sábado, 19 de outubro de 2013

Comentário Clube de Revista de 08/07/2013

Universal Screening Versus Case Finding for Detection and Treatment of Thyroid Hormonal Dysfunction During Pregnancy
Roberto Negro, Alan Schwartz, Riccardo Gismondi, Andrea Tinelli,
Tiziana Mangieri, and Alex Stagnaro-Green

J Clin Endocrinol Metab 2010, 4:1699-707.

Esse ECR avaliou duas técnicas de rastreamento de hipotireoidismo gestacional em mulheres. Foram randomizadas 4.561 mulheres com até 11 semanas de idade gestacional e sem doença tireoidiana, entre março de 2005 e fevereiro de 2008, para rastreamento universal (todas avaliadas com TSH, T4 livre e anti-TPO) ou seletivo (todas coletaram sangue para os mesmos exames, mas apenas as de alto risco tiveram a amostra analisada no momento que foi coletada; nas demais, o soro foi armazenado para análise após o parto). O rastreamento seletivo era realizado em mulheres com história familiar de doença tireoidiana auto-imune, bócio, sinais ou sintomas sugestivos de doença tireoidiana, DM1 ou outra doença auto-imune, exposição à radiação cervical, abortos prévios ou partos pré-termos no passado. As participantes eram classificadas em hipotireoideas (TSH >2,5 mU/L e TPO positivo), hipertireoideas ou eutireoideas. As pacientes hipotireoideas iniciavam tratamento com levotiroxina para manter TSH < 2,5 mU/L (1º trimestre) ou < 3,0 mU/L (2º e 3º trimestres); as hipertireoideas (TSH indetectável e T4L elevado) iniciavam antitireoidianos. O desfecho primário foi o número de desfechos obstétricos e fetais (revisão de prontuário de forma cegada). As características basais foram semelhantes entre os grupos, exceto por maior número de mulheres eutireoideas no subgrupo de baixo risco comparado ao subgrupo de alto risco entre as selecionada para busca seletiva.  Não houve diferença entre o grupo rastreamento universal vs. seletivo quanto ao desfecho primário (X2 p=0,69). Considerando apenas as pacientes de baixo risco de ambos os grupos, houve menor taxa de eventos no rastreamento universal (OR 0,43 IC 95% 0,26-0,70), o que não ocorreu quando comparadas as pacientes de alto risco dos dois grupos. Em virtude de muitas mulheres de baixo risco eutireoideas terem apresentado eventos adversos gestacionais em ambos os grupos, o rastreamento não demonstrou benefício significativo (NNR 60 para prevenir qualquer evento - IC 95% 21 - ∞). Durante o clube de revista, os seguintes pontos foram discutidos:
  • Os mesmos autores já haviam demonstrado em publicação anterior que anti-TPO reagente, independente de níveis de TSH, é preditor de piores desfechos; este critério não foi utilizado para o rastreamento seletivo, no entanto;
  • Era considerado hipotireoidismo a presença de TSH > 2,5 e anti-TPO reagente, independente dos níveis de T4 livre;
  • Não há descrição sobre a forma com foi classificada a função tireoidiana das pacientes com TSH elevado >2,5 e TPO negativo, embora na análise dos resultados, nenhuma delas tenha apresentado TSH > 5.0 com TPO negativo.


Pílula do Clube: O rastreamento universal comparado à busca seletiva de casos de disfunção tireoidiana na gestação não resultou numa redução de eventos obstétricos/fetais. No entanto, quando identificados e tratados casos de hipotireoidismo ou hipertireoidismo na gestação em pacientes de baixo risco, houve redução na taxa de desfechos. 

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