domingo, 3 de setembro de 2017

Randomized trial of aromatase inhibitors, growth hormone or combination in pubertal boys with idiopathic short stature

Nelly Mauras, Judith L Ross, Priscila Gagliardi, Y. Miles Yu, Jobayer Hossain, Joseph Permuy, Ligeia Damaso, Debbie Merinbaum, Ravinder J. Singh, Ximena Gaete, Veronica Mericq

J Clin Endocrinol Metab 2016, 101(12):4984-4993.

Trata-se de ensaio clínico randomizado, aberto e com objetivo de avaliar o impacto dos inibidores de aromatase (IA) vs. hormônio do crescimento (GH) vs. tratamento combinado (TC) na estatura final de meninos com baixa estatura idiopática. A amostra foi composta por 76 meninos de 12 a 18 anos, com puberdade iniciada e diagnóstico de baixa estatura idiopática (definida estatura ≤ -2DP, sem causa hormonal, sistêmica ou esquelética + teste de GH > 5 ng/mL e IGF1 e IGFBP3 normais), com potencial para crescer (definido por idade óssea menor que 14 anos e 6 meses) e virgens de tratamento. Foram excluídos aqueles com baixo peso ao nascer. Tais pacientes foram randomizados 1:1:1 para receber tratamento com GH (dose média de 0,12 UI/Kg/dia) ou IA (anastrazol 1mg ou letrozol 2,5 mg) ou TC por 24 meses. Ao final deste período, os pacientes que ainda tinham potencial de crescimento foram convidados a manter o tratamento por mais 12 meses; destes, 19 completaram o tratamento no total de 36 meses. Setenta e um pacientes foram seguidos até a estatura quase-final. Os pacientes apresentavam no baseline estatura média de 144,8 cm (-2,3 DP) e altura alvo de 171,1 cm. Foi conduzida análise por intenção de tratar e por protocolo; não foi descrito de forma clara no artigo se foi realizado o cálculo amostral. O desfecho primário cadastrado no ClinicalTrials.gov foi mudança na estatura predita baseada na idade óssea ao final de 24 meses, porém tal desfecho não aparece descrito no estudo.
A estatura quase-final aos 24 meses, avaliada por intenção de tratar, foi maior no grupo TC, porém sem significância estatística (GH 164,8 cm vs. IA 164,1 cm vs. TC 166,9 cm; P=0,19 entre os grupos). Já em relação ao ganho estatural, o grupo TC também apresentou maior acréscimo de centímetros, com significância estatística (GH 20,6 cm vs. IA 18,2 cm vs. TC 22,5 cm; P<0,01 entre os grupos). Em relação à análise após 36 meses, aqueles que mantiveram o tratamento para o qual foram randomizados cresceram mais do que os que optaram por suspender a intervenção ou apresentavam critério de suspensão. Ao final do estudo 10% do grupo IA atingiu a altura alvo familiar, o que ocorreu em 24% do grupo GH e 32% no grupo TC. Não houve diferença nos parâmetros de saúde óssea avaliados pela densitometria óssea ou pelo Rx.  Já em relação à composição corporal se observou redução do percentual de gordura nos grupos que usaram GH tanto de forma isolada ou combinada com IA. Foram discutidos os seguintes aspectos no clube de revista:
·         O fato de não ter havido um grupo controle e ser composto por N pequeno reduz a robustez do estudo;
·         O trabalho apresenta alguns problemas metodológicos como ausência de clareza quanto ao cálculo amostral e a não descrição do desfecho primário conforme registrado no ClinicalTrials.gov.

Pílula do clube: O uso de GH combinado com IA não é superior ao uso das medicações isoladamente quanto à estatura quase-final alcançada em meninos com baixa estatura idiopática em puberdade, mas com potencial de crescimento.


Discutido no Clube de Revista de 07/08/2017.

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