domingo, 3 de setembro de 2017

Population-Based Assessment of Complications Following Surgery for Thyroid Cancer

Papaleontiou M, Hughes DT, Guo C, Banerjee M, Haymart MR

J  Clin Endocrinol Metab 2017, 102(7): 2543–2551

Trata-se de estudo retrospectivo para avaliar as taxas de complicações pós-tireoidectomia por câncer de tireoide e identificar população em risco. Com a incidência crescente de câncer de tireóide, mais pacientes são submetidos à tireoidectomia, entretanto estudos de base populacional avaliando as complicações deste procedimento são poucos. Foi realizada revisão do banco de dados SEER-Medicare (Surveillance, Epidemiology, and End Results–Medicare), avaliando complicações gerais no primeiro mês pós-operatório (febre, locais, cardiopulmonares e vasculares) e complicações específicas da cirurgia da tireoide (hipocalcemia/hiparatireoidismo e paralisia de cordas vocais) entre 30 dias e 1 ano após a cirurgia. O critério de inclusão foi tireoidectomia por câncer de tireoide no período entre 1998 e 2011, totalizando 27.912 pacientes. Após avaliação inicial foram excluídos pacientes que não tinham todos os dados necessários e aqueles com complicações específicas somente no primeiro mês pós-operatório (n=12).
Dos 22.855 pacientes avaliados, 1.820 (6,5%) apresentaram complicações gerais e 3.427 (12,3%) desenvolveram complicações específicas. Pacientes com metástases à distância apresentaram 22,9% de complicações específicas. Na análise multivariada, complicações gerais e específicas foram maiores em pacientes acima de 65 anos (OR 2,61 IC95% 2,31- 2,95; OR 3,12 IC95% 2,85 – 3,42), naqueles com escore de Charlson/Deyo maior ou igual a 1 (OR 2,40 IC95% 1,66 – 3,49; OR 1,88 IC95% 1,53 – 2,31), e naqueles com doença regional (OR 1,18 IC95% 1,03 – 1,35; OR 1,31 IC95% 1,19 – 1,45) ou à distância (OR 2,83 IC95% 2,30 – 3,47; OR 1,85 IC95% 1,54 – 2,21). Pacientes submetidos à tireoidectomia total tiveram maior prevalência de complicações específicas quando comparados a pacientes que fizeram lobectomia (OR 1,59 IC95% 1,41-1,8). Aqueles que fizeram esvaziamento cervical também apresentaram mais complicações (OR 1,43 IC95% 1,31-1,57). A discrepância entre estes dado e o previamente relatado na literatura provavelmente se deve a que relatos prévios selecionaram centros de referência com cirurgiões experientes. Há um aumento significativo das complicações específicas de acordo com a extensão cirúrgica (tireoidectomia total vs. lobectomia e esvaziamento de linfonodos cervicais vs. não esvaziamento), reforçando a importância de cirurgias menos invasivas, especialmente em pacientes de baixo risco. Durante o clube de revista foram discutidos os seguintes aspectos:
·                    O estudo reforça a impressão clínica de que as complicações pós-tireoidectomia são mais frequentes do que o relatado previamente;
·                    Tendo em vista que as complicações específicas são maiores quanto maior a extensão cirúrgica e considerando que as diretrizes atuais recomendam lobectomia para pacientes de baixo risco, é importante decisão conjunta da equipe (clínica e cirúrgica) com o paciente, a fim de evitar extensão cirúrgica desnecessária e com maior risco de complicações;
·                    O tratamento de pacientes com alto risco de complicações (idosos, com comorbidades e com doença regional ou à distância) deve ser individualizado, considerando encaminhamento para centros de referência com cirurgiões experientes, o que deve levar a menor morbidade para o paciente.

Pílula do clube: As complicações de tireoidectomia são maiores do que relatado previamente e diretamente relacionadas com a extensão cirúrgica, reforçando a necessidade de individualização e opção por lobectomia, quando indicado.


Discutido no Clube de Revista de 31/07/2017.

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