sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Body-mass index and risk of 22 specific cancers: a population-based cohort study of 5·24 million UK adults

Krishnan Bhaskaran, Ian Douglas, Harriet Forbes, Isabel dos-Santos-Silva, David A Leon, Liam Smeeth.

Lancet. 2014, 30;384(9945):755-65.

Trata-se de um estudo de coorte realizado no Reino Unido com o intuito de avaliar a relação entre índice de massa corporal (IMC) e risco para diversas neoplasias malignas. Os investigadores utilizaram o banco de dados “Clinical Practice Research Datalink” para obter informações de pacientes em atendimento primário, incluindo IMC. Para avaliar a associação do IMC e 22 tipos de neoplasias malignas mais comuns foi utilizado o modelo de Cox e ajustado para potenciais confundidores. Foram incluídos 5,24 milhões de indivíduos e destes, 166.955 desenvolveram algum dos tipos de neoplasia maligna de interesse. O IMC foi associado com 17 das 22 neoplasias, variando seu efeito conforme o sítio. Para cada aumento de 5 kg/m2 no IMC, ocorreu um aumento linear associado com câncer de útero (HR 1,62; IC 99% 1,56-1,69; P < 0,0001), vesícula (HR 1,31; IC 99% 1,12-1,52; P < 0,0001), rim (HR 1,25; IC 99% 1,17-1,33; P < 0,0001), colo de útero (HR 1,10; IC 99% 1,03-1,17; P = 0,00035), tireóide (HR 1,09; IC 99% 1,00-1,19; P = 0,0088) e leucemia (HR 1,09; IC 99% 1,05-1,13; P < 0,0001). Risco de câncer de fígado, cólon, ovário e mama pós-menopausa tiveram uma associação não linear com o IMC. Foi identificada uma associação inversa entre IMC e risco de câncer de mama pré-menopausa (0,89; 0,86-0,92) e próstata (0,98; 0,93-0,99). Câncer de pulmão e cavidade oral tiveram associação inversa com IMC, mas ao observar apenas não fumantes essa associação desapareceu, possivelmente devido ao  confundidor residual de carga tabágica. Assumindo causalidade, 41% dos cânceres uterinos e mais de 10% dos de vesícula, rim, fígado e cólon poderiam ser atribuídos ao excesso de peso. Durante o clube de revista os seguintes pontos foram ressaltados:
  • O estudo apresenta limitações inerentes ao seu desenho (coorte) que são o viés de seleção (foram selecionados apenas os indivíduos com dados de IMC) e os viéses de confusão (não foi avaliada a carga tabágica, etilismo foi auto-reportado, não foi avaliada atividade física nem os fatores reprodutivos femininos ou possíveis infecções que aumentam o risco de alguns cânceres, não foram avaliado subtipos de cânceres).
  • Possível viés de confusão entre IMC e carga tabágica pode ter afetado a associação inversa do IMC com câncer de pulmão e cavidade oral.

Pílula do Clube: A obesidade parace estar linearmente associada com maior risco de câncer de útero, vesícula, rim, colo uterino, tireóide e leucemia.


Discutido no Clube de Revista de 25/08/2014.

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