sábado, 28 de setembro de 2013

Comentário do Clube de Revista de 03/06/2013

Effect of Sibutramine on Cardiovascular Outcomes
in Overweight and Obese Subjects

W. Philip T. James, Ian D. Caterson, Walmir Coutinho, Nick Finer, Luc F. Van Gaal, Aldo P. Maggioni, Christian Torp-Pedersen, Arya M. Sharma, Gillian M. Shepherd, Richard A. Rode, and Cheryl L. Renz, for the SCOUT Investigators

NEJM 2008, 363; 905-917.

Neste ECR, duplo-cego, multicêntrico e controlado por placebo, foram avaliados os efeitos cardiovasculares do tratamento com sibutramina associada à dieta hipocalórica e atividade física em pacientes com alto risco cardiovascular. Foram incluídos 10.777 pacientes, idade ≥ 55 anos, IMC ≥ 27 e ≤ 45 ou IMC ≥ 25 e <27 associado a aumento da circunferência abdominal (> 102 cm em homens e > 88 em mulheres). Os participantes deveriam possuir doença cardiovascular (DAC, AVC ou doença arterial periférica) e/ou DM2 com pelo menos um fator de risco cardiovascular (HAS, dislipidemia, tabagismo ativo ou nefropatia diabética). O desfecho primário avaliado foi o tempo para ocorrência de IAM não fatal, AVE não fatal, ressuscitação pós-PCR e morte cardiovascular. Nas primeiras 6 semanas do estudo todos os participantes receberam sibutramina 10 mg por dia associada à dieta hipocalórica e atividade física. O objetivo dessa fase era identificar um aumento precoce de PA e FC e excluir esses pacientes da randomização. Após esse período, 9.805 participantes foram randomizados para permanecer no grupo sibutramina (10 ou 15 mg por dia, conforme o investigador julgasse necessário) ou para receber placebo. O tempo de seguimento médio do estudo foi de 3,4 anos e a análise foi por intenção de tratar. A média de peso perdido nas primeiras 6 semanas do estudo foi de 2,6 kg. Após 1 ano da randomização, o grupo da sibutramina perdeu 1,7 kg adicionais e o grupo placebo ganhou 0,7 kg do peso perdido inicialmente. Durante a maior parte do tempo de seguimento a PA sistólica, PA diastólica e FC foram maiores no grupo sibutramina. O desfecho primário ocorreu em  11,4% do grupo sibutramina e 10% do grupo placebo (HR 1,16; IC95% 1,04 – 1,31 p=0,02). O risco de IAM não fatal foi maior no grupo sibutramina (HR 1,28;  IC 95% 1,04 – 1,57 p=0,02), assim como o risco de AVC não fatal (HR 1,36; IC 95% 1,04 – 1,77 p=0,03). Não houve diferença na mortalidade de causa cardiovascular e nem na mortalidade por todas as causas. Durante o Clube de Revista os seguintes pontos foram discutidos:
  • O aumento da taxa de eventos cardiovasculares, apesar da perda de peso levanta a hipótese de que estudos que avaliam medicamentos para obesidade e que avaliem somente perda de peso como desfecho devem ser vistos com cautela;
  • Os pacientes que apresentaram elevação da PA e da FC (mais propensos a apresentar os principais efeitos adversos da sibutramina) foram excluídos antes da randomização, o que provavelmente minimiza o efeito cardiovascular real nessa população;
  • A restrição do uso de sibutramina foi embasada principalmente nos dados desse estudo, que avaliou apenas pacientes com alto risco de apresentar eventos cardiovasculares.


Pílula do Clube: Pacientes com doenças cardiovasculares pré-existentes ou DM e pelo menos um fator de risco cardiovascular submetidos à terapia com sibutramina têm aumento da taxa de eventos cardiovasculares não fatais, o que torna este tratamento contraindicado nesta população.  


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