Agnese
Persichetti, Enrico Di Stasio, Rinaldo
Guglielmi, Giancarlo Bizzarri, Silvia Taccogna, Irene
Misischi, Filomena Graziano, Lucilla Petrucci, Antonio
Bianchini, Enrico Papini.
JCEM 2018, 103
(4): 1359-1368.
Após a publicação do Thyroid Imaging Reporting and Data System (TI-RADS) em 2009,
organizações internacionais divulgaram sistemas próprios de classificação ultrassonográfica
para nódulos de tireoide. O objetivo deste estudo foi avaliar a acurácia,
sensibilidade, especificidade, valores preditivos e concordância
interobservador entre as diretrizes da American
Thyroid Association (ATA), American
Association of Clinical Endocrinologists (AACE/ACE/AME) e British Thyroid Association (BTA) na
predição de malignidade nos nódulos de tireoide. Entre janeiro e setembro
de 2016, foram avaliados no Regina
Apostolorum Thyroid Center 1.110 nódulos de 789 pacientes, referenciados de
sete clínicas de endocrinologia da grande Roma. Quatro ecografistas experientes, usando
ecógrafo padronizado (Esaote Twin),
avaliaram dimensão, ecogenicidade, margens, forma, padrão de vascularização,
presença de calcificação, adenopatia e crescimento extratireoideano dos nódulos. Os
nódulos incluídos na análise (n=987) tinham dimensões maiores que 0,6 cm, sendo
85,4% ≥1,0cm. A prevalência de malignidade foi: ATA: 0.0%, 2.2%, 3.0%, 5.8% e
55.0% nas classes benigno, muito baixa, baixa, intermediária e alta suspeição, respectivamente;
BTA: 2.8%, 10%, 51.3% e 80.9% nas categorias benigno (U2), indeterminado (U3),
suspeito (U4) e maligno (U5), respectivamente e AACE/ACE/AME: 1.1%, 4.4% e
54.9% na baixo, intermediário e alto risco, respectivamente. Foram
diagnosticados 156/987 (15.8%) nódulos malignos. Os ecografistas ficaram em
dúvida em categorizar 31 (3,1%), 21 (2,1%) e 8 (0,8%) casos, aplicando os
critérios de classificações da ATA, BTA e AACE, respectivamente. A prevalência
de malignidade nessas situações foi de 19,3% para ATA, 23,0% para BTA e 12,5%
para AACE/ACE/AME. A sensibilidade, especificidade e acurácia demonstradas
entre as classificações ultrassonográficas foram de: ATA – 81%, 87% e 86%,
respectivamente; BTA – 74%, 92% e 89%; respectivamente e AACE/ACE/AME – 82%,
87% e 86%. A concordância interobsevador foi analisada retrospectivamente em
250 nódulos, com valor k de Cohen de 76,9%, 78,9%, 82%, na ATA, BTA e
AACE/ACE/AME, respectivamente. Durante o clube de revista foram
levantadas as seguintes questões:
·
Neste estudo foram puncionados nódulos
menores que 1 cm e realizada repetição imediata de PAAF em citologia Bethesda
II, o que contrapõe as diretrizes atuais;
·
A amostra de pacientes pode não representar a
prevalência de malignidade nos nódulos da população em geral (viés de seleção);
·
Não apresentado qual o critério utilizado
pelas clínicas de endocrinologia para referenciamento dos nódulos de tireoide;
·
Avaliação ecográfica e cito/histopatológica
dos nódulos da tireoide ocorreu em centro especializado (validade externa?);
·
Houve avaliação histopatológica de todos os
nódulos incluídos na análise, o que é um ponto positivo.
Pílula do
Clube: Os sistemas de estratificação de risco ultrassonográficos da ATA, BTA e
AACE/ACE/AME para nódulos tireoideanos não diferem em relação ao desempenho
(sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo).
Discutido no Clube de Revista de 21/05/2018.
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