Universal
Screening Versus Case Finding for Detection and Treatment of Thyroid
Hormonal Dysfunction During Pregnancy
Roberto
Negro, Alan Schwartz, Riccardo Gismondi, Andrea Tinelli,
Tiziana
Mangieri, and Alex Stagnaro-Green
J Clin
Endocrinol Metab 2010, 4:1699-707.
Esse ECR avaliou duas técnicas de
rastreamento de hipotireoidismo gestacional em mulheres. Foram randomizadas
4.561 mulheres com até 11 semanas de idade gestacional e sem doença tireoidiana,
entre março de 2005 e fevereiro de 2008, para rastreamento universal (todas
avaliadas com TSH, T4 livre e anti-TPO) ou seletivo (todas coletaram sangue
para os mesmos exames, mas apenas as de alto risco tiveram a amostra analisada
no momento que foi coletada; nas demais, o soro foi armazenado para análise
após o parto). O rastreamento seletivo era realizado em mulheres com história
familiar de doença tireoidiana auto-imune, bócio, sinais ou sintomas sugestivos
de doença tireoidiana, DM1 ou outra doença auto-imune, exposição à radiação
cervical, abortos prévios ou partos pré-termos no passado. As participantes
eram classificadas em hipotireoideas (TSH >2,5 mU/L e TPO positivo), hipertireoideas
ou eutireoideas. As pacientes hipotireoideas iniciavam tratamento com
levotiroxina para manter TSH < 2,5 mU/L (1º trimestre) ou < 3,0 mU/L (2º
e 3º trimestres); as hipertireoideas (TSH indetectável e T4L elevado) iniciavam
antitireoidianos. O desfecho primário foi o número de desfechos obstétricos e
fetais (revisão de prontuário de forma cegada). As características basais foram
semelhantes entre os grupos, exceto por maior número de mulheres eutireoideas
no subgrupo de baixo risco comparado ao subgrupo de alto risco entre as
selecionada para busca seletiva. Não
houve diferença entre o grupo rastreamento universal vs. seletivo quanto ao desfecho primário (X2 p=0,69).
Considerando apenas as pacientes de baixo risco de ambos os grupos, houve menor
taxa de eventos no rastreamento universal (OR 0,43 IC 95% 0,26-0,70), o que não
ocorreu quando comparadas as pacientes de alto risco dos dois grupos. Em
virtude de muitas mulheres de baixo risco eutireoideas terem apresentado
eventos adversos gestacionais em ambos os grupos, o rastreamento não demonstrou
benefício significativo (NNR 60 para prevenir qualquer evento - IC 95% 21 - ∞). Durante o clube de revista,
os seguintes pontos foram discutidos:
- Os mesmos autores já haviam demonstrado
em publicação anterior que anti-TPO reagente, independente de níveis de
TSH, é preditor de piores desfechos; este critério não foi utilizado para
o rastreamento seletivo, no entanto;
- Era considerado hipotireoidismo a
presença de TSH > 2,5 e anti-TPO reagente, independente dos níveis de
T4 livre;
- Não há descrição sobre a forma com foi
classificada a função tireoidiana das pacientes com TSH elevado >2,5 e
TPO negativo, embora na análise dos resultados, nenhuma delas tenha
apresentado TSH > 5.0 com TPO negativo.
Pílula
do Clube: O rastreamento universal comparado à busca
seletiva de casos de disfunção tireoidiana na gestação não resultou numa
redução de eventos obstétricos/fetais. No entanto, quando identificados e
tratados casos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo na gestação em pacientes
de baixo risco, houve redução na taxa de desfechos.
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