sábado, 28 de novembro de 2020

Cardiovascular and Renal Outcomes with Empagliflozin in Heart Failure

 M. Packer, S.D. Anker, J. Butler, G. Filippatos, S.J. Pocock, P. Carson, J. Januzzi, S. Verma, H. Tsutsui, M. Brueckmann, W. Jamal, K. Kimura, J. Schnee, C. Zeller, D. Cotton, E. Bocchi, M. Bohm, D.-J. Choi, V. Chopra, E. Chuquiure, N. Giannetti, S. Janssens, J. Zhang, J.R. Gonzalez Juanatey, S. Kaul, H.-P. Brunner‑La Rocca, B. Merkely, S.J. Nicholls, S. Perrone, I. Pina, P. Ponikowski, N. Sattar, M. Senni, M.-F. Seronde, J. Spinar, I. Squire, S. Taddei, C. Wanner, and F. Zannad, for the EMPEROR-Reduced Trial Investigators*


N Engl J Med 2020; 383:1413-1424

https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2022190


Os inibidores da SGLT2 reduzem o risco de hospitalização por insuficiência cardíaca e eventos renais adversos em pacientes com diabetes do tipo 2. Mais recentemente, no estudo DAPA-HF, foi demonstrado este benefício com a dapagliflozina em pacientes independentemente da presença ou não de diabetes. O atual estudo, EMPEROR-Reduced, é um estudo randomizado, duplo-cego, placebo controlado, multicêntrico, realizado com objetivo de avaliar os efeitos da empagliflozina na morbidade e mortalidade de pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFEr), com ou sem diabetes do tipo 2.

Foram incluídos pacientes ≥ 18 anos de idade com ICFEr (fração de ejeção ≤ 40%) e classe funcional II, III ou IV, já em tratamento apropriado para IC. Como havia desejo de incluir pacientes com risco aumentado para eventos graves relacionados à IC (15% ao ano), o número de pacientes com fração de ejeção > 30% foi limitado pela necessidade de hospitalização por IC nos últimos 12 meses ou por nível mais elevado de NT-proBNP. Foram excluídos pacientes com outras doenças cardiovasculares ou tratamentos que aumentassem a imprevisibilidade no curso clínico dos pacientes, independente da IC; condição cardiovascular não tratada ou subtratada que pudesse interferir na tolerabilidade da medicação do estudo e comorbidade significativa. Após um período de rastreamento, foram randomizados 3.730 pacientes para receber empagliflozina 10 mg ao dia ou placebo (1:1). A randomização foi realizada por sistema de resposta interativo que usava permuta em blocos e estratificava de acordo com região geográfica, diabetes e taxa de filtração glomerular (TFG < 60 ou ≥ 60 ml/min). As visitas eram realizadas a cada 2-3 meses para avaliar desfechos e eventos adversos. O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular ou hospitalização por IC, analisado como o tempo do primeiro evento. Desfechos secundários que faziam parte de um teste hierárquico junto ao desfecho primário incluíam ocorrência de todas hospitalizações por IC e taxa de declínio da TFG. A análise estatística foi por intenção de tratar. Havia sido planejada análise interina de eficácia após a ocorrência de 500 eventos do desfecho primário, com a possibilidade de cessar prematuramente o estudo se benefício da empagliflozina fosse significativo (alfa unicaudal 0,001) em relação ao desfecho primário e morte cardiovascular isolada. 

        O desfecho primário ocorreu em 361 de 1863 pacientes (19,4%) no grupo da empagliflozina e em 462 de 1867 pacientes (24,7%) no grupo placebo (HR 0,75; IC 95%, 0,65-0,86; p<0,001). O benefício foi independente da presença ou não de diabetes. O número de hospitalizações por IC foi menor no grupo tratamento (HR 0,70; IC 95%, 0,58-0,85; p<0,001). A taxa de declínio da TFG foi menor no grupo empagliflozina em relação ao placebo (-0,55 vs. -2,28 ml/min ao ano; p<0,001). Metade dos pacientes tinham diabetes, 73% fração de ejeção ventricular ≤ 30%, 79% NT-proBNP ≥ 1000 pg/ml, 48% TFG < 60 ml/min. Dentre os eventos adversos, infecções não complicadas do trato genital foram mais frequentes com a empagliflozina. Os seguintes pontos foram discutidos no Clube da Revista:

  • Não houve diferença entre os níveis tensionais do grupo placebo e tratamento, sendo improvável que este mecanismo justifique o benefício visto em relação à insuficiência cardíaca;

  • O benefício visto com as gliflozinas já havia sido demonstrado em pacientes diabéticos, no entanto, o atual estudo incluiu também esta população. Aventou-se a dificuldade em atingir n suficiente sem inclusão dos pacientes diabéticos;

  • Em algumas análises de subgrupo (ex.: etnia) é difícil realizar inferências 

devido ao n restrito.


Pílula do Clube: em pacientes com ICFEr, o benefício da empagliflozina no desfecho primário se dá predominantemente pela redução do risco de hospitalização por IC e é independente da presença ou não de diabetes.


Discutido no Clube de Revista de 09/11/2020.


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