sábado, 22 de janeiro de 2022

Cardiovascular and Renal Disease Burden in Type 1 Compared with Type 2 Diabetes: A Two-Country Nationwide Observational Study

 Robin Kristófi, Johan Bodegard, Anna Norhammar, Marcus Thuresson, David Nathanson, Thomas Nyström, Kåre I Birkeland, Jan W Eriksson 

 

 

Diabetes Care 2021, 44(5):1211-1218.

https://care.diabetesjournals.org/content/44/5/1211.long


Diabetes afeta aproximadamente 500 milhões de pessoas e estudos epidemiológicos sugerem que ocorrerá um aumento de até 50% na prevalência até 2045. Dos portadores de diabetes, aproximadamente 90% tem diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e em torno de 5 a 10% tem diabetes mellitus tipo 1 (DM1), sendo que os países escandinavos tem a maior incidência mundial de DM1. Independentemente do tipo de diabetes, há aumento de risco cardiovascular, aterosclerose e doença renal. Em pacientes com DM2, classicamente, atribui-se esse aumento de risco também à obesidade/sobrepeso, dislipidemia e hipertensão arterial, comorbidades comumente associadas. Por outro lado, em pacientes com DM1, acredita-se que o aumento de risco cardiovascular esteja relacionado à duração da doença e à associação com doença renal do diabetes. Estudos prévios comparando a ocorrência de doença cardiovascular (DCV) em pacientes com DM1 e DM2 tiveram resultados conflitantes, alguns demonstrando maior risco cardiovascular em pacientes com DM1, outros com risco semelhante se ajustado para idade e tempo de diabetes.

O objetivo do estudo em questão foi comparar a prevalência e incidência de doença cardiovascular e renal em pacientes com DM1 e DM2 em registros populacionais da Noruega (Diabetes Norwegian Full Population Study - DAPHNE) e Suécia (Diabetes Swedish Full Population Study - DAISY), onde todos os pacientes são cadastrados e é possível obter dados individuais da saúde de toda a população. Dados foram coletados de todos os pacientes com diabetes na Suécia e dos maiores de 18 anos na Noruega, sendo realizado entre 2013 e 2015 (Noruega)/2016 (Suécia).

A população incluiu pacientes com diabetes entre 18-84 anos e definiu portadores de DM1 se houve prescrição de insulina de curta ação no início do tratamento ou dentro de 6 meses do início de insulina basal, além de diagnóstico hospitalar de DM1, enquanto portadores de DM2 todos que receberam drogas que reduzem glicemia, exceto diagnóstico DM1, síndrome dos ovários policísticos ou diabetes gestacional. Avaliação da validade dos critérios para diagnóstico de DM1 foi realizada em comparação com outros estudos como a coorte NDR de 2016 com resultados demonstrando acurácia. Desfechos analisados foram: mortalidade por todas as causas e por DCV, infarto agudo do miocárdio (IAM), acidente vascular cerebral (AVC), DRC e composto de DCV ou renal (IC, IAM, AVC, morte CV ou DRC). Foi empregada regressão de COX para cálculo do hazard ratio (ajustado para idade) e IC 95% para cada desfecho de acordo com tipo de DM.

No total, 543.572 pacientes foram incluídos, sendo 59.331 com DM1 e 484.241 com DM2, seguimento médio de 2,6 anos. No baseline, a análise estratificada por idade demonstrou prevalência de DCV similar, com aumento de ocorrência a partir dos 40 anos. Por outro lado, a ocorrência de DRC foi mais precoce e mais prevalente em todas as idades nos portadores de DM1, com a diferença entre DM1 e DM2 diminuindo com o avançar da idade. Ao longo do seguimento, a ocorrência de DCV, DRC, IC e IAM entre 65-79 anos e AVC entre 40-54 anos foi maior em portadores de DM1. A mortalidade por todas as causas foi similar entre os grupos, porém a mortalidade CV foi maior em DM1 entre 55-64 anos e 70-79 anos. Pontos discutidos no Clube de Revista:

  • Estudo de adequada qualidade técnica com dados confiáveis e coorte grande;

  • Na tabela do baseline alguns poucos pacientes classificados como DM1 utilizavam glibenclamida, porém definição utilizada foi validade e demonstrou ser acurada;

  • O risco CV similar entre DM1 e DM2 sem DCV prévia, além do aumento importante relacionado à idade, demonstra importância de avaliar ambos os pacientes quanto a doenças cardiovasculares;

  • Existe propensão genética à DRC estabelecida, portanto possivelmente a validade externa possa estar comprometida;

  • Há limitação por não disponibilizar dados de HbA1c, perfil lipídico, PA, obesidade, dados socioeconômicos.


Pílula do Clube: o presente estudo demonstrou que a ocorrência de DCV ajustada pela idade, em geral, foi discretamente mais alta em DM1 em relação a pacientes com DM2. A prevalência de DRC foi consistentemente maior em portadores de diabetes tipo 1.


Discutido Clube de Revista em 01/11/2021.

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