domingo, 24 de novembro de 2013

Comentário do Clube de Revista de 02/09/2013

Rosuvastatin and Cardiovascular Events in Patients Undergoing Hemodialysis

Bengt C. Fellstrom, Alan G. Jardine, Roland E. Schmieder, Hallvard Holdaas, Kym Bannister, Jaap Beutler, Dong-Wan Chae, Alejandro Chevaile, Stuart M. Cobbe, Carola Gronhagen-Riska, Jose J. De Lima, Robert Lins, Gert Mayer, Alan W. McMahon, Hans-Henrik Parving, Giuseppe Remuzzi, Ola Samuelsson, Sandor Sonkodi, Gultekin Suleymanlar, Dimitrios Tsakiris, Vladimir Tesar, Vasil Todorov, Andrzej Wiecek, Rudolf P. Wuthrich, Mattis Gottlow, Eva Johnsson,
and Faiez Zannad, for the AURORA Study Group*

NEJM 2009, 360:1395-1407

Este ensaio clínico randomizado, duplo-cego e multicêntrico teve como objetivo avaliar efeito da rosuvastatina sobre desfechos cardiovasculares em pacientes submetidos à hemodiálise. Para tanto, 2.776 pacientes de 50 a 80 anos com doença renal terminal em hemodiálise ou hemofiltração regular há mais de 3 meses foram randomizados de janeiro de 2003 a março de 2009 para receber rosuvastatina 10 mg/dia ou placebo. Os pacientes eram excluídos do estudo em caso de transplante programado dentro de um ano ou em caso de uso de estatinas nos 6 meses anteriores à randomização. Paciente com doença hematológica, neoplásica, gastrointestinal, infecciosa ou metabólica (excluindo DM) que limitasse sobrevida para menos de um ano, malignidade, doença hepática ativa, hipotireoidismo não controlado ou CK elevada de forma inexplicada também eram excluídos. O desfecho primário do estudo foi IAM não fatal, AVC não fatal ou morte por causa cardiovascular. O desfecho secundário foi mortalidade por todas as causas, necessidade de procedimentos para correção de estenose ou trombose de acesso vascular para diálise e revascularização coronariana ou vascular periférica. O tempo de seguimento médio foi de 3,8 anos; os pacientes eram em sua maioria homens, brancos, com idade média de 64 anos e LDL médio de 100 mg/dl. Estavam há 3,5 anos em diálise; em 20% dos casos, o diabetes melito foi a causa da doença renal terminal. Apesar da redução de 43% dos níveis de LDL após 3 meses de intervenção no grupo rosuvastatina (diferença essa que persistiu até o final do estudo), não houve diferença no desfecho primário composto entre os grupos (HR 0,96 IC95% 0,84-1,11 P=0,59) e nem em seus componentes individualmente. Do mesmo modo, não houve diferença entre os grupos quanto aos desfechos secundários (HR 0,96 IC 95% 0,86-1,07 P=0,51) e nem na análise de subgrupos quanto ao desfecho primário. A taxa de eventos adversos foi semelhante entre os grupos (rosuvastatina 96,7% e placebo 96,7% p=0.56), havendo, no entanto, maior taxa de AVC hemorrárico em pacientes com diabetes no grupo da rosuvastatina (12 vs 2 casos p =0,03). Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
  • Os pacientes com indicação definitiva do uso de estatina (prevenção secundária) eram excluídos do estudo (ex. IAM prévio), causando um possível viés de seleção no estudo, principalmente em relação ao risco cardiovascular dos pacientes selecionados;
  • Os pacientes recrutados possuíam LDL basal não elevado no início do tratamento;
  • Os resultados deste ECR estão de acordo com estudos prévios que demonstraram a ineficácia das estatinas em reduzir desfechos cardiovasculares em pacientes em terapia de substituição renal.

Pílula do Clube: Apesar da redução dos níveis de LDL, o uso de rosuvastatina em pacientes submeditos cronicamente a terapia de diálise, não reduz eventos cardiovasculares.

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