Rosuvastatin
and Cardiovascular Events in Patients Undergoing Hemodialysis
Bengt C. Fellstrom, Alan G. Jardine, Roland
E. Schmieder, Hallvard Holdaas, Kym Bannister, Jaap Beutler, Dong-Wan Chae,
Alejandro Chevaile, Stuart M. Cobbe, Carola Gronhagen-Riska, Jose J. De Lima,
Robert Lins, Gert Mayer, Alan W. McMahon, Hans-Henrik Parving, Giuseppe
Remuzzi, Ola Samuelsson, Sandor Sonkodi, Gultekin Suleymanlar, Dimitrios
Tsakiris, Vladimir Tesar, Vasil Todorov, Andrzej Wiecek, Rudolf P. Wuthrich,
Mattis Gottlow, Eva Johnsson,
and Faiez Zannad, for the
AURORA Study Group*
NEJM 2009, 360:1395-1407
Este ensaio clínico randomizado, duplo-cego e multicêntrico
teve como objetivo avaliar efeito da rosuvastatina sobre desfechos cardiovasculares
em pacientes submetidos à hemodiálise. Para tanto, 2.776 pacientes de 50 a 80 anos com doença renal
terminal em hemodiálise ou hemofiltração regular há mais de 3 meses foram
randomizados de janeiro de 2003
a março de 2009 para receber rosuvastatina 10 mg/dia ou
placebo. Os pacientes eram excluídos do estudo em caso de transplante
programado dentro de um ano ou em caso de uso de estatinas nos 6 meses
anteriores à randomização. Paciente com doença hematológica, neoplásica,
gastrointestinal, infecciosa ou metabólica (excluindo DM) que limitasse
sobrevida para menos de um ano, malignidade, doença hepática ativa,
hipotireoidismo não controlado ou CK elevada de forma inexplicada também eram
excluídos. O desfecho primário do estudo foi IAM não fatal, AVC não fatal ou
morte por causa cardiovascular. O desfecho secundário foi mortalidade por todas
as causas, necessidade de procedimentos para correção de estenose ou trombose de
acesso vascular para diálise e revascularização coronariana ou vascular periférica.
O tempo de seguimento médio foi de 3,8 anos; os pacientes eram em sua maioria homens,
brancos, com idade média de 64 anos e LDL médio de 100 mg/dl. Estavam há 3,5
anos em diálise; em 20% dos casos, o diabetes melito foi a causa da doença
renal terminal. Apesar da redução de 43% dos níveis de LDL após 3 meses de intervenção
no grupo rosuvastatina (diferença essa que persistiu até o final do estudo),
não houve diferença no desfecho primário composto entre os grupos (HR 0,96
IC95% 0,84-1,11 P=0,59) e nem em seus componentes individualmente. Do mesmo
modo, não houve diferença entre os grupos quanto aos desfechos secundários (HR
0,96 IC 95% 0,86-1,07 P=0,51) e nem na análise de subgrupos quanto ao desfecho
primário. A taxa de eventos adversos foi semelhante entre os grupos (rosuvastatina
96,7% e placebo 96,7% p=0.56), havendo, no entanto, maior taxa de AVC
hemorrárico em pacientes com diabetes no grupo da rosuvastatina (12 vs 2 casos
p =0,03). Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
- Os pacientes com indicação definitiva do uso de estatina (prevenção secundária) eram excluídos do estudo (ex. IAM prévio), causando um possível viés de seleção no estudo, principalmente em relação ao risco cardiovascular dos pacientes selecionados;
- Os pacientes recrutados possuíam LDL basal não elevado no início do tratamento;
- Os resultados deste ECR estão de acordo com estudos prévios que demonstraram a ineficácia das estatinas em reduzir desfechos cardiovasculares em pacientes em terapia de substituição renal.
Pílula do Clube: Apesar da redução dos níveis de LDL, o uso de rosuvastatina em pacientes submeditos cronicamente a terapia de diálise, não reduz eventos cardiovasculares.
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