sábado, 28 de setembro de 2013

Comentário do Clube de Revista de 27/05/2013 (1)

Metformin Treatment for Four Years to Reduce Total and Visceral Fat in Low Birth Weight Girls with Precocious Pubarche
Lourdes Ibáñez, Abel López-Bermejo, Marta Díaz, Maria Victoria Marcos, Francis de Zegher

J Clin Endocrinol Metab 93: 1841–1845, 2008

Este ensaio clínico randomizado controlado sem placebo foi realizado com o objetivo de avaliar efeitos da metformina na maturação e crescimento puberal e na composição corporal em meninas com baixo peso ao nascer logo após o diagnóstico de pubarca precoce. Foram incluídas meninas com pubarca precoce devido à adrenarca exagerada, peso < 2,9 kg a termo (38-41 semanas) ou < -1 DP para IG se pré-termo (33-37 semanas), IMC < 22 kg/m2 e estágio pré-puberal, com idade média de 7,9 anos. Foram excluídas pacientes com história familiar ou pessoal de diabetes melito, disfunção tireoidiana, intolerância à glicose, hiperplasia adrenal congênita forma tardia, e as em uso de medicações passíveis de interferir com a função gonadal ou o metabolismo dos carboidratos. Foram randomizadas 38 pacientes em 2 grupos: grupo metformina (425mg/dia por 2 anos e, após, 850 mg/dia por 2 anos; n = 19) e grupo sem tratamento (n = 19). Os desfechos principais avaliados foram: medidas antropométricas, composição corporal, status de menarca, glicemia, insulinemia, níveis de testosterona, IGF-1, leptina, adiponectina e perfil lipídico. Após 4 anos, comparativamente com o grupo sem tratamento, o grupo tratado com metformina apresentou cerca de 50% menos ganho de massa gorda (10,3±1,2 vs 4,8±0,7 kg; p≤0,001), menor IMC (Δ Z score 0,1±0,3 vs -0,8±0,2; p≤0,01), menor resistência insulínica (insulinemia 18,3±1,9 vs 13,4±1,3 µU/mL, p para Δ <0,05; HOMA-IR 4,2±0,5 vs 3,2±0,3, p para Δ <0,05), menor níveis de testosterna (70±10 vs 47±4 ng/dL, p para Δ <0,05), menores níveis de IGF-1 (555±22 vs 443±20 ng/mL, p para Δ <0,05) e melhora do perfil lipídico (colesterol HDL 49±2 vs 57±2 mg/dL, triglicerídeos 88±13 vs 76±11 mg/dL, ambos com p para Δ <0,05; colesterol LDL sem diferença estatística). Um menor número de pacientes do grupo metformina apresentou menarca durante o seguimento (18 vs 11, p<0,01). O ganho de massa magra e altura foram similares. Houve ainda maior aumento de gordura visceral, relação gordura visceral/subcutânea e relação leptina/adiponectina no grupo sem tratamento. Entre os meses 42 e 48, a velocidade de crescimento foi menor no grupo sem tratamento (4±0,8 vs 5±0,6cm/ano; p=0,04). Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
  • Não foi descrito cálculo de amostra e poder do estudo, bem como não foram definidos os desfechos primários;
  • Os achados do estudo podem ser atribuídos em parte a efeito placebo, visto que o grupo comparativo ao grupo metformina não recebeu placebo;
  • Não foram descritos os efeitos adversos gastrintestinais comumente associados à metformina;
  • Apesar de buscar incluir pacientes com baixo peso ao nascer, o estudo teve critério de inclusão que abrangia pacientes fora desta classificação.


Pílula do clube: O tratamento com metformina por quatro anos em pacientes com pubarca precoce parece reduzir a gordura total e visceral, melhorar parâmetros de resistência insulínica e atrasar o aparecimento da menarca. 

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