Calcium intake and risk of
primary hyperparathyroidism in women: prospective cohort study
Julie
M Paik, Gary C Curhan and Eric N Taylor
BMJ 2012, 345:e6390.
Esse estudo de coorte com 58.354 enfermeiras
americanas de 30 a
55 anos provenientes do Nurses’ Health
Study I (total de participantes 121.700) avaliou o risco de
hiperparatireoidismo associado com a ingestão de cálcio. A hipótese era que baixa
ingestão de cálcio seria um estímulo crônico sobre as paratireóides,
podendo causar mutação somática que levaria à proliferação monoclonal,
originando adenoma de paratireóide e hiperparatireoidismo primário. As participantes estavam sendo acompanhadas desde
1986 através de questionários bianuais sobre estilo de vida e identificação de
doenças, sendo que os questionários de 2006 e 2008 tinham perguntas específicas
sobre hiperparatireoidismo. Foram incluídas nas análises apenas as
participantes que responderam estes questionários. Diários de frequência
alimentar previamente validados foram usados a fim de quantificar a ingestão de
cálcio bem como o uso de multivitamínicos, suplementações de vitamina D e
outros componentes. Após a identificação de casos de hiperparatireoidismo
primário nos questionários, a diferenciação entre casos de doença primária e
secundária foi feita através de revisão de prontuários médicos. O diagnóstico
de hiperparatireoidismo primário era confirmado quando havia exame anátomo-patológico
compatível com adenoma ou quando cálcio total fosse ≥ 10.6 mg/dl e PTH ≥ 50
pg/ml. Eram excluídos casos de hiperparatireoidismo prévio ao início do estudo.
Foram identificados 277 casos da doença ao longo de 22 anos de seguimento (1986 a 2008). Após ajuste
para idade, IMC, raça e outras variáveis, o risco relativo de
hiperparatireoidismo primário foi de 0,56 (IC95% RR 0,37-0,86 p= 0,009) no
grupo de maior ingestão dietética de cálcio (média de 1.070 mg/dia) comparado
ao grupo de menor ingestão (média de 443 mg/dia). Quando analisadas mulheres
que consumiam > 500 mg/dia de cálcio em suplementos comparadas às que não
realizavam essa suplementação, o risco relativo foi de 0,41 (IC95% RR
0,29-0,60). A associação entre o aumento do consumo de
cálcio e redução do risco de hiperparatireoidismo primário permaneceu significativa
quando a análise foi ajustada para: pacientes que realizavam ou não exames laboratoriais rotineiramente; idade (<65
anos versus ≥ 65 anos); estado menopausal e uso de terapia hormonal; níveis de
consumo de vitamina D (acima versus abaixo da média de consumo de vitamina D) e
consumo cumulativo de cálcio. Durante o clube, os seguintes pontos foram
discutidos:
- Não é possível generalizar os resultados encontrados nesse estudo, pois a população do mesmo corresponde a mulheres e em sua grande maioria brancas;
- Este é o primeiro estudo a avaliar a associação entre hiperparatireoidismo primário e consumo de cálcio, devendo estes resultados serem repetidos em outros estudos e populações.
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