efeito
conforme o sítio. Para cada aumento de 5 kg/m2 no IMC, ocorreu um
aumento linear associado com câncer de útero (HR 1,62; IC 99% 1,56-1,69; P <
0,0001), vesícula (HR 1,31; IC 99% 1,12-1,52; P < 0,0001), rim (HR 1,25; IC
99% 1,17-1,33; P < 0,0001), colo de útero (HR 1,10; IC 99% 1,03-1,17; P =
0,00035), tireóide (HR 1,09; IC 99% 1,00-1,19; P = 0,0088) e leucemia (HR 1,09;
IC 99% 1,05-1,13; P < 0,0001). Risco de câncer de fígado, cólon, ovário e
mama pós-menopausa tiveram uma associação não linear com o IMC. Foi
identificada uma associação inversa entre IMC e risco de câncer de mama
pré-menopausa (0,89; 0,86-0,92) e próstata (0,98; 0,93-0,99). Câncer de pulmão
e cavidade oral tiveram associação inversa com IMC, mas ao observar apenas não
fumantes essa associação desapareceu, possivelmente devido ao confundidor residual de carga tabágica. Assumindo
causalidade, 41% dos cânceres uterinos e mais de 10% dos de vesícula, rim,
fígado e cólon poderiam ser atribuídos ao excesso de peso. Durante o clube de
revista os seguintes pontos foram ressaltados:
- O estudo
apresenta limitações inerentes ao seu desenho (coorte) que são o viés de
seleção (foram selecionados apenas os indivíduos com dados de IMC) e os
viéses de confusão (não foi avaliada a carga tabágica, etilismo foi
auto-reportado, não foi avaliada atividade física nem os fatores
reprodutivos femininos ou possíveis infecções que aumentam o risco de
alguns cânceres, não foram avaliado subtipos de cânceres).
- Possível viés
de confusão entre IMC e carga tabágica pode ter afetado a associação
inversa do IMC com câncer de pulmão e cavidade oral.
Pílula
do Clube: A obesidade parace estar linearmente associada com maior
risco de câncer de útero, vesícula, rim, colo uterino, tireóide e leucemia.
Discutido no Clube de Revista de 25/08/2014.
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