Nelly Mauras, Judith L Ross, Priscila
Gagliardi, Y. Miles Yu, Jobayer Hossain, Joseph Permuy, Ligeia Damaso, Debbie
Merinbaum, Ravinder J. Singh, Ximena Gaete, Veronica Mericq
J Clin Endocrinol Metab 2016, 101(12):4984-4993.
Trata-se
de ensaio clínico randomizado, aberto e com objetivo de avaliar o impacto dos
inibidores de aromatase (IA) vs.
hormônio do crescimento (GH) vs. tratamento
combinado (TC) na estatura final de meninos com baixa estatura idiopática. A
amostra foi composta por 76 meninos de 12 a 18 anos, com puberdade iniciada e diagnóstico
de baixa estatura idiopática (definida estatura ≤ -2DP, sem causa hormonal,
sistêmica ou esquelética + teste de GH > 5 ng/mL e IGF1 e IGFBP3 normais),
com potencial para crescer (definido por idade óssea menor que 14 anos e 6
meses) e virgens de tratamento. Foram excluídos aqueles com baixo peso ao
nascer. Tais pacientes foram randomizados 1:1:1 para receber tratamento com GH
(dose média de 0,12 UI/Kg/dia) ou IA (anastrazol 1mg ou letrozol 2,5 mg) ou TC
por 24 meses. Ao final deste período, os pacientes que ainda tinham potencial
de crescimento foram convidados a manter o tratamento por mais 12 meses; destes,
19 completaram o tratamento no total de 36 meses. Setenta e um pacientes foram
seguidos até a estatura quase-final. Os pacientes apresentavam no baseline
estatura média de 144,8 cm (-2,3 DP) e altura alvo de 171,1 cm. Foi conduzida análise
por intenção de tratar e por protocolo; não foi descrito de forma clara no
artigo se foi realizado o cálculo amostral. O desfecho primário cadastrado no
ClinicalTrials.gov foi mudança na estatura predita baseada na idade óssea ao
final de 24 meses, porém tal desfecho não aparece descrito no estudo.
A
estatura quase-final aos 24 meses, avaliada por intenção de tratar, foi maior
no grupo TC, porém sem significância estatística (GH 164,8 cm vs. IA 164,1 cm vs. TC 166,9 cm; P=0,19
entre os grupos). Já em relação ao ganho estatural, o grupo TC também
apresentou maior acréscimo de centímetros, com significância estatística (GH
20,6 cm vs. IA 18,2 cm vs. TC 22,5 cm; P<0,01 entre os
grupos). Em relação à análise após 36 meses, aqueles que mantiveram o tratamento
para o qual foram randomizados cresceram mais do que os que optaram por
suspender a intervenção ou apresentavam critério de suspensão. Ao final do
estudo 10% do grupo IA atingiu a altura alvo familiar, o que ocorreu em 24% do
grupo GH e 32% no grupo TC. Não houve diferença nos parâmetros de saúde óssea avaliados
pela densitometria óssea ou pelo Rx. Já
em relação à composição corporal se observou redução do percentual de gordura
nos grupos que usaram GH tanto de forma isolada ou combinada com IA. Foram
discutidos os seguintes aspectos no clube de revista:
·
O fato de não ter havido um grupo controle e
ser composto por N pequeno reduz a robustez do estudo;
·
O trabalho apresenta alguns problemas
metodológicos como ausência de clareza quanto ao cálculo amostral e a não
descrição do desfecho primário conforme registrado no ClinicalTrials.gov.
Pílula do clube: O uso
de GH combinado com IA não é superior ao uso das medicações isoladamente quanto
à estatura quase-final alcançada em meninos com baixa estatura idiopática em
puberdade, mas com potencial de crescimento.
Discutido no Clube de
Revista de 07/08/2017.
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