Kasia
J Lipska, Joseph S Ross, Yinghui Miao, Nilay D Shah, Sei J Lee, Michael A
Steinman
JAMA Intern Med 2015; 175(3):356-362.
O estudo teve o objetivo de avaliar o controle
glicêmico em idosos com diabetes mellitus (DM) de acordo com suas comorbidades
e estimar a prevalência do possível overtreatment
nesta população. Trata-se de análise do estudo de coorte NHANES (National Health and Nutrition Examination
Survey) no período de 2001 a 2010. Os pacientes incluídos deveriam ter mais
de 65 anos, diagnóstico de DM feito por um profissional da saúde e pelo menos
uma medida de HbA1C. Os participantes eram classificados de acordo com seu
estado de saúde em: poor health status (em
hemodiálise ou com dificuldade de realização de ≥2 atividades funcionais
diárias), intermediate health status
(≥3 comorbidades crônicas ou com dificuldade de realização de ≥2 atividades
instrumentais diárias) e relatively
healthy (não preenchiam os critérios das outras categorias). As atividades
funcionais incluíam vestir-se, caminhar e comer sozinho; as atividades
instrumentais eram definidas como a capacidade de manejar o próprio dinheiro,
preparar refeições e cuidar da casa. Os pacientes foram divididos de acordo com
seu controle glicêmico: estrito (HbA1C < 7%), moderado (HbA1C 7-8,9%) e mau
controle ( >9%). Também foi analisado o uso de medicações antidiabéticas nos
30 dias anteriores à data de coleta dos dados. Foram incluídos 1.288 pacientes.
A média de idade dos pacientes era de 73,2 anos, mais que 1/3 da amostra
apresentava pelo menos uma limitação funcional ou instrumental. Dos pacientes
incluídos, 21,2% se incluíam no poor
health status, 28,2% se incluíam em intermediate
health status e 50,2% se incluíam em relatively
healthy.
A maior parte dos idosos (61,7%) tinham HbA1C < 7%; 6% tinham mau
controle, e 32,2% apresentavam um controle moderado. Entre os pacientes com
controle estrito, cerca de 42% tinham medidas de HbA1C abaixo de 6,5%. Não houve diferença entre os pacientes com
estrito, moderado ou mau controle glicêmico quanto às categorias de health status (P=0,43). Entre os
pacientes com HbA1C abaixo de 7%, a maior parte (54,9%) realizava tratamento
com insulina ou sulfoniluréia. Essa proporção também não variou de acordo com o
health status (P=0,14). Durante os 10
anos de seguimento, o grupo com controle glicêmico estrito e classificado como relatively health teve redução na
proporção de usuários de insulina/sulfoniluréias (P=0,05). O mesmo não foi
observado nos grupos com HbA1C > 7%, nos quais o uso destas medicações
permaneceu estável. Durante o clube de revista foram discutidos
os seguintes pontos:
- Apesar da ausência de benefícios e dos riscos comprovados em manter idosos como controle glicêmico estrito, a maior parte dos pacientes apresentava HbA1C abaixo de 7%, mesmo aqueles com comorbidades significativas;
- O uso de insulina/sulfoniluréias foi bastante prevalente entre os pacientes com controle estrito. Aumento do risco de hipoglicemias seria esperado, mas este desfecho não foi avaliado;
- Os dados coletados vão até 2010, antes das modificações dos alvos glicêmicos estabelecidas pela ADA (flexibilizados para idosos e com comorbidades).
Pílula do Clube: A maior parte dos idosos em tratamento para DM,
mesmo que com comorbidades significativas, manteve seu controle glicêmico
estrito. Maior risco de hipoglicemias deve ser esperado, com benefício clínico
questionável neste grupo de pacientes.
Discutido no Clube de Revista de
06/04/2015.
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