segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Vitamin D Supplements and Prevention of Cancer and Cardiovascular Disease

Manson JE, Cook NR, Lee IM, Christen W, Bassuk SS, Mora S, Gibson H, Gordon D, Copeland T, D'Agostino D, Friedenberg G, Ridge C, Bubes V, Giovannucci EL, Willett WC, Buring JE; VITAL Research Group.

N Engl J Med 2019, 380(1):33-44
                       
O VITAL é ensaio clínico randomizado, duplo-cego, placebo controlado, 2:2 fatorial que foi encomendado pelo NIH (The National Institutes of Health), onde foram incluídos 25.871 homens e mulheres norte-americanos maiores que 50 e 55 anos respectivamente, sem história prévia de câncer ou doença cardiovascular, para receber vitamina D 2000 UI/dia, ômega-3 1g/dia e/ou placebo. Foram randomizados para um dos grupos: vitamina D ativa e ômega-3 ativo; vitamina D ativa e ômega-3 placebo; vitamina D placebo e ômega-3 ativo; vitamina D placebo e ômega-3 placebo. Os pacientes passaram por run-in de 3 meses e após foram seguidos pelo tempo médio de 5,3 anos com questionários anuais. Os desfechos primários foram câncer invasivo de qualquer tipo e evento cardiovascular maior - MACE (infarto, AVC ou morte cardiovascular). Os desfechos secundários foram: incidência de carcinoma colorretal, mama e próstata e desfecho cardiovascular composto (MACE + revascularização coronariana).
Dentre os pacientes randomizados, 12,7% tinham vitamina D < 20 ng/dL, 44,9% tinham vitamina D < 30 ng/dL. Em análise por intenção de tratar, após 5,3 anos de seguimento, e comprovado o aumento dos níveis séricos de vitamina D no grupo intervenção, não houve redução do desfecho primário para câncer (HR 0,96 IC95% 0,88-1,06) nem para doença cardiovascular (HR 0,97 IC95% 0,85-1,12). Morte por câncer também não demonstrou redução nos 5,3 anos de seguimento (HR 0,83 IC95% 0,67-1,02), porém quando realizada avaliação post-hoc não planejada no protocolo do estudo, em que foram excluídos da análise os dois primeiros anos de seguimento, ocorreu redução significativa de 25% da morte por câncer (HR 0,75 IC95% 0,59-0,96). Na análise de subgrupos, apenas IMC no baseline menor que 25 kg/m² se associou com redução de incidência de câncer (HR 0,76 CI 95% 0,63-0,90 P 0,002). Durante o clube de revista foram discutidos os seguintes aspectos:
·         Apesar de não planejado no protocolo do estudo, realizar análise dos dados excluindo os primeiros dois anos de seguimento apresenta racional plausível de que os pacientes que morreram por câncer nos primeiros dois anos de seguimento muito provavelmente já possuíam a doença no início do estudo;
·         A inclusão de pacientes com idade mais avançada (idade média de 67 anos com desvio padrão de 7 anos) pode justificar, em parte, os achados do estudo, já que essa população mais idosa esteve mais tempo exposta a fatores de risco para câncer e doença cardiovascular do que uma população mais jovem em que a vitamina D atuaria sobre um organismo menos exposto a fatores de risco;
·         Não houve diferença de resultados em subgrupos previamente definidos (idade, sexo, raça, níveis séricos de vitamina D basal, randomização para o grupo ômega-3), o que pode ter ocorrido por ausência de poder ou por de fato não haver diferenças entre estes subgrupos.

Pílula do Clube: Suplementação de vitamina D 2000 UI/dia em uma população norte americana, com média de idade de 67 anos, durante o período de 5,3 anos, não demonstrou reduzir a incidência de câncer invasivo ou doença cardiovascular maior quando comparada ao placebo.


Discutido no Clube de Revista de 07/01/2019.

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