sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Comentário do Clube de Revista de 16/07/2012


2-year efficacy and safety of linagliptin compared with glimepiride in patients with type 2 diabetes inadequately controlled on metformin: a randomised, double-blind, non-inferiority trial
Baptist Gallwitz, Julio Rosenstock, Thomas Rauch, Sudipta Bhattacharya, Sanjay Patel, Maximilian von Eynatten, Klaus A Dugi, Hans-Juergen Woerle

Lancet 2012, June 28 (online first).

            Neste ECR de não inferioridade, duplo cego, double-dummy, foi comparado o uso de linagliptina (um inibido da DPP-4) com a glimepirida em pacientes com DM tipo 2 com controle glicêmico inadequado em uso de metformina. Para isso foram randomizados 777 pacientes para linagliptina (5 mg por dia) e 775 para glimepirida (iniciando em 1 mg por dia, podendo ser aumentada até 4 mg por dia), acompanhados por 2 anos em diferentes centros do mundo. Todos os pacientes apresentavam HbA1c de 6,5-10% (se em uso somente de metformina) ou 6,0-9,0% (se em uso de hipoglicemiantes) e passavam por uma fase de run-in de 2 semanas e, se em uso de outro medicamento além da metformina, uma fase de washout de 6 semanas. O desfecho primário escolhido pelos autores foi mudança na Hba1c do início do estudo até a semana 104, sendo que o limite para considerar a linagliptina não inferior foi uma diferença absoluta de até 0,35% entre os dois tratamentos. Como resultado principal, a diferença na Hba1c foi de -0,16% com linagliptina e -0,36% com glimepirida (diferença entre os grupos de 0,20% com IC 97,5% 0,09-0,30). Os pacientes em uso de linagliptina apresentaram uma taxa menor de hipoglicemias e menor ganho de peso quando comparados com os pacientes em uso de glimepirida. Durante o Clube de Revista, os seguintes pontos foram discutidos:
·         Durante o estudo houve perdas de seguimento (apenas 76% e 78% dos pacientes radomizados para linagliptina e glimepirida completaram o seguimento, respectivamente), o que pode ter enviesado os resultados;
·         A perda é maior na avaliação dos desfechos per protocol, o que é recomendado por alguns em ECRs de não inferioridade. Somente 447 (58%) e 458 (59%) pacientes randomizados para linagliptina e glimepirida, respectivamente, mantêm-se incluídos na análise;
·         Todo o estudo foi conduzido com verba e influência direta da indústria farmacêutica produtora da linagliptida, sendo inclusive 6 dos 8 autores do artigo empregados da mesma;
·         O estudo não tem poder para avaliar desfechos duros (eventos cardiovasculares);

Pílula do Clube: Em pacientes com controle glicêmico inadequado com metformina, a adição de glimepirida ou linagliptina parece apresentar efeitos semelhantes em relação à queda da HbA1c com menos efeitos adversos da linagliptina. Pelas falhas metodológicas, especialmente o grande número de pacientes perdidos ao longo do estudo e a falta de avaliação de desfechos duros, a linagliptina ainda não pode ser incorporada no cuidado dos pacientes com DM.   

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