Martin
Schlumberger, Makoto Tahara, M.D., Lori J. Wirth, Bruce Robinson, Marcia S.
Brose, Rossella Elisei, Mouhammed Amir Habra, Kate Newbold, Manisha H. Shah,
Ana O. Hoff, Andrew G. Gianoukakis, Naomi Kiyota, Matthew H. Taylor, Sung-Bae
Kim, Monika K. Krzyzanowska, Corina E. Dutcus, Begoña de las Heras, Junming
Zhu, and Steven I. Sherman.
N
Engl J Med 2015; 372:621-630
Trata-se de ensaio
clínico randomizado multicêntrico fase III controlado por placebo com o
objetivo de avaliar se o lenvatinib (um inibidor da tirosina quinase) aumenta a
sobrevida livre de progressão de doença em pacientes com carcinoma diferenciado
de tireoide refratário à iodoterapia. Os critérios de inclusão do estudo eram:
idade maior que 18 anos, confirmação histológica de carcinoma diferenciado de
tireoide, evidência de refratariedade ao iodo e progressão radiológica das
lesões mesmo após iodoterapia, TSH suprimido e performance de 0-2 sem
comorbidades graves. Eram excluídos pacientes com carcinoma anaplásico ou
medular de tireoide, com outras neoplasias nos últimos dois anos, uso de
qualquer medicação antitumoral nos 21 dias anteriores ao estudo, proteinúria ou
disfunção cardiológica e gastrintestinal significativa. O grupo intervenção
recebia 24 mg de lenvantinib/dia/28 dias, sendo possíveis reduções de dose. O
grupo placebo poderia receber o tratamento do grupo intervenção em caso de
progressão da doença (fase open label
do estudo). O desfecho primário era a sobrevida livre de progressão de doença e
os demais desfechos eram: taxa de resposta, sobrevida, benefício clínico e
efeitos adversos. Foram randomizados 392 pacientes (261 – intervenção e 131 –
placebo), o tempo de seguimento foi de 17,4 meses em média e os grupos eram
semelhantes entre si. No grupo lenvatinib, a sobrevida livre de progressão foi
de 18,3 meses contra 3,6 meses no grupo placebo. A taxa de progressão de doença
foi de 83% no placebo e 35,6% nos pacientes que receberam a droga. O lenvatinib
foi superior a placebo também quando os grupos foram estratificados quanto à
idade, sexo, característica da doença, perfil molecular e uso prévio ou não de
inibidor de tirosina-quinase. Os dados de sobrevida global não mostraram
diferença significativa, mas são de difícil avaliação pois 83% dos pacientes do
grupo placebo receberam o lenvatinib na fase open label. Dos pacientes do grupo intervenção, 97,3% apresentaram
algum evento adverso, o que ocorreu em 59% do grupo placebo. Os mais comuns
eram: hipertensão, diarreia, fadiga e náuseas. No grupo levantinib, 14,2% dos
pacientes descontinuaram o tratamento por efeitos adversos e em 67,2% foi
necessária redução da dose. Ocorreram 6 mortes associadas ao tratamento. Durante
o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
- Para pacientes refratários à iodoterapia
e com progressão da doença, o lenvatinib é superior ao placebo quanto ao
tempo livre de progressão de doença;
- Os pacientes tinham doença muito grave,
pois a sobrevida livre de progressão no grupo placebo foi menor que a
estimada;
- Não se pode valorizar dados de sobrevida
global devido ao crossover dos
pacientes do grupo placebo para o grupo intervenção;
- Os efeitos adversos foram um aspecto
importante do tratamento e ocorreram na quase totalidade do grupo
intervenção, alguns inclusive com morte associada.
Pílula
do Clube: O lenvatinib é uma nova opção no tratamento
do câncer diferenciado de tireoide refratário a iodoterapia e que apresenta
progressão da doença. No entanto, o percentual de efeitos adversos graves é o
principal limitante do seu uso. A abordagem terapêutica deve ser, portanto,
individualizada de acordo com o risco-benefício de cada paciente.
Discutido no Clube de Revista de 02/03/2015.
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