Jesus Alegre-Díaz, William Herrington, Malaquías López-Cervantes, Louisa
Gnatiuc, Raul Ramirez, Michael Hill, Colin Baigent, Mark I. McCarthy, Sarah
Lewington, Rory Collins, Gary Whitlock, Roberto Tapia-Conyer, Richard Peto,
Pablo Kuri-Morales, and Jonathan R. Emberson.
N Engl J Med 2016, 375:1961-1971.
Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com
seguimento de 12 anos. O recrutamento dos pacientes foi realizado na Cidade do México
entre 1998 e 2004, incluindo indivíduos acima de 35 anos residentes em dois
distritos da cidade. Os pacientes incluídos responderam a questionário socioeconômico
e coletaram amostra de sangue. O desfecho avaliado foi mortalidade (busca ativa
em registro nacional seguida de visitas domiciliares para confirmação). Morte
devida ao diabetes era considerada apenas quando ocorria por evento
hiperglicêmico agudo. Na análise estatística utilizou-se o modelo de regressão
de COX para avaliação de diabetes e mortalidade, ajustado para idade ao
diagnóstico, fumo, e características antropométricas, calculando-se a taxa
média de proporções entre pessoas com e sem diabetes. A análise de mortalidade
foi estratificada por idade e por ter ou não diabetes. Pacientes com comorbidades
prévias e maiores de 85 anos foram excluídos do estudo. Participaram do estudo
47.887 homens e 98.159 mulheres. A média de idade entre os pacientes diabéticos
era de 59 anos e entre os não diabéticos era de 50 anos. Cerca de 34% dos
pacientes com diabetes tinham HbA1c acima de 10%; 70% eram tratados com sulfoniluréias e 19% com metformina. Os pacientes com diabetes tiveram
maior mortalidade durante o estudo; sendo que o impacto do DM sobre a
mortalidade parecia diminuir com a idade: 5,4 (IC95% 5,0-6,0) entre 35 e 59
anos, 3,1 (IC95% 2,9-3,3) entre 60 e 74 anos e 1,9 (IC95%, 1,8-2,1) no grupo de
35-44 anos. A prevalência de diabetes foi aumentando progressivamente com a
idade, chegando a 20% aos 60 anos. Na análise de mortalidade por causa
específica, os pacientes diabéticos morreram mais por problemas renais [RR
20,1(IC95% 17,2 -23,4)] e cardíacos [RR 3,7 (IC95% 3,2 -4,2)]. De todas as
mortes registradas 8 % faleceram diretamente devido a crises agudas
relacionadas ao diabetes. Durante o clube foram discutidos os seguintes
aspectos:
·
Este foi um dos
primeiros estudos a ser realizado em um país subdesenvolvido, aproximando-se
muito mais da realidade latina que estudos prévios;
·
A mortalidade dos
pacientes diabéticos neste estudo foi maior, quando comparada com estudos
prévios (realizados em países desenvolvidos). Esta diferença pode estar
relacionada a pior controle do DM e de comorbidades e/ou diferenças
sócio-econômicas;
·
Este estudo
demonstrou alta prevalência de diabetes na população estudada (até 20%) quando
comparado com outros estudos. O estudo demonstra uma realidade mais consistente
com pacientes cronicamente descompensados e portadores de múltiplas
complicações;
·
Uma grande proporção
dos pacientes utilizava glibenclamida e um proporção pequena deles utilizava
metformina, o que não seria esperado em grupo de pacientes com DM2;
·
Os pacientes com
diabetes além de apresentarem um risco maior de morte por qualquer causa, tiveram
maiores taxas de doenças que podem estar associadas a mau controle glicêmico,
como doença renal e cardiovascular.
Pílula do Clube:
Esta coorte retrospectiva em população latina mostra
maior mortalidade dentre pacientes com diabete quando comparada com populações
de países desenvolvidos, especialmente por causas renais e cardíacas.
Discutido no Clube de Revista de 07/12/2016.
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