Paul Aveyard, Amanda Lewis, Sarah Tearne, Kathryn
Hood, Anna Christian-Brown, Peymane Adab, Rachna Begh, Kate Jolly, Amanda
Daley, Amanda Farley, Deborah Lycett, Alecia Nickless, Ly-Mee Yu, Lise Retat,
Laura Webber, Laura Pimpin, Susan A Jebb
Lancet 2016, 388(10059): 2492-2500.
Trata-se
de um ensaio clinico randomizado realizado com 157 médicos de atenção primária
do sul da Inglaterra que avaliou o rastreio e intervenções breves no manejo da
obesidade. Foram avaliados todos os pacientes que procurassem a atenção
primária por qualquer motivo, sendo realizado avaliação antropométrica e
incluídos os maiores de 18 anos e obesos (IMC>30). Forma excluídos gestantes,
pacientes submetidos a cirurgia bariátrica, aqueles que estavam ou encerraram
nos últimos 3 meses tratamento clínico para obesidade, que não falassem inglês
fluente ou por razões médicas diversas. Pacientes randomizados para a
intervenção foram encaminhados ativamente para um programa de perda de peso com
12 sessões semanais de 1 hora de terapia comportamental em grupo. Pacientes
randomizados para o grupo controle receberam aconselhamento por parte do médico
sobre mudanças comportamentais para com benefício para a saúde. Os pacientes
incluídos realizaram avaliação antropométrica com avaliação de peso, estatura e
massa magra no inicio e após 12 meses e receberam ligação telefônica após 3
meses para avaliação de peso e aderência as orientações. Também foi realizado
questionário ao final da consulta para avaliar percepção dos pacientes a
intervenção do médico. O desfecho primário foi a perda de peso em 12 meses. Os
demais desfechos foram a perda de peso auto relatada em 3 meses, a proporção de
pacientes que perderam 5 ou 10% do peso, o custo por Kg ou IMC reduzido, a
adequação do médico ao protocolo, a percepção dos pacientes às intervenções e a
aderências às medidas para perda de peso. A amostra foi calculada estimando um
seguimento de 70% dos pacientes, com 30% comparecendo aos grupos e reduzindo
3,5Kg ao final de 1 ano no grupo intervenção. Para o grupo controle foi
estimado tentativa de perda de peso em 10%, com redução de 1,2Kg ao final do
seguimento. Foi realizada análise do desfecho primário na população por
intenção de tratar com modelo linear de efeitos mistos e análises de
sensibilidade pré-especificadas, utilizando dados obtidos e métodos imputados,
para avaliar robustez dos dados. Para os desfechos secundários foi utilizado um
modelo de regressão logística de efeitos mistos para comparação entre os
grupos.
Foram
incluídos 1882 pacientes, sem diferenças significativas entre os participantes
e não participantes e 75% dos pacientes completaram o tempo de estudo. No grupo
intervenção, 77% aceitou encaminhamento para os grupos, 40% compareceu no
programa. No grupo controle 9% compareceu ao programa. Ao final do estudo, os
pacientes que receberam a intervenção perderam 2,4 Kg, uma redução de -1,41 Kg (IC95%
-1,96 a -0,85) em relação ao grupo controle. Em 3 meses houve uma diferença de
1,73 Kg (IC95% 1,54 a 2,17) entre os grupos. Os pacientes do grupo intervenção
perderam 5 ou 10% do peso em 25% (OR 2,11) e 12% (OR 2,41) dos casos
respectivamente. Pacientes que recebera a intervenção tiveram uma chance muito
maior de realizar medidas objetivando a perda de peso em 3 (OR 5,01) e em 12
meses (OR 4,33). A maioria deles (~90%) considerou a intervenção apropriada ou
útil. Médicos tiveram boa aderências ao protocolo do estudo (72-91%). Durante o
clube foram discutidos os seguintes pontos
·
Intervenções breves em atenção primária são
efetivas para redução de peso com um baixo custo em relação a outros
tratamentos para a obesidade;
·
As baixas taxas de comparecimento, em
especial do grupo controle, demonstram a dificuldade de se aplicar esse método;
·
Estas intervenções podem ser aplicadas em
larga escala, podendo ser utilizadas na saúde pública, porém a necessidade de
avaliar estratégias para maior adesão dos pacientes a estes programas.
Pílula
do Clube: Rastreamento e intervenções breves para
obesidade em atenção primária é efetivo na perda de peso com baixo custo e pode
ser utilizado em associação com outras medidas, atentando para a necessidade de
avaliação de estratégias que aumentem a adesão.
Discutido
no Clube de 28/11/2016.
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