J Gen Intern Med 2015,
30(11):1599-610
Trata-se
de coorte retrospectiva em que foram utilizados os dados do sistema de saúde do
exército (Tricare) da região de San
Antonio, no Texas, entre 2003 e 2012. Foram incluídos pacientes entre 30 e 85
anos com pelo menos uma consulta no período do baseline (entre 01/10/2013 e 30/09/2005) e uma no período do
seguimento (entre 01/10/2005 e 01/03/2012) e que receberam a prescrição de pelo
menos uma medicação contínua. Foram excluídas vítimas de traumas, pacientes que
iniciaram estatina após o baseline e
os que usaram estatina por menos de 90 dias. Os pacientes foram subdivididos
entre usuários de estatinas de alta potência (atorvastatina ≥ 40mg ou rosuvastatina
≥ 20mg), usuário de estatinas de baixa/moderada (demais) e não usuários. Os
desfechos avaliados foram novos casos de diabetes, de diabetes com complicações
e de sobrepeso/obesidade, baseados em revisão de prontuário, com os
diagnósticos conforme baseados no CID 9. Na análise estatística foram usados o
teste de qui-quadrado para variáveis categóricas e o teste t de student para variáveis contínuas. Foi utilizado um propensity score para parear usuários e não
usuários de estatinas baseado em 42 variáveis. Para a análise primária foi
avaliado o grupo de usuários de estatina com um subgrupo com a mesma quantidade
de indivíduos, pareados com os usuários de estatina baseado nos escores de propensão.
Para a análise secundária foram avaliados os subgrupos de não usuários
saudáveis (baseado no escore de Charlson) com os usuários de estatina de alta
potência, uso de pelo menos 2 e 4 anos, pacientes com sobrepeso/obesidade no baseline. Durante o estudo, 87% dos
pacientes receberam estatina de potencia baixa/moderada e 28% de alta potência.
A incidência de novos casos de diabetes foi de 14% no período do estudo. Na
análise primária os usuários de estatina apresentaram um OR de 1,87 para novos
casos de diabetes, de 2,5 de novos casos de diabetes com complicações e de 1,14
para sobrepeso/obesidade quando comparados ao grupo de não usuários. Os
usuários de estatina de alta potência apresentaram uma OR de 1,5 para novos
casos de diabetes, de 1,97 para diabetes com complicações e de 1,61 para
sobrepeso/obesidade em relação aos usuários de estatina de potência
baixa/moderada. Na análise secundária, os usuários de estatinas tiveram maior
risco de diabetes, de complicações e sobrepeso/obesidade em todas as análises. Durante
o clube foram discutidos os seguintes pontos:
·
O aumento do risco
de diabetes com o uso de estatina está bem fundamentado na literatura;
·
Se em relação a
pacientes com alto risco cardiovascular o benefício do uso de estatina está bem
comprovado, em pacientes de baixo risco este risco não é bem estudado em longo
prazo;
·
Quando iniciado
uso de estatina, as de baixa/moderada potência devem ser priorizadas;
·
Este estudo
apresenta como limitações ser retrospectivo e baseado em registro de
prontuários.
Pílula do
Clube: O uso de estatinas parece
estar relacionado ao aumento do risco de diabetes, de complicações do diabetes
e do aumento de peso, sendo estes desfechos relacionados diretamente com a
potência da estatina utilizada.
Discutido no
Clube de Revista de 14/12/2015.
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