Adrian F
Hernandez, Jennifer B Green, Salim Janmohamed, Ralph B D’Agostino Sr, Christopher
B Granger, Nigel P Jones, Lawrence A Leiter, Anne E Rosenberg, Kristina N
Sigmon, Matthew C Somerville, Karl M Thorpe, John J V McMurray, Stefano Del
Prato, for the Harmony Outcomes committees and investigators*
Lancet. 2018 Oct
27;392(10157):1519-1529
Os agonistas do
receptor de GLP-1 diferem em sua estrutura química, duração da ação e em seus
efeitos nos desfechos clínicos. Os efeitos cardiovasculares da albiglutida, uma
vez por semana, no diabetes tipo 2 são desconhecidos, e para avaliar sua
segurança e eficácia, foi feito um ensaio clínico randomizado, controlado por
placebo, em 610 locais de atendimento de saúde, em 28 países na América do
Norte e do Sul, Europa, África e Ásia. Foram incluídos indivíduos com idade
igual ou superior a 40 anos, com diagnóstico de diabetes tipo 2 e doença
coronariana, cerebrovascular ou arterial periférica estabelecidas, com
concentração de HbA1c maior que 7%. Foram randomizados 9.463 pacientes em 1:1
para receber albiglutida 30mg vs. placebo, subcutâneo, uma vez por
semana, podendo a dose ser aumentada para 50mg. O desfecho primário avaliado
foi o MACE (morte cardiovascular, infarto agudo do miocárdio e acidente
vascular cerebral).
A população teve
idade média de 64 anos, 70% do sexo masculino, e tiveram duração média de
seguimento de 1,6 anos. O desfecho primário composto ocorreu em 338 (7%) de 4.731
pacientes, com uma taxa de incidência de 4,6 eventos por 100 pessoas-ano no
grupo albiglutida, e em 428 (9%) de 4.732 pacientes com uma taxa de incidência
de 5,9 eventos por 100 pessoas-ano no grupo placebo (HR 0,78, IC95% 0,68-0,90),
o que indicou que a albiglutida era superior ao placebo (P <0,0001 para a
não inferioridade; P = 0,006 para superioridade). Nos desfechos secundários,
apenas favoreceu a albiglutida a avaliação do infarto agudo do miocárdio fatal
e não fatal, com HR 0,75 (IC95% 0,61–0,90). O único efeito adverso que foi mais
frequente no grupo da albiglutida que no placebo foi a reação ao sítio da
injeção, com risco relativo 2,96 (IC95% 1,95–4,51), já hipoglicemias graves e
aumento de alanina aminotransferase acima de 5 vezes o limite superior da
normalidade, ocorreu mais no grupo placebo do que no da albiglutida, de maneira
significativa. Os seguintes pontos foram discutidos no
Clube de Revista:
- A alteração para um tempo
mínimo de 1,5 anos junto com 611 eventos ocorreu após o início do estudo e
esta mudança não está registrado no Clinical
Trials;
- Um ponto forte foi a
possibilidade do médico assistente incluir qualquer medicação no
tratamento da diabetes tipo 2 para melhorar controle glicêmico (incluindo
inibidores da SGLT-2 e Inibidores da DPP-4), exceto acrescentar agonistas
do GLP-1;
- O fármaco mostrou
não-inferioridade e superioridade, de maneira semelhantes aos estudos LEADER
(liraglutida) e SUSTAIN-6 (semaglutida), e teve resultados melhores que
ELIXA (lixisenatide) e ESXCEL (exenatide), sendo possível essa diferença
devido à heterogeneidade dos estudos, e também à composição diferente das
medicações (lixisenatide e exenatide são derivados da exendin-4);
- O estudo teve a limitação de
um tempo de seguimento curto, além de não avaliar lipídios e excreção
urinária de albumina, e não avaliar em mais detalhes as complicações
microvasculares do DM2;
- O estudo tem a limitação de
ter sido conduzido pela indústria farmacêutica.
Pílula do Clube: A albiglutida, quando adicionada ao tratamento padrão de pacientes com
DM2 e doença cardiovascular estabelecida, reduziu o risco de eventos
cardiovasculares em 22% com segurança aceitável, quando comparado com placebo.
Discutido no Clube de Revista de
17/12/2018.
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