Min Ji Jeon, Mijin Kim, Suyeon Park,
Hye-Seon Oh, Tae Yong Kim, Won Bae Kim, Young Kee Shong, and Won Gu Kim
Thyroid 2018, 28(2):187-192.
Estratificar o risco de
pacientes com câncer diferenciado de tireoide (CDT) é recomendado para estimar
o risco de persistência/recorrência da doença. O estadiamento de risco da American Thyroid Association (ATA)
classifica os pacientes em baixo, intermediário e alto risco, conforme
diferentes variáveis, e além disso, há a classificação dinâmica de risco,
conforme a resposta à terapia inicial, podendo o paciente ter resposta:
excelente, bioquímica incompleta, estrutural incompleta e indeterminada. O
presente estudo foi uma coorte retrospectiva que avaliou pacientes com CDT
tratados com tireoidectomia e iodoterapia, e com resposta excelente, a fim de
avaliar as características da doença recorrente estrutural, para definir
estratégias adequadas de seguimento para esses pacientes.
Foram avaliados 1.359 pacientes, sendo a
maioria do sexo feminino (88%), com mais de 45 anos (64%), e 99% com carcinoma
papilar clássico. Apenas 42% tinham tumor maior que 1 cm, portanto a maioria
com microcarcinoma, 54% no estágio I (TNM 7ª edição) e 46% no estágio III; 73%
com risco intermediário e 27% com baixo risco pelo ATA risk stratification. A dose se iodo variou de 29,7 a 151,3 mCi,
e tiveram uma mediana de tempo de seguimento de 8,7 anos. Do total dos
pacientes, houve recorrência de doença estrutural (desfecho primário), em 13
pacientes (1%). Todas essas recorrências foram diagnosticadas por ultrassonografia.
De forma interessante, dos 13 pacientes, apenas 5 tiveram elevação em Tg e um elevação
do anticorpo anti-tireoglobulina, sendo que todas as recorrências com elevação
desses marcadores aconteceram 5,5 anos após o tratamento inicial. A primeira
recorrência ocorreu 3,6 anos após a terapia inicial, e a última 10,7 anos. Todas
as recorrências foram locais, sem evidência de metástases à distância. Entre os
que tiveram recorrência, 8 finalizaram o seguimento “sem evidência de doença”;
3 com dados faltantes, 1 com doença persistente bioquímica e 1 com doença
persistente estrutural. No final do seguimento, além dos 13 com recorrência
estrutural, 14 pacientes tiveram recorrência bioquímica. Os seguintes pontos
foram discutidos no clube de revista:
·
Por ser uma coorte retrospectiva, tem as limitações associadas a
esse tipo de desenho de estudo;
·
O estudo feito com base inicial de pacientes que eram rastreados
com ultrassonografia cervical e, por isso, teve alto índice de microcarcinomas (60%);
·
Não foi possível avaliar taxas de falso-positivos na
ultrassonografia cervical;
·
Poucos casos de carcinoma folicular (4 apenas) foram incluídos
nesta coorte, não podendo se extrapolar os resultados para este tipo de CDT;
·
São necessários estudos para avaliar melhor o custo-efetividade de
dosar antitireoglobulina, tireoglobulina e fazer ultrassonografia cervical em
pacientes com excelente resposta; mas talvez, antes disso, avaliar necessidade
de rastreamento com ultrassonografia, levando muitas vezes a cirurgias de
tumores de tão baixo risco.
Pílula do Clube: pacientes com CDT e excelente resposta à terapia inicial tem
ótimos desfechos com baixa taxa de recorrência podendo-se considerar desintensificação
do seguimento e realização de exames como ultrassonografia cervical, dosagem de
tireoglobulina e antitireoglobulina.
Discutido
no Clube de Revista de 19/11/2018.
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