Vitamin
D Treatment in Primary Hyperparathyroidism:
a Randomized Placebo Controlled Trial
Rolighed L, Rejnmark
L, Sikjaer T, Heickendorff L, Vestergaard P, Mosekilde L, Christiansen P
J Clin Endocrinol Metab 99:1072–080, 2014.
Este ensaio clínico randomizado,
duplo-cego, placebo controlado, teve como objetivo avaliar a segurança e os
efeitos sobre o metabolismo do cálcio e homeostase óssea da reposição de
vitamina D em pacientes com hiperparatireoidismo primário. Foram recrutados
pacientes com mais de 18 anos, diagnóstico de hiperparatireoidismo primário estabelecido,
insuficiência de vitamina D e indicação cirúrgica. Foram excluídos aqueles com
cálcio iônico > 6,4 mg/dl, creatinina > 1,4 mg/dl, gestantes,
alcoolistas, malignidade, disabsorção, sarcoidose, pancreatite ativa, alergia à
droga em estudo ou uso de vitamina D, cinacalcet ou narcóticos. Os pacientes
foram randomizados para receber vitamina D 2.800 UI VO/dia ou placebo por 6
meses antes da paratireoidectomia e 6 meses após. O desfecho primário foi alteração
do PTH; os desfechos secundários foram marcadores de segurança, homeostase do
cálcio e metabolismo ósseo. Quarenta e seis indivíduos foram randomizados;
análise por intenção de tratar foi realizada após exclusão de quatro deles na
primeira semana. Nas primeiras 25 semanas, ocorreu aumento dos níveis de
vitamina D em 88% no grupo intervenção, com queda do PTH de 17% neste grupo (p
0,01), continuando com níveis mais baixos nas semanas seguintes após a cirurgia
(p 0,039). Não houve diferença entre os grupos quanto aos níveis de cálcio
iônico, calciúria de 24 horas, creatinina, fosfato ou fosfatúria. Houve queda
dos níveis de marcadores ósseos nos dois grupos após a cirurgia, sem diferença
entre eles; a queda pré-operatória dos níveis de telopeptídeo C foi maior no
grupo vitamina D. Houve aumento de 2,5% na massa óssea em L1-L4 no grupo
intervenção vs. placebo nas primeiras
25 semanas (p<0,05), e aumento semelhante entre os grupos nas semanas
consecutivas à cirurgia. A adesão foi de 96% e não ocorreram eventos adversos
relacionados a droga em estudo. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos
foram discutidos:
- O n
de 50 pacientes calculado não foi atingido. Apesar de a análise ter
sido descrita como por intenção de tratar, 46 pacientes foram randomizados, mas somente 40 foram
incluídos na análise final, sem informações adicionais sobre estes
indivíduos;
- A população estudada
não incluía pacientes com hiperparatireoidismo primário grave, justamente
aqueles com maior chance de eventos negativos no pós-operatório (síndrome de
fome óssea);
- Ocorreram 13 eventos
adversos, sendo 2 graves, segundo o autor sem relação com a droga em estudo,
porém não foram citados mais detalhes;
- Ocorreu redução dos
níveis de PTH pré-operatório, o que não necessariamente reduziria desfechos
negativos como fome óssea. Considerar a variabilidade do exame de densitometria
ao se avaliar a melhora da massa óssea;
- O registro inicial do estudo tinha como desfecho primário os níveis de cálcio sérico, o que foi mudado para queda dos níveis de PTH próximo a sua publicação.
Pílula do Clube: A
otimização dos níveis de vitamina D no período pré-operatório em pacientes com
hiperparatireoidismo primário e deficiência de vitamina D determina redução de
níveis de PTH, o que era esperado, sem efeitos adversos. Trata-se de observação
preliminar interessante e original, ainda sem possível aplicabilidade clínica.
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