Dhillon-Smith RK, Middleton LJ, Sunner KK, Cheed
V, Baker
K, Farrell-Carver
S, Bender-Atik
R, Agrawal
R, Bhatia
K, Edi-Osagie
E, Ghobara
T, Gupta
P, Jurkovic
D, Khalaf
Y, MacLean
M, McCabe
C, Mulbagal
K, Nunes
N, Overton
C, Quenby
S, Rai
R, Raine-Fenning
N, Robinson
L, Ross
J, Sizer
A, Small
R, Tan
A, Underwood
M, Kilby
MD, Boelaert
K, Daniels
J, Thangaratinam
S, Chan
SY, Coomarasamy
A
N Engl
J Med 2019, Mar 23, Epub ahed of print.
Estudos
prévios mostram associação da presença de anticorpo anti-tireoperoxidase
(anti-TPO) com maior incidência de aborto e prematuridade em mulheres mesmo que
eutireoideas, porém com resultados controversos em relação aos desfechos com o
tratamento com levotiroxina. O estudo TABLET é um ensaio clínico randomizado,
multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado realizado com o objetivo de
avaliar se o uso de levotiroxina antes da concepção em mulheres com anti-TPO positivo
e eutireoideas traria benefícios em desfechos materno-fetais. Foram incluídas
mulheres de 16-40 anos de idade com história de aborto ou infertilidade que
estavam tentando conceber nos próximos 12 meses, de 49 centros no Reino Unido.
Foi realizada randomização 1:1 para uso de placebo vs. levotiroxina (LT4) 50mcg, ambos idênticos em aparência, via e
horário de administração. O uso do
agente experimental foi iniciado antes da concepção e continuou até o fim da
gravidez. Após a randomização, as mulheres foram submetidas a revisões a cada 3
meses por 12 meses para realização de testes de função tireoidiana. Se teste de
gravidez positivo, as mulheres eram orientadas a entrar em contato com a equipe
e recebiam 3 visitas (com IG 6 a 8 semanas, 16 a 18 semanas e 28 semanas).
Exames alterados eram manejados pelos médicos e o agente experimental era
suspenso. O desfecho primário foi a porcentagem de nascidos vivos após pelo
menos 34 semanas de gestação. Os desfechos secundários eram gravidez clínica em
7 semanas, gravidez em curso com 12 semanas, aborto espontâneo antes de 24
semanas, natimorto, gravidez ectópica, idade gestacional no momento do parto,
peso ao nascer, escores de Apgar, complicações maternas e neonatais, entre
outros. A análise estatística foi por intenção de tratar.
Foram incluídas 476 pacientes em cada grupo, com
perda de 6 pacientes em cada grupo. As mulheres incluídas foram semelhantes em
suas características basais. A
taxa gravidez foi semelhante nos grupos (56,6% LT4 vs. 58,3% placebo) e não houve diferença
na taxa de nascidos vivos após pelo menos 34 semanas de gestação (37,4% LT4 vs. 37,9% placebo; RR 0,97 IC95%, 0,83 a 1,14; P=0,74) e em
nenhum dos desfechos secundários analisados. O percentual de mulheres que
necessitou descontinuar o tratamento foi semelhante entre os grupos (9,8% LT4 vs. 9,6% placebo). Durante o Clube de Revista,
foram discutidos os seguintes pontos:
·
Este é o
primeiro ensaio clínico randomizado que avalia o uso da levotiroxina em
mulheres com antiTPO positivo e eutireoideas antes da concepção, garantindo que
as mulheres estavam sendo tratadas desde o início da gestação;
·
Uma
limitação do estudo é que todas as pacientes receberam a mesma dose de LT4, sem
ajuste para IMC ou níveis de TSH;
·
Apesar
de ter sido necessário ampliar os critérios de inclusão após o início do
estudo, isto não afetou o poder do mesmo na análise estatística;
·
O estudo foi bem desenhado e conduzido, maior que os anteriores e
com maior possibilidade de generalização dos resultados pela inclusão de
múltiplos centros.
Pílula do
clube: O uso de levotiroxina em
pacientes com anti-TPO positivo e eutireoideas não diminuiu a incidência de
aborto e prematuridade em mulheres com história de aborto ou infertilidade. O
resultado negativo deste estudo levanta o questionamento em relação à conduta
atualmente adotada no tratamento de gestantes com anticorpo positivo na prática
clínica.
Discutido no Clube de Revista 01/04/2019.
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