Stephen D. Wiviott, Itamar Raz, Marc P. Bonaca, Ofri
Mosenzon, Eri T. Kato, Avivit Cahn, Michael G. Silverman, Thomas A. Zelniker,
Julia F. Kuder, Sabina A. Murphy, Deepak L. Bhatt, Lawrence A. Leiter, et al.,
for the DECLARE–TIMI 58 Investigators
N Engl J Med 2018, Nov 10.
Desde 2007, o FDA exige que as novas drogas propostas para
o tratamento de diabetes mellitus sejam testadas para segurança cardiovascular.
A classe dos inibidores do SGLT2 demonstrou, com a empagliflozina e a
canagliflozina, segurança cardiovascular e redução de eventos cardiovasculares,
não sendo apenas segura, como benéfica. Os resultados com a dapagliflozina
estavam em andamento e foram publicados através do artigo em questão: DECLARE. Trata-se de um ensaio clínico
randomizado, duplo-cego, placebo controlado, multicêntrico (33 países). Foram
incluídos 17.160 pacientes acima de 40 anos, com diabetes tipo 2, taxa de
filtração glomerular (TFG) > 60 ml/min/1,73 m² com doença aterosclerótica
estabelecida ou com fatores de risco para mesma. Os pacientes foram randomizados
para o grupo dapagliflozina ou placebo (1:1) e seguidos pelo tempo médio de 4
anos e meio. O desfecho primário de segurança foi a ocorrência de evento
cardiovascular maior - MACE (infarto, AVC ou morte cardiovascular), sendo
necessários 1.390 eventos em um tempo mínimo de 3 anos para detectar
não-inferioridade em relação ao placebo. O desfecho primário de segurança foi
ocorrência de MACE e um composto de morte cardiovascular ou hospitalização por
insuficiência cardíaca. Foram considerados desfechos secundários: composto
renal (queda superior a 40% da TFG ou nova doença renal terminal ou morte por
doença renal e/ou cardiovascular) e morte por qualquer causa.
Por análise por intenção de tratar, após 4 anos e meio de
seguimento, a dapagliflozina preencheu os critérios de não-inferioridade para o
3-point MACE (HR<1,3 e P<0,001),
porém não demonstrou ser superior ao placebo (HR 0,93 IC95% 0,84 – 1,03 P=0,17
para superioridade). Por outro lado, demonstrou redução estatisticamente
significativa do composto morte cardiovascular e hospitalização por insuficiência
cardíaca em 17% (HR 0,83 IC95% 0,73 – 0,95 P=0,005 para superioridade). Na
análise dos desfechos secundários, dapagliflozina não demonstrou reduzir morte
por qualquer causa (HR 0,93 IC95% 0,82 – 1,04), mas demonstrou redução de eventos
do composto renal (HR 0,76 IC95% 0,67 – 0,87). Durante o clube de revista foram
discutidos os seguintes aspectos:
·
O estudo DECLARE adotou um critério de inclusão
mais rígido (TFG>60), enquanto o estudo com empagliflozina incluiu pacientes
mais graves do ponto de vista renal (TFG>30);
·
Quando realizada análise em separado, o
composto morte cardiovascular ou hospitalização por insuficiência cardíaca
demonstrou que seu resultado foi positivo às custas de hospitalizações por
insuficiência cardíaca (HR 0,73 IC95% 0,61 – 0,88), pois morte cardiovascular
separadamente não demonstrou o mesmo benefício (HR 0,98 IC95% 0,82 – 1.17);
·
O composto renal incluindo morte cardiovascular
não parece adequado, porém o resultado benéfico não foi afetado, já que o
benefício foi mantido, inclusive maior, ao retirar morte cardiovascular do
composto (HR 0,76 versus 0,53; respectivamente).
Pílula
do Clube: Dapagliflozina foi não-inferior ao placebo
para eventos cardiovasculares maiores (infarto, AVC e morte cardiovascular),
porém não demonstrou ser superior na prevenção de eventos.
Discutido
no Clube de Revista de 10/12/2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário