Cara B Ebbeling, Henry A Feldman,
Gloria L Klein, Julia M W Wong, Lisa Bielak, Sarah K Steltz, Patricia K Luoto, Robert
R Wolfe, William W Wong,
David S Ludwig.
BMJ 2018, Nov 14, 363:k4583.
É sabido de estudos prévios que o
gasto energético diminui após a perda de peso inicial como resposta adaptativa
e com isso leva a predisposição ao reganho de peso. Além disso, vem sendo cada
vez mais descrito o modelo de obesidade carboidrato-insulina, em que uma alimentação
rica em carboidrato direciona o metabolismo para o armazenamento ao invés de
direcionar para oxidação, promovendo a obesidade. Saber se uma determinada
dieta promove o aumento do gasto energético pode ser de grande valia. Uma
metanálise prévia não mostrou diferença no gasto energético em função dos
macronutrientes ingeridos, porém foram estudos pequenos, com menos de 2 semanas
de duração. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de dietas variando
em carboidratos e gorduras no gasto energético total de pacientes que perderam
peso por 20 semanas, assim como alteração na secreção de insulina. Foi
realizado um ensaio clínico randomizado na Framingham
State University com pacientes adultos
entre 18 e 65 anos, com IMC 25 ou mais e peso < 160 kg, sem comorbidades.
Foi realizada uma fase de run-in de
12 semanas para perda de peso, com randomização após a perda de ~12% e peso
estável. A randomização foi 1:1:1 para dietas com mesma quantidade de calorias,
porém com baixa (20%), moderada (40%) e alta (60%) concentração de
carboidratos, equilibrada em proteínas e variável em gorduras (para equilibrar
calorias com diferentes níveis de carboidratos). O desfecho principal foi gasto
energético e este foi avaliado com água com isótopos marcados para calcular
gasto energético resultante da produção de dióxido de carbono (quociente de
alimento por procuração do quociente respiratório) - kcal/kg e secreção de
insulina.
Foram randomizados
164 pacientes (alto CHO: 54, moderado CHO: 53 e baixo CHO: 57). Na análise por
intenção de tratar, o gasto energético total foi maior no grupo com menor
quantidade de carboidrato na dieta, com uma tendência linear de 52 kcal/dia a
mais de gasto (IC95% 23 a 82) para cada 10% de redução na de carboidratos. Em
comparação ao grupo randomizado para dieta rica em CHO, os grupos da dieta
moderada e pobre tiveram um aumento no gasto energético de 91 kcal/d (IC95% −29 a 210) e 209 kcal/d (IC95%91 a 326), respectivamente.
Esta diferença foi ainda maior quando realizado subanalise o grupo que
apresentava maior secreção de insulina no basal (diferença de 309 kcal/dia). Os
pontos discutidos no clube foram:
·
A intervenção e os resultados
tem pequena validade externa, uma vez que os pacientes recebiam os alimentos a
serem ingeridos com quantidades específicas de cada macronutriente. Além disso,
recebiam uma considerável quantia em dinheiro para participação no estudo;
·
A avaliação foi realizada pelo
método padrão-ouro (água duplamente marcada), porém ainda assim suscetível a
erro;
·
Desfechos clínicos não foram
avaliados nesse estudo.
Pílula do Clube: A redução de carboidratos na dieta aumentou o gasto
energético durante a manutenção da perda de peso, porém a reprodutibilidade
deste estudo pode ser um fator limitante para aplicação da intervenção.
Discutido no Clube de Revista de 26/11/2018.
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