Heike A. Bischoff-Ferrari, Bess Dawson-Hughes, John
Orav, Hannes B. Staehelin, Otto W. Meyer, Robert Theiler, Walter Dick, Walter
C. Willett, Andreas Egli,
JAMA Intern Med 2016, 176(2):175-83
Trata-se de ensaio clínico randomizado, duplo cego com o objetivo de
investigar a eficácia do uso de altas doses de vitamina D na diminuição do
risco de declínio funcional em idosos. Eram critérios de inclusão: idade maior
que 70 anos, história de pelo menos uma queda nos últimos 12 meses e pontuação
mínima de 27 no Mini-Mental State
Examination. Pacientes que faziam uso prévio de mais de 800 UI diárias de
vitamina D eram excluídos. Os pacientes elegíveis eram randomizados em 3 grupos
de acordo com o tipo e a dose administrada de vitamina D. O grupo controle
recebia 24.000 UI de vitamina D3 por mês; os dois grupos intervenção recebiam
65.000 UI/mês de vitamina D3 e 24.000 UI de vitamina D3 associada a 300 mcg de
calcifediol, respectivamente. Os pacientes tinham um seguimento de 1 ano e
recebiam visitas médicas no basal e após 6 e 12 meses. Os desfechos primários
eram atingir níveis de vitamina D > 30 ng/mL e avaliação do declínio
funcional. Este último era avaliado por meio do Short Physical Performance Battery (escore SPPB), utilizado para avaliação
do equilíbrio e mobilidade dos membros inferiores em idosos. A incidência de
quedas era o principal desfecho secundário.
Foram elegíveis 463 pacientes, 200 randomizados para cada um dos grupos.
A média de idade era 78 anos e 67% da amostra era composta de mulheres; 58% dos
pacientes tinham deficiência de vitamina D (< 20 ng/mL) no basal. O grupo
que recebeu a maior dose mensal (60.000 UI) aumentou os níveis de 25(OH)D em
19,2 ng/mL e o grupo que recebeu calcifediol em associação à vitamina D3
aumentou a 25(OH)D em 25,8 ng/mL, ambos superiores ao grupo controle (P < 0,01).
O escore SPPB não foi diferente entre os grupos no seguimento (P = 0,26). O
grupo que recebeu 60.000 UI mensais teve um risco relativo (RR) de quedas em 1
ano de 1,47 (P = 0,02) quando comparado ao controle. Já o grupo que recebeu
calcifediol em associação à vitamina D3 teve um RR de 1,24 (P = 0,22) para
ocorrência de quedas após 1 ano em comparação aos que receberam 24.000 UI
mensais. No clube de revista discutimos:
·
Maiores doses de vitamina D não foram
associadas a melhora no escore SPPB, ou seja, não determinaram melhora no
declínio funcional (equilíbrio, força e marcha) dos idosos;
·
A avaliação dos níveis de vitamina D como
desfecho primário não é adequada, visto que, o aumento dos níveis de vitamina D
após a reposição já é esperado;
·
O principal resultado do estudo, na verdade, é
o aumento na incidência de quedas entre os pacientes que usaram maiores doses
de vitamina D, embora a base fisiopatológica para este resultado ainda não seja
compreendida;
·
Uma limitação do estudo é a ausência do grupo
placebo.
Pílula do clube:
O uso de doses altas de vitamina D3 não está associado à prevenção do declínio funcional
em idosos e além disso se associa com maior incidência de quedas neste grupo.
Discutido no Clube de
Revista de 11/01/2016.
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