segunda-feira, 14 de abril de 2014

Comentário do Clube de Revista de 24/02/2014

The effect of vitamin D supplementation on skeletal, vascular, or cancer outcomes: a trial sequential meta-analysis
Mark J Bolland, Andrew Grey, Greg D Gamble, Ian R Reid

The Lancet Diabetes & Endocrinology, Early Online Publication, 24 January 2014

Para avaliar a necessidade de novos ensaios clínicos randomizados (ECR) avaliando os efeitos da vitamina D sobre desfechos ósseos e não-ósseos, foi realizada esta metanálise sequencial. Foram selecionados estudos a partir de metanálises recentes a respeito (jan/2009 a jan/2013): ECR que tivessem avaliado os efeitos da vitamina D (com ou sem cálcio) na incidência de fraturas, eventos cardiovasculares ou cerebrovasculares, câncer e mortalidade geral. Foram incluídos 40 ECRs (n> 80000 pacientes), idade de 53 a 89 anos. Na metanálise direta, o uso de vitamina D (com ou sem cálcio) não foi benéfico para qualquer um dos desfechos avaliados, mas com uma tendência de redução de mortalidade (RR 0,96 IC95% 0,93 – 1,0). Através da técnica de análise sequencial de trials, os autores buscaram se novos ECRs agregariam para conclusões definitivas sobre o assunto, utilizando como critério redução relativa de 5% na mortalidade e de 15% para os demais desfechos. Para os desfechos doença cardiovascular, cerebrovascular, câncer e fraturas em geral o critério de futilidade foi atingido e, portanto, novos estudos sobre o assunto não acrescentarão informação adicional. Para o desfecho fratura de quadril e mortalidade, há uma tendência de benefício, mas o tamanho ótimo de amostra ainda não foi atingido para conclusões definitivas. Das análises de sensibilidade, destacam-se: a redução dos critérios de 5% para 4% ou 3% (mordalidade geral) e de 15% para 10% (demais desfechos) altera pouco os resultados, mas aumenta de maneira significativa o número ótimo de pacientes a serem incluídos; o possível benefício em redução de fraturas de quadril foi encontrado apenas para análise de vitamina D associada com cálcio e em pacientes institucionalizados. Durante a discussão do Clube de Revista os seguintes pontos foram:
  • A seleção dos estudos se deu de maneira indireta (a partir de outra metanálise); mesmo assim não houve viés de puplicação e os principais estudos sobre o assunto foram incluídos no estudo;
  • As doses de vitamina D utilizadas nos diferentes estudos foram muito variadas, mas em geral suficientes, já que níveis séricos de vitamina D adequados aforam atingidos ao final dos estudos;
  • Uma limitação inerentes a todos os ECRs com uso de vitamina D é que os desfechos não-ósseos são (na grande maioria dos estudos) são análises secundárias e desfechos não definido a priori;
  • Os critérios utilizados (5% e 15% de redução relativa como limite de futilidade) parecem adequados, considerando que a significância clínica de benefícios menor que estes é questionável;
  • Apesar da análise estatística complexa, a descrição desta e dos resultados é bastante clara.


Pílula do Clube: os dados atuais são suficientes para descartar a possibilidade de que suplementação de vitamina D seja efetiva para reduzir em 15% a chance de eventos cardiovasculares, cerebrovasculares e câncer. O uso de vitamina D pode ter benefício para mortalidade geral e fraturas de quadril, mas os dados disponíveis ainda não permitem conclusões definitivas.

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